terça-feira, 31 de março de 2009

Capítulo 1 - INTRODUÇÃO AO CALVINISMO

Laurence M. Vance - O Outro Lado do Calvinismo
Capítulo 1
INTRODUÇÃO AO CALVINISMO
As doutrinas conhecidas como Calvinismo devem seu nome ao reformador francês João Calvino (1509-1564), embora chamadas por outros nomes antes que ele a expôs. De um modo geral, e como reconhecido pelos próprios calvinistas, há dois modos em que o termo Calvinismo tem sido usado: em um sentido teológico e um sentido não-teológico. O termo em si começou a ser usado em um sentido quase-teológico durante a existência de Calvino – como ele mesmo admitiu.[1] Em seu sentido teológico presente e histórico, o Calvinismo é obviamente associado com a doutrina da predestinação. Como Boettner diz: “Nas mentes da maioria das pessoas a doutrina da Predestinação e o Calvinismo são praticamente termos sinônimos.”[2] Outros usos do termo, que incluem designações históricas, denominacionais, filosóficas, e políticas, serão exploradas mais para frente.[3] A menos que de outra forma declarado, qualquer referência ao Calvinismo será tomada em seu estrito sentido teológico. Mas, apesar do fato de que o termo Calvinismo estar sendo usado por centenas de anos, alguns calvinistas preferem prescindir dele. O teólogo Robert Dabney (1820-1898) afirmou que “os presbiterianos se importam muito pouco com o nome Calvinismo.”[4] Mais recentemente, David Engelsma insiste que “o termo, ‘Calvinismo,’ não é o nome pelo qual nós, calvinistas, preferimos ter nossa fé chamada; nem preferimos ser chamados ‘calvinistas.’”[5] Há várias razões porque alguns calvinistas se envergonham do termo. O primeiro, e mais óbvio, é porque ele “deixa a impressão de que estamos seguindo um homem.”[6] Segundo, como W. J. Seaton sustenta: “Dificilmente existe outra palavra que suscita tanta suspeita, desconfiança, e até animosidade entre cristãos professos do que a palavra Calvinismo.”[7] E finalmente, Boettner nos informa que “talvez nenhum outro sistema de pensamento tem sido tão rude e gravemente e às vezes deliberadamente deturpado do que o Calvinismo.”[8] Todavia, por causa do termo Calvinismo ser tão vastamente aceito, e porque os próprios calvinistas reconhecem que Calvinismo e calvinistas são “termos úteis,”[9] a designação será usada por toda esta obra. Quando um calvinista ambiciona desviar a atenção do nome de Calvino, ele normalmente usa a frase “Doutrinas da Graça” para descrever seu sistema.[10] Mas se o Calvinismo é a doutrina da graça encontrada na Bíblia, então isto implica que, se você discorda do Calvinismo, então você está negando a salvação pela graça. Esta implicação teológica pode ser encontrada nos escritos de todos os que aderem ao sistema calvinista. E isto é apenas o começo do outro lado do Calvinismo.

[1] Alister E. McGrath, The Intellectual Origins of the European Reformation (Grand Rapids: Baker, 1987), p. 6.
[2] Boettner, Predestination, p. 7.
[3] Benjamin B. Warfield, Calvin and Augustine, ed. Samuel G. Craig (Philadelphia: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1956), p. 287; Abraham Kuyper, Lectures on Calvinism (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1931), pp. 13-15.
[4] Robert L. Dabney, The Five Points of Calvinism (Harrisonburg: Sprinkle Publications, 1992), p. 6.
[5] Engelsma, Defense of Calvinism, p. 3.
[6] Ibid., p. 3.
[7] Seaton, p. 5.
[8] Boettner, Predestination, p. 340.
[9] Engelsma, Defense of Calvinism, p. 3.
[10] Seaton, p. 22; Engelsma, Defense of Calvinism, p. 3; D. James Kennedy, citado em Talbot e Crampton, p. iv; Thomas R. Schreiner e Bruce A. Ware, Introdução a Thomas R. Schreiner e Bruce A. Ware, eds., The Grace of God, the Bondage of the Will (Grand Rapids: Baker Books, 1995), p. 14.

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