sábado, 27 de fevereiro de 2010

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Congressos, Marco Feliciano e outras coisas


Nesse feriado de carnaval, recebi uma carona para visitar meu pai que mora em Palmas TO. Chegando lá, fui convidado para ir a dois congressos das assembléias de Deus. Em um deles, um dos pregadores era o pastor Marco Feliciano, o qual iria pregar na ultima noite do COMADEC. Como nunca tinha o visto pessoalmente fomos lá para vê-lo, isso mesmo, para vê-lo.




Estive presente no segundo dia do congresso, e o numero de pessoas foi razoável. O pregador, aliás, não teve pregador, e sim um animador de platéia; não teve pregação, e sim... Não sei nem como chamar aquilo. O pastor parecia um louco histérico com gritos roucos dizendo que Jesus vai voltar (novidade).



Naquela noite eu já entrei naquele lugar triste, pois, parecia mais uma feira que um culto. Tinha alguns jovens distribuindo vários marca-páginas com fotos de políticos desejando boas vindas, e percebi que não eram só jovens, mas crianças também estavam distribuindo aquelas vaidades. Campanha política dentro dos nossos cultos, isso é um absurdo. Aquelas pessoas estavam fazendo tudo, menos cultuando o Cristo (não quero generalizar, pois, sempre contém inocentes nesses ambientes). Creio que se Jesus estivesse ali, ia derrubar aquelas bancas de CDs e DVDs daqueles homens avarentos que nada pensam no reino, mas sim, em, de quanto podem faturar em cada evento; creio que Jesus arrasaria barracas de livros que sustentam esse império corrupto de prosperidade. Sem contar que Jesus foi mais longe em João 2, quando chicoteou aqueles cambistas com um azorrague.



No ultimo dia do congresso o Markito estava lá. O ginásio estava lotado apesar da chuva. Todo mundo querendo ver o Feliciano.



É, querendo ou não, infelizmente o Marco Feliciano arrasta multidões por onde ele anda. Os evangélicos "indeusaram" o camarada. Ele é o pregador POP dos evangélicos. E é assim como as pessoas o apresentam, e como ele se apresenta; "em quantos países ele pregou, quantos DVDs gravou, programa de TV para se apresentar etc.". Com isso vemos que, o que ele queria ele conseguiu: ficar famoso. E é inevitável de como isso cria uma certa expectativa na gente.



Logo que o Markito pegou no microfone, começou a pregar sobre prosperidade. Aquela mesma ladainha de sempre; de que o crente tem que ter vida boa, mansão, carro e comer o melhor dessa terra (fácil pra ele falar isso). Prometeu até que, se você tiver fé poderá nascer uma fonte de petróleo em seu quintal (hum, tentador). Mas a fé só se concretizava se você desse tudo que tinha na carteira. Ei, mas quem não tinha dinheiro? Sem problemas, o Feliciano já tinha em mãos a maquina de cartão de créditos. Mais quem não tinha nenhum dos dois? Há, se vira, dá o relógio, a aliança, o cordão o paletó etc..



Fico muito triste quando vejo essas cenas; pessoas que se deixam levar pelo emocionalismo. E com isso, o Feliciano vai sendo sustentado, e seu império vai crescendo cada vez mais.



Na pregação, o pastor Marco repetiu as mesmas coisas contidas em pregações mais antigas; falando que leu a Bíblia toda pela primeira vez com 9 anos (algo que eu duvido muito hoje), comentou sobre a morte do seu filho (de novo), falando que era pobrezinho e agora é "ricão", etc.. E o engraçado é que toda vez que ele conta sobre sua vida, ele aumenta alguma coisa. É triste, mas hoje percebo que muitos pregadores usam o púlpito para mentir. Mas como pode um pregador mentir em nome de Deus? Ora, hoje eu não me escandalizo mais com isso, o Marco mentiu em relação ao seu encontro com Caio Fabio, e isso aconteceu em cima de um púlpito. Não acredito mais em pregadores que contam testemunhos absurdos para arrancar dinheiro do povo. E isso não por que não tenho fé, pois fé, não tem nada a ver com isso.



Admito, já tive Marco Feliciano como um ícone, já fui influenciado pelos seus ensinamentos, já tive vontade de ler "Bom dia Espírito Santo", já pulei na Igreja dizendo que era ação do Espírito, Já ensinei "Teologia da Prosperidade", já ofertei pra receber cem vezes mais, etc.. Hoje, não faço mais isso, mudei minha trajetória. Meus pés caminham para outra direção, estou em busca de "outra espiritualidade", outro Deus nasceu pra mim.



Hoje faço a mesma declaração de Nietzsche: deus morreu, e vocês, teólogos da prosperidade, o mataram. Sirvo outro Deus agora, diferente do deus das igrejas neopentecostais, que vive incumbido de castigar, ou de não proteger, aqueles que não dizimam e ofertam.



Hoje batalho contra esse sistema teológico satânico, que mais fere a Igreja do que cura. Milito não só aqui na blogosfera, mas na escola bíblica dominical, nos meus ensinamentos, nas minhas pregações, etc.. Sei que às vezes exagero, e isso, é algo que tento me controlar.



Admito que o Feliciano terminou bem sua pregação naquela noite; falando sobre crises existenciais e marcas deixadas em nós por causa de imprudência de irmãos. Mas isso não é o suficiente para cobrir tamanhas fendas deixadas pelas suas pregações e ensinos. Esse vídeo logo abaixo é um exemplo:


http://www.youtube.com/watch?v=0AiwafSyNk8


Como pode um pastor que diz ter lido a Bíblia 16 vezes falar que somos prosperidade de Deus aqui na terra? Se somos prosperidade de Deus aqui, qual a razão de dizimar e ofertar para ser próspero? Qual Bíblia você lê Markito?




Você está querendo dizer que, como Jesus exigiu um jumentinho zero km, eu também devo exigir um jumentinho? Ou agora devo exigir uma Ferrari zero Km?



Da onde é que você tirou que Deus apostou as fichas dele em alguém?



"Não importa o que o diabo levou, Deus dará em dobro?" Como será "o dobro" para àquele(a) de quem o diabo levou o esposo(a)? (se é que foi o diabo...) Deus vai dar esposo em dobro também? (risos!)



Ainda bem que você disse: "Acredite nas coisas que a Bíblia diz". Mas, espera ai! Se eu acreditar na Bíblia vou ter que duvidar daquilo que você ensina. Há, você vai ter que escolher Marco, ou você ou a Bíblia.





©2010 Lindiberg de Oliveira

 
 
Vi no blog http://ferazaoegraca.blogspot.com/
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Deus está no controle?


Encontrei essa carta destinada ao pastor Ricardo Gondim no site do mesmo, e resolvi publicá-la aqui no Fé, Razão e Graça. Espero que gostem.




Prezado Ricardo, boa noite,



Em primeiro lugar, gostaria de ressaltar o fato de que fui ateísta durante 30 anos, e faz apenas e tão somente dois anos e pouco que me tornei cristã, por isso minhas opiniões não são nada ortodoxas. Posso dizer ao senhor que em momento algum, nesses dois anos de vida cristã, percebi que houvesse qualquer relação entre a descrição do Deus dos exércitos, feita pelos hebreus no antigo testamento, e o Deus de Jesus. Nunca me entrou na cabeça, como os cristãos podem considerar que o mesmo Deus de Jesus, patrocinou tantas atrocidades no antigo testamento, sem ver problema algum nisso, sem ver contradição alguma. É ponto pacífico para mim, que muitas coisas que os hebreus fizeram supostamente em nome ou com a ajuda de Deus, nada tiveram a ver com Deus. E boa parte dos relatos sequer aconteceu, e se aconteceu, não foi da forma como está descrito na bíblia. Não tem como juntar o Deus de amor do novo testamento, com o Deus dos exércitos do antigo. Eu não perco meu tempo com esse tipo de malabarismo em defesa do deus tribal dos hebreus. Simplesmente descarto o que é humano demais na bíblia para ter vindo de Deus, e pronto. Sem medo.



Com relação ao assunto: Deus está no controle?



Eu, como cientista, tenho o dever de não buscar explicações sobrenaturais para substituir as explicações naturais que já existem, para fenômenos como terremotos, tsunamis, furacões, ou a evolução biológica. Jamais acreditei em Gênesis literal, por exemplo. Esses fenômenos fazem parte das condições naturais do nosso planeta, o qual possui sistemas todos interligado, e cujo equilíbrio é bastante delicado. Terremotos são naturais, num planeta constituído de uma massa incandescente de rocha, coberta por uma fina camada de rocha solidificada, e ainda por cima dividida em placas que se movem e se atritam entre si (Aliás, o conhecimento que possuo sobre o funcionamento das coisas na natureza, me impede de seguir a linha do design inteligente - as coisas na natureza não são perfeitamente desenhadas). O tsunami, nada mais é do que uma onda gigante, provocada por um terremoto subaquático. Não depende de Deus nem iniciar o processo, nem pará-lo. É apenas algo que naturalmente ocorre ao nosso planeta. A morte é parte da vida, nós mesmos nos alimentamos da morte de outros seres vivos, plantas e animais.



As tragédias também afetam animais e vegetais, eles estão ainda mais expostos a elas do que nós, e muitas vezes nós que somos culpados por elas, eles não. Deus não tem propósito algum com a tragédia, o que pode acontecer, é que durante uma tragédia como essa, pessoas podem ter a oportunidade de se mobilizar e expressar o amor de Deus por quem sofre. E isso não depende de religião. Deus usa quem se disponibiliza a ajudar, quem dá a cara à tapa, quem está lá, presente, solidário, arriscando a própria vida às vezes. Nunca reparou que é mais comum ver pessoas fazendo mal a outras "em nome de Deus"? Nem sempre quem faz o bem, diz que está fazendo isso em nome de Deus; está, mas muitas vezes não tem consciência disso. E os religiosos em geral, muitas vezes usam a oportunidade para vender a igreja a quem está sofrendo. Ajudam, para depois exigir que a pessoa faça parte da igreja, distribuem folhetos para deixar claro que foi tal igreja que ajudou. O vento sopra onde quer, e Deus usa quem quiser, quem estiver disponível.

Quando ocorreram aquelas enchentes terríveis em Santa Catarina, a Ana Paula Valadão soltou uma bobagem sem tamanho em seu blog, dizendo que era castigo de Deus pela depravação da Oktoberfest. E o pior é que houve muitas cabeças, sem cérebro, que concordaram. Catástrofes naturais são apenas isso: catástrofes naturais. Fazem parte do funcionamento do planeta. Sempre aconteceram e sempre vão acontecer, acontecem no Ocidente, no Oriente, independente da religião, independente da crença. Atribuir a Deus qualquer participação ou controle sobre isso, é um erro, no meu ponto de vista. Por exemplo: se somos nós que jogamos lixo nos rios e impermeabilizamos as cidades com concreto e asfalto, Deus tem responsabilidade pela enchente, ou obrigação de fazer a água desaparecer do nada? Ou temos que arcar com as conseqüências do nosso desrespeito ao meio ambiente e ficar debaixo d'água?



Muitas pessoas me criticam pelo meu ceticismo, porque não creio que os milagres descritos no antigo testamento tenham realmente acontecido. Não vejo Deus dando esse tipo de espetáculo milagroso agora, então porque acreditaria que antes Ele os executava a torto e direito? A seca no nordeste? Será que o povo do nordeste não pede chuva pra Deus? Claro que pede. Só que Deus não pode restaurar o clima que nós detonamos. Seria fácil demais, nós fazemos todo tipo de cagada, detonamos com o planeta inteiro, e aí pedimos a Deus que resolva milagrosamente, que restaure o planeta, ou culpamos Deus por não ter evitado a tragédia.



Costumo dizer para as pessoas, que orar pela interrupção do aquecimento global não vai resolver coisa nenhuma. O que vai resolver é agir, tomar atitudes. Colocar mãos a obra e se comprometer de verdade em consumir menos, poluir menos, ter uma vida mais simples, respeitar o planeta que também é com um organismo vivo. Orar vai ajudar a mudar mais a sua mente do que empurrar Deus a fazer alguma coisa. Porque é a nossa mentalidade que precisa ser mudada, não a de Deus.



Acredito também que Deus está em cada pessoa, e que é real essa conexão invisível entre todos os seres humanos. A mente humana ainda possui muitos mistérios a desvendar. Também gosto de dizer que nós somos o corpo de Deus aqui na Terra, somos os braços dEle que estendem a mão a quem está caído, os pés dEle que caminham até quem está precisando de ajuda, o colo que vai consolar alguém que precisa chorar... então cabem a nós as ações que muitas vezes achamos que devem vir dEle, q esperamos que caiam do céu. Alimentar os famintos, dar de beber a quem tem sede, teto a quem não tem onde morar, roupa para quem não tem o que vestir, consolo a quem sofre, compartilhar a vida, a morte.



Colocar um exército para orar pelos famintos, não vai adiantar nada, vai apenas aliviar a consciência de quem acha que está fazendo alguma coisa, sentado no banco da igreja repetindo orações. Seria melhor fazer cada um dos membros desse exército de crentes, além de orar, doar um prato de comida, uma cesta básica. Acredito que o evangelho exige também ação, e que a oração não é para convencer Deus a se mexer, e sim, para mudar a nós mesmos, e nos empurrar a fazer o que é necessário. Orar pelo fim da corrupção no Brasil não vai adiantar, se não fazemos nada contra isso na prática, e se até os crentes que se envolvem com política, são também corruptos, em vez de darem exemplo de integridade. Ungir cidades com óleo e fazer atos proféticos para "entregar cidades a Jesus", não vai adiantar nada, porque seguir Jesus é uma escolha pessoal.



Deus não passa por cima da vontade de ninguém desse jeito. Acredito que se Deus nos ama, somos livres para fazer nossas escolhas, porque não existe amor, sem liberdade. Não posso ser coagida a amar Deus. Mas também ficamos sujeitos às conseqüências das escolhas que fizermos. Não tenho direito de pedir que Ele me cure de um câncer de pulmão, se eu sabia que fumando, corria o risco de ter um câncer. Sim, tem muitas pessoas que nunca fizeram nada para procurar doenças, e morrem de câncer, mas aí é contingência da vida, nosso DNA pode ter falhas que provocam o aparecimento de câncer, nossa comida tem produtos químicos cancerígenos que muitas vezes nem sabemos, o ar que respiramos está cheio de poluentes também cancerígenos.

Deus não tem obrigação de trabalhar em cima de tantas variáveis para evitar que um crente tenha câncer.. Ele não faz isso... pode ajudar a pessoa a lidar com a doença, e se recuperar mais rapidamente, ou simplesmente aceitar a inevitabilidade da morte com mais tranqüilidade, e isso tem comprovação científica. Nosso sistema imunológico é muito influenciado pela nossa atitude mental, e a fé ajuda nesses casos a estimular o sistema imune. Mas nunca, jamais diria a alguém para deixar de se tratar devidamente com médicos e ficar só orando pela cura, como muitos pastores criminosos fazem.



Tempos atrás vi uma campanha para reunir um determinado número de pessoas (era um número gigantesco de pessoas envolvidas) para fazer cópias manuscritas da bíblia, para serem guardadas em museus. Pensei comigo: já pensou se os crentes se mobilizassem dessa forma, para ajudar pessoas necessitadas, em vez de se unir em propósitos inúteis como esse? Um milagre aconteceria. Já pensou se todos esses que se dizem seguidores de Jesus, fizessem o que ele ensinou (amar os inimigos, dar a outra face, cuidar dos órfãos e das viúvas etc.), o tamanho do milagre que aconteceria? Mas ficamos pedindo e esperando intervenção sobrenatural, queremos que Deus faça o que Ele ordenou que NÓS fizéssemos. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Claro que Ele não faz nossa parte. O amor de Deus é vivo, está em nós e precisa ser movimentado por nós. Se não fazemos nem o que poderíamos estar fazendo, podemos acusar Deus e exigir intervenção sobrenatural?



Auschwitz aconteceu, não porque Deus permitiu que Hitler fizesse o que fez, mas porque as pessoas que deviam ter feito alguma coisa efetiva para impedir, nada fizeram, a não ser quando já era tarde demais. E o próprio Hitler, como consta no Mein Kampf, acreditava estar imbuído de uma missão divina. E agora? E as duas bombas atômicas foram tão criminosas quanto os campos de concentração. Não acredito em guerra santa, não acredito que Deus precisa ser defendido ou protegido de coisa alguma.



Não acredito também que Deus protege sempre mais os crentes do que os outros. Sempre acontecem acidentes nas estradas, com ônibus cheios de crentes, onde muitos deles morrem. Acidentes são acidentes, acontecem com qualquer um. Eu jamais diria, caso fosse a única sobrevivente de um acidente, que foi Deus quem me livrou ou salvou. Não acho que tenha qualquer direito a vida mais do que qualquer outra pessoa, não me considero melhor do que os outros por ser cristã. Não nego que antes de viajar de ônibus, coisa que faço com frequência, costumo orar e pedir a Deus que possamos chegar ao destino com segurança. Não sei dizer com certeza se isso faz alguma diferença, faço, porque de qualquer forma me sinto bem orando desta forma, pedindo por todos os passageiros, sem nem saber quais são cristãos e quais não são. Acredito em oração, acredito que oração pode ajudar as pessoas, além de fazer bem a nós mesmos orar pelos outros, porque tira o foco do nosso próprio umbigo, mas não creio que ela seja capaz de proporcionar mudanças drásticas no mundo físico: fazer chover ou parar de chover, abrir o mar, e coisas assim. A maioria das mudanças teria a ver com trocas de energia, porque a oração é um exercício mental, e o cérebro é um órgão que gasta muita energia, principalmente quando está concentrado em algo.



Eu, como hiperativa que sou, depois que adquiri o hábito de orar antes de dormir, passei a ter noites de sono bem melhores. Orar antes de dormir, de forma silenciosa, me faz bem. E já houve ocasiões inexplicáveis, onde acordei no meio da noite, do nada, e me coloquei a orar por outras pessoas, sem saber nem o motivo. Depois, acabava descobrindo. E acredito que ter um absoluto como Deus, nos faz ter uma relação mais equilibrada com os outros e conosco mesmos. Se creio que Deus habita em mim e em todos os demais, passo a ver os outros e a mim mesma, com outros olhos. E isso realmente acontece, com as pessoas que conseguem entender que Deus é amor. Não são todas. Infelizmente. Mas se Deus tem um propósito para a vida de cada um de nós, esse propósito certamente tem a ver com expressar amor pelas pessoas. Repito sempre também, que cada um tem o Deus que merece. Tem gente que precisa de um Deus malvado e tirano pra andar na linha, tem outras pessoas que são de bom caráter naturalmente, então não conseguem ver Deus dessa forma castigadora e vingativa. E teologias diferentes, muitas vezes são apenas pedaços de um mesmo grande todo, do qual cada um consegue ver só uma parte.



Não costumo orar pedindo coisas a Deus, é mais freqüente orar por necessidades de outros, e usar a oração como um momento de desabafar, falar sobre alegrias, tristezas, raiva, em vez de descontar nos outros, converso com Deus, e fico em paz. Brinco dizendo que em vez de gastar com terapia, ou me estressar brigando com as pessoas, eu oro, e fica tudo bem... = P E já senti aquela paz que "vem do alto", que muitas vezes me impede de gastar energia e ficar doente me preocupando com coisas que não tenho como resolver, que não dependem apenas de mim. De alguma forma, é melhor deixar essas coisas que não se pode controlar, "na mão de Deus", e aceitar os resultados, sejam quais forem, bons ou maus. Ajuda a levar a vida de uma forma bem mais leve, não se conformando com aquelas coisas onde vc pode interferir e atuando nelas ativamente até onde for possível, e abrindo mão do resto, e abrir mão também de se desgastar se preocupando com o resto. Posso dizer por mim, que o hábito de orar só me trouxe benefícios nesse sentido.



Sou fã de Joseph Campbell, acredito que os estudos dele ajudam a ver a religião em seu verdadeiro papel. Recomendo a leitura dos livros dele.



E acho sim que dizer um simples "não sei" seria melhor do que muitas teorias e teologias mirabolantes que vejo por aí. Se me perguntam como foi que Deus se envolveu na evolução biológica, eu não sei e respondo que não sei. Só sei que a evolução biológica acontece, porque a ciência me diz isso. E creio que a fé pode realizar coisas como curas, mas em casos bastante específicos, e pode também ajudar as pessoas a encararem a vida de uma forma mais positiva; assim como ver os outros como imagem de Deus nos torna pessoas mais compassivas, pacientes. Mas tudo necessita ser treinado, exercitado. É uma escolha diária.



Não sei de muita coisa, muito a aprender ainda, mas tenho certeza que nenhuma religião que não leve as pessoas a viverem melhor umas com as outras, consigo mesmas e com o planeta, merece ser considerada verdadeira religião. Porque a essência da religião é "religar" coisas que estavam distantes. E não causar guerras, divisões, brigas teológicas, nada disso vem de Deus. Nenhuma religião que não gere amor e paz e que não leve as pessoas a transformar a realidade, inclusive a social, pode ser considerada verdadeira. Não para mim, pelo menos. O homem é um ser religioso por natureza, mas precisa direcionar isso de forma positiva. Não importa tanto provar se Deus existe ou não, mas sim saber que o homem tem essa necessidade religiosa dentro dele, tem esse lado espiritual que precisa ser bem orientado. E o papel dos líderes religiosos, no caso, é esse, levar as pessoas a expressar essa religiosidade, inerente ao ser humano, de forma positiva, saudável, que gere amor por si mesmas, por Deus, pelo próximo e pelo planeta. E não sentimentos tribais, de "povo escolhido", melhor do que os outros, ou o medo doentio do inferno e do castigo eterno, e também não se tornar massa de manobra pra uma casta sacerdotal se locupletar.



E a religião proposta por Jesus é simples, linda e simples. Nós que complicamos. Não digo que seja fácil executar, não é, mas só tentando, já podemos trazer alguma melhoria para nossas vidas e para a vida das pessoas próximas.



Uma boa noite e um grande abraço!





Andrea




Vi no blog http://ferazaoegraca.blogspot.com/

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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Graça, pra quem?


Para os dilapidados, os derrotados e os exauridos,




Para os cristãos musculosos que têm John Wayne como herói, e não a Jesus,



Para os sobrecarregados que vivem ainda mudando o peso da mala pesada de uma mão para outra,



Para os acadêmicos que aprisionam Jesus na torre de marfim da exegese,



Para os vacilantes e de joelhos fracos, que sabem que não se bastam de forma alguma e são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável,



Para gente barulhenta e bonachona que manipula o cristianismo a ponto de torná-lo um simples apelo ao emocionalismo,



Para os discípulos inconsistentes e instáveis cuja azeitona vive caindo para fora da empada,



Para os místicos de capuz que querem mágica na sua religião,



Para homens e mulheres pobres, fracos e pecaminosos com falhas hereditárias e talentos limitados,



Para os cristãos "aleluia", que vivem apenas no alto da montanha e nunca visitaram o vale da desolação,



Para os vasos de barro que arrastam pés de argila,



Para os destemidos que nunca derramaram lágrimas,



Para os recurvados e contundidos que sentem que sua vida é um grave desapontamento para Deus,



Para os zelotes ardentes que se gabam com o jovem rico dos Evangelhos: "Guardo todos esses mandamentos desde a minha juventude",



Para gente inteligente que sabe que é estúpida, e para discípulos honestos que admitem que são canalhas,



Para os complacentes, que ostentam sobre os ombros um sacolão de honras, diplomas e boas obras, crendo que efetivamente chegaram lá,



Para os legalistas, que preferem entregar o controle da alma a regras a viver em união com Jesus,



Para gente como eu e você, gente: GRAÇA





Adaptado do livro: “O Evangelho Maltrapilho” de Brennan Mainnig; Ed. Mundo Cristão.


Vi no blog : http://amandoaoproximo.blogspot.com/

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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É Possível Fazer Alguém Amá-lo, Mesmo Sendo o Todo-Poderoso?

William Lane Craig

Pergunta: Será que é possível fazer alguém amá-lo, mesmo sendo o Todo-Poderoso?
Realmente são precisos dois para dançar o tango (ou para ter uma relação de amor)?

Andrew


Dr. William Lane Craig responde:
Sua pergunta aguçou meu interesse, Andrew, pois neste ultimo ano Jan e eu estivemos freqüentando aulas de dança de salão e, entre os diferentes estilos, aprendemos tango! Inicialmente, nos matriculamos porque nosso filho John estava se casando no verão. Particularmente, me apaixonei pela dança de salão, pois é divertidíssimo. Embora eu seja completamente descoordenado – e eu falo sério; algumas danças, como rumba, por exemplo, exigem que o dançarino coordene movimentos de mãos, braços, peito, quadris, pernas e pés – eu aprecio desafios e estou realmente determinado a aprender a dançar todos estes diferentes estilos.
Dominar estes estilos de dança requer prática, assim eu passo algum tempo sozinho, praticando os passos com uma parceira imaginária. Eu descobri que eu podia aprender, e a dizer cada passo do tango mesmo sem uma parceira presente, apenas fazendo de conta que ela estava comigo fazendo seus próprios movimentos comigo. Isto me mostrou que necessariamente, eu não precisava de uma parceira para dançar tango, mesmo que seja muito mais interessante tendo uma parceira.
Mas descobri que esta estratégia tem uma desvantagem enorme. Embora seja verdade que você pode aprender os passos de tango sozinho, não acaba aí. O homem é quem guia a parceira durante a dança, durante cada um dos intrincados passos. Isto requer que sutilmente as mãos e os braços pressionem a parceira, orientando-a durante os passos. E isto é algo que você não aprende com uma parceira imaginária. Assim, quando danço com Jan, sei que minha maior fraqueza é que eu não a guio corretamente, e ela não sabe com segurança qual é o próximo passo. Isso pode resultar em pés doloridos!
E foi então que eu percebi que são necessárias duas pessoas para dançar o tango, especialmente se quiser dançar bem.
Da mesma forma, para que se tenha um relacionamento amoroso genuíno as duas partes precisam cooperar. É impossível obrigar alguém a fazer algo por livre e espontânea vontade. Se você impõe, a outra pessoa não o faz por livre e espontânea vontade, pois a escolha não foi dela, mas do outro. Acrescentamos que o verdadeiro amor deve ser dado livremente. (Lembre-se da história de Pinocchio: Geppetto poderia ter criado sua marionete, movido sua boa e dito “papai, eu te amo”, mas Geppetto queria um filho de verdade, não uma simples marionete, mesmo que isto significasse a possibilidade de uma rebelião posteriormente). Assim, um relacionamento amoroso verdadeiro pressupõe liberdade de ambos em dar e receber amor.
Mesmo o Todo Poderoso não pode fazer o que é logicamente impossível. Deus poderia produzir algum tipo de reação química em nossos cérebros para que tivéssemos reações e comportamentos que poderiam ser descritos como amor com relação a Ele, mas isto seria um falso amor, seria como tratar com uma marionete. Para ter um relacionamento amoroso genuíno conosco, Deus necessita criar a possibilidade de uma rebelião.
É claro que isto não significa que Aquele que ama é impotente e incapaz de conquistar o amor do outro. Quem ama de verdade não fica passivo, mas busca maneiras de conquistar a afeição do ser amado. Pode tentar aprender sua “linguagem de amor”, suas preferências, as coisas que não gosta e agir a partir destas informações. De fato, ele passaria pela fase de “se eu fizer X, ela reagirá de forma Y”. Ele tentará pensar em todas as estratégias e circunstâncias em que o ser amado livremente responderia com amor.
Nós podemos fazer apenas julgamentos falíveis e prováveis com respeito à verdade destas condicionais subjuntivas. Algumas vezes percebemos que tivemos erros de cálculo de proporções desastrosas, quando o outro reage de maneira tão diferente daquela esperada. Mas no caso de Deus – se Deus, como creio, possui o conhecimento médio (middle knowledge) – Ele sabe com certeza em quais circunstâncias uma pessoa o amaria ou não livremente em resposta às suas iniciativas. Deus não pode fazer com que você o ame, mas Ele pode fazer algo ainda maior, que é proporcionar circunstâncias em que você por sua livre vontade dê a Ele o seu amor.
Agora, a questão óbvia é por que Deus não ordena providencialmente o mundo de uma forma que todos venham a livremente amá-lo? Este é essencialmente o problema do mal (moral) e sua versão soteriológica que já contemplei em outros artigos (veja “O problema do mal” e “Como Cristo pode ser o Único Caminho para Deus?”). Em resumo, a resposta é que Deus não poderia criar um mundo de pessoas livres (sem gerar desvantagens excessivas) em que todos escolhessem livremente amá-lo. Não é suficiente que existam circunstâncias em que cada pessoa venha a amar livremente a Deus; estas circunstâncias devem ser compossíveis, e isso pode não ser factível. Deus ainda estende graça suficiente sobre todas as pessoas que Ele criou, de modo que ela possa vir a amá-lo e ter um relacionamento de amor com Ele, mas ainda assim, algumas pessoas são inexoráveis e o rejeitam.
Portanto, no caso de Deus, também são necessários dois para dançar o tango e, se uma parte se recusa a dançar, nada acontece.


Tradução: Marcela Totolo

Vi no site: www.arminianismo.com/