terça-feira, 11 de janeiro de 2011

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7 dicas infalíveis para manipular uma igreja




Essas dicas são uma coletânea de várias presepadas gospel que já presenciei de perto, ao vivo e a cores nesses anos em que tenho me dedicado ao Evangelho.




Para paipóstolos, apóstolos, bispos, pastores, presbíteros e todos os interessados em ter um culto e uma comunidade atraente, que se renda aos seus pés sem questionamentos.



Porque me limitei em 7? O 7 é um número profético, o número da perfeição e dá sorte. He!He!





1° Contrate cantores gospel que mexam com as emoções. Não importe-se se o cachê for o olho da cara, o importante é tocar no mais profundo dos sentimentos e fazer o povo chorar, rir, gritar, andar de quatro na unção do leão, do cachorro, do macaco, etc. O povo gosta de dinamismo, e se não tiver “baderna” santa que traga diversão, você vai ser chamado de caretão!



2° Seja um “Expert” em invenções sobrenaturais. Aprenda urgentemente a elaborar “Profecias, Revelações, Visões, Línguas Estranhas, Unções do Paletó e do Sopro Divino”, e demais peculiaridades do gênero. Isso é tiro e queda. Não se esqueça que quando estiver operando esses “dons”, tem de passar credibilidade, e para isso, chore, faça cara de contrito, dê alguns pulinhos, e se possível, arrisque até salto mortal ou golpes de Jiu-Jitsu evangélico. AH! E o mais importante: Diga em alto e bom tom: “ASSIM DIZ O SENHOR!



3° Quando for pregar, seja persuasivo. Use texto fora do contexto com pretexto, porque assim você consegue colocar cabresto. Seja fanfarrão mesmo, de carteirinha. Por exemplo: Se você gosta que as pessoas reajam as suas pregações, use o texto de Atos 12:21-23 e diga que quem não berrar glória à Deus nem aleluia, vai morrer sendo comido de bicho como foi Herodes. Para que seus asseclas não se aprofundem nas escrituras e descubram sua superficialidade, use o texto de 2ª Coríntios 3:6 e diga sistematicamente que a letra “mata”, mas o Espírito vivifica. Se você é do tipo que não gosta de modernismos na indumentária nem na aparência dos seus súditos, sugiro que sublinhe em sua Bíblia textos como: Levítico 19:27, 1ª Pedro 3:3 e Eclesiastes 2:8. Esses são os melhores para você fazer uma lavagem cerebral e dizer que não pode cortar cabelo, usar jóias, passar maquiagen, jogar futebol, pois afinal, “tudo é vaidade”!



4º Promova campanhas de prosperidade diariamente. Se você quiser, existem até empreendedores evangélicos que vendem “KITS CAMPANHA” pronta entrega, com pontos de contato inclusos como: (cruzinha, rosinha, estacazinha, sabonetinho, perfuminho, etcétarazinha) é show! Na Segunda faça a corrente da empresa própria, terça da fazenda própria, quarta da casa própria, quinta do jatinho próprio, sexta do iate próprio, sábado da ferrari própria, e no domingo, pra torcer o braço de Deus sem dar chance à Ele de dizer não, oriente-os a fazer o sacrifício pessoal, dar o tudo deles (o leite da criança, a passagem do ônibus, até as calças se necessário) exigindo seus direitos. Ah! Sua igreja vai ficar lotada todos os dias de crente centrado em si mesmo, de consumistas selvagens em nome de gezuis!



5° Seja frenético, especialize-se em ato profético. Junte um pessoal e bata 4 estacas nas 4 extremidades de sua cidade e leve seu povo a bradar: “Essa cidade pertence ao Rei Jesus”, 21 semanas sem falhar. Você vai motivá-los a orar pela cidade. Faça o cerco de Jericó em volta de sua Igreja e dê sete voltas com a turba clamando: “As muralhas vão cair”, você notará a diferença no evangelismo, pois eles derrubarão as portas das casas se preciso for para falar de Jesus. Se sua região tem influências demoníacas, alugue (para aqueles que não pertencem ao ministério “MALACHEIA” e não podem comprar) um helicóptero ou um teço-teco, arregimente sete apóstolos vestidos de branco (se não tiver os dito cujos pode baixar o nível e usar até os diáconos da Igreja se preciso for), mas não se esqueça de levar um barril de azeite de Israel e orientá-los a lambrecar a cidade do alto gritando: “Sai Exu Boiadeiro em nome de gezuis”. Vai ser sucesso absoluto, renderá até primeira página de Jornal, e você se tornará o herói deles!



6° Contrate judeus messiânicos para serem preletores em dias de festa. Eles carregam consigo um ar de espiritualidade diferenciada. Se você precisar eu conheço um que vem a caráter. O cabra é “bão” e tem a unção do “Pedala Robinho”, derruba gente de montão. A tira-colo vem um outro com Shofar, e a hora que o menino sopra o instrumento, é um “xororô” danado. É sapato de fogo, aviãozinho, unção da lagartixa, o frenesi come solto, e o povo é estuprado psicologicamente pedindo: “Eu quero é mais!”. Se pelo menos uma vez por ano você trazer um desses ao seu aprisco, o povo será “RÉ-NOVADO”, e você ganha a confiança de todos com a credencial de “Pastor Espiritual”.



7º Matricule-se em um curso de artes cênicas. Faça do altar um palco, do templo um circo, do povo uma platéia passiva. Aqui não existe nada fixo. Alterne os papéis. Se preferir pode fazer o gênero “Dramalhão”, que está sempre na provação. Tens a opção também junto a ala feminina do “Brad Gospel”, aquele que conquista só no olhar (é claro, se não fores o rascunho do mapa!). Existirão dias em que você poderá encarnar o velho e saudoso “BOZO”, e fazer a galera se borrar de rir. Experimente também o “David Copperfield”, invente e faça desaparecer tumores malígnos que nunca existiram. Está bem na moda também o “Dr. Hollywood”, lipoaspiração pentecostal. Ou uma última sugestão: “O ghostbuster”, faça campanhas do descarrego, corredores do sal, contrate alguns endemoninhados profissionais, e coloque os “bicho” de ponta cabeça pra igreja ver o quanto você é fera! Eles irão temê-lo e reverenciá-lo!





Depois de seguir essas 7 dicas, você está apto e credenciado a “Déspota Espiritual”. Parabéns!





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Franklin Rosa, cansado de piraçao em nome de Deus, no Púlpito Cristão

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2011 entre coração, palavras, talentos e ações




Eu poderia falar coisas usuais das datas como esta que estamos vivendo. Usar a “copiatividade” e escrever em outras línguas, usar vocabulário rebuscado ou versátil e assim por diante.






Neste caminho de desejar felicitações, alguns consideram que basta dominar o vocabulário, o que é uma questão de inteligência, que por sinal todos a possuem e podem desenvolvê-la. Deter o vocabulário é uma coisa, mas saber aplicá-lo requer sabedoria. Nisto um ou outro se destaca. Agora, harmonizar coração e palavras é distinguir e destacar o talento e as pessoas e fazer brotar os aplausos e as alegrias.





Alguns sabem harmonizar com tal habilidade que se tornam excelentes oradores, outros poetas. Há ainda os historiadores, os jornalistas, os piadistas... Nesta hora se definem os afetos, a alma e a mágica de expressar-se como se é colaborando com a beleza do mundo.





Interessante que muitos não se conformam com seu próprio jeito de expressar-se e querem ser outro com outro dom. Lastimável. Temos histórias ruins, músicas horrorosas, poesias insossas e...

Bom seria se para este ano aprendêssemos a combinar as palavras. Harmonizá-las com o coração, com o talento e com o amor.

Conheço poetas que ao declamarem suas próprias poesias, destroem suas belas obras como um elefante numa loja de cristal. Tanta sensibilidade em compor, e tão pouca em expor. Vejo oradores hábeis em fazer das palavras um Mikhail Barichnikov e de um texto qualquer um Quebra-Nozes, difamarem sua própria maestria ao tentarem compor, por insistirem-se capazes de transformar suas duras canetas em plumas. Compositores que ao cantarem deformaram as mais belas canções. Virtuoses perdidas na confusa desarmonia entre coração e talento. Entre desejo e realidade.





Consciência, espelho retrovisor, reconhecimento. Esta é minha recomendação para este ano.

Para mim mesmo. Buscarei aprender a combinar as palavras para que ao expressá-las do meu jeito, construa um mundo mais brilhante.

Revelo que gostaria muito saber tocar piano. Conheço a escala, sei ler música, não há dificuldade em discernir as notas, mas combiná-las... Tirá-las da categoria de matemática e combiná-las com a alma a ponto de formar um som que desperta o coração – acordes – está para além daquilo que meu talento me reservou.





Escrevo tudo isto apenas como metáfora para a vida. Felicidade não acontece pelas palavras somente, mas na concretude delas. Por isso, no fundo não falo de palavras, mas sim de ações. Combinar ações de tal maneira, que desperte o coração, que revele e desenvolva o amor. Nesta área, todos podem, mas cada qual combine de seu jeito, com suas habilidades próprias. Desta forma faremos da vida uma bela composição, o mais belo poema que já existiu.





Procure-se até encontrar-se. Encontre-se e desperte-se para os seus talentos para com eles expressar-se com o perfume que lhe é próprio, concedido pelo Criador.

Com certeza o próximo ano será outro.





Feliz 2011.





Eliel Batista
 
 
 
 
Vi no http://www.elielbatista.com/
 

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Eu, o analista e minhas loucas análises




Direto ao assunto, no encontro, iniciei:


- Doutor, gostaria de saber por que preciso ser ensinado por você, a olhar o meu passado?









- Engano seu meu caro! Não ensino. Apenas auxilio. Respondeu ele.





- Bem, mudarei a pergunta: Por que preciso de sua ajuda para olhar o meu passado?





Como costumeiro, ele não me respondeu, mas perguntou:

- Será que sem ajuda você não olharia sempre com o mesmo olhar, e por ser a parte mais intensamente envolvida, não estaria este olhar comprometido? Será que não existe outra forma de se ver e quem sabe mais saudável?





Chegando ao ponto do meu interesse prossegui:

- Olhar saudável!? Adoecido, meu olhar está comprometido. Pense comigo doutor! Doente ou não, o jeito que vejo é exatamente como vivenciei, experimentei, senti. Ao olhar para meu passado, vejo-o com minhas entranhas e revivo tudo exatamente como foi e esse sou eu. Tentar ver de outra forma, isentando-me de mim mesmo, isto é, dos meus sentimentos como foram, não seria somente diferente, mas eu não deixaria de ser eu mesmo?





Conduzindo com maestria, me perguntou, parecendo mais uma disputa teórica...

- Voce não considera que ao relembrar com outras possibilidades, você cria outros sentimentos, e este continuará sendo você mesmo, mas com outro olhar?





Quase que sem saída, retruquei:

- Concordo com isto, doutor. Mas a questão é que o passado não pode ser refeito e ele foi vivido com as condições que foram experimentadas e não com estas novas condições. Ao tentar criar outro sentimento, para algo que foi bastante real, eu estaria inventando sentimentos que não existiram e enganando a mim mesmo. A realidade não foram estes novos sentimentos, mas exatamente aqueles. E aqueles fui eu e, estes novos um novo eu, mas numa outra etapa. Tentar ter novos sentimentos em relação ao passado é ver com óculos de hoje, algo que foi visto com olhos de ontem. E sinto doutor, não fui cego, apenas enxergava o que me era possível. Ontem não é hoje e o que fui é diferente do que sou e somente a somatória dos dois é que me coloca na etapa do que estou sendo. Mas cada qual com sua realidade.





Pensativo, tocando os lábios com a caneta e ajeitando os óculos, continuou:

- Se fosse possível você passar exatamente pela mesma coisa hoje, você não sentiria e compreenderia diferente?





- Doutor, se voce não fosse especialista eu riria. Se vivesse hoje as mesmas situações, evidentemente interpretaria diferente, mas isto porque eu não sou mais o mesmo. Para mim trata-se do seguinte: Senti, vivenciei, experimentei e sofri ou não, como eu fui. Olhar como sou hoje me coloca em condição de novas interpretações, mas ao tentar me convencer que o que experimentei poderia ter sido diferente, apenas gera em mim um engano, ou quando não a culpa, o que seria pior, pois hoje sou sabedor que poderia ser diferente, mas para isto eu precisaria ter sido ontem quem sou hoje, e isto é impossível. Penso que a melhor maneira é tentar sorver aquela experiência, beber aquele cálice exatamente como foi. Se conseguir engoli-lo, absorvê-lo como sendo eu mesmo daquela época, mas que não conseguira, sem tentar mudar, crescerei e amadurecido sairei mais forte. Criar novos sentimentos para dar outro significado para aquilo que vivi, seria como jogar para debaixo do tapete algo que foi muito real.





O doutor quase que me interrompendo:

- E quem disse que voce precisa de novos sentimentos? É melhor tentar compreender porque teve determinados sentimentos...





- Por que tive medo? Porque eu era assim, tinha medo de coisas que me causavam medo, ódio das que me causavam ódio. Hoje, as mesmas coisas já não me causam mais os mesmos sentimentos e reações. Enfrento outros monstros.





Esboçando um leve nervosismo, o doutor levantando levemente o olhar por cima dos óculos, prosseguiu como se toda minha enfática retórica não o afetasse:

- Percebo pelo que me parece, que você está querendo ser herói. Matador de monstros... E já que você quer ir por este caminho, você não acha que precisa de ajuda para tal empreitada?





- Herói? Ah, doutor! Voce está tentando me convencer de sua utilidade ou de minha fraqueza? Enfrentar o passado é uma atividade solitária... Talvez por isso, depressiva... São corredores de morte e a morte é solitária, ninguém me acompanhará. Ou morro para a história deixando de ser, ou com a história como real e legítima construtora de mim. De qualquer forma, sou eu, eu mesmo que preciso desta investida. Não dá para reinterpretar. O que penso precisar é de enfrentar os monstros que costumamos cobrir com os panos do tempo...





- Meu caro, disse o doutor, nosso tempo se finda, mas o espero numa próxima e interessante conversa. Vejo que nossos encontros serão instigantes...





- Doutor, disse eu, antes de ir preciso dizer que percebi você um tanto quanto nervoso em nossa conversa, e preciso perguntar: Por que você entrou no debate? Ficou confuso ou convencido de que ao reinterpretar o passado corro o risco de deixar de ser eu mesmo como fui? Que em cada tempo sou outro e por isso os diversos eus lidaram como souberam com cada situação e, portanto, o que foi, foi e, na somatória de todos eles, este sou eu.





- Por que você me procurou? Até mais. Abriu a porta fechando a conversa.





E na conversa entreaberta finalizei:

- Doutor estou apenas tentando me aprofundar no que significa: “pela graça de Deus sou o que sou”.



Eliel Batista
 
 
 
Vi no http://www.elielbatista.com/