terça-feira, 31 de março de 2009

CAPÍTULO 5 - Os Cinco Pontos do Calvinismo

Laurence M. Vance - O Outro Lado do Calvinismo

Capítulo 5
OS CINCO PONTOS DO CALVINISMO
As doutrinas do Calvinismo são habitualmente definidas e discutidas como os Cinco Pontos do Calvinismo. Estes cinco pontos são a soma e a substância do sistema calvinista: a marca distintiva que separa os calvinistas de todos os demais cristãos. Isto é afirmado em termos precisos por todos os calvinistas:

O sistema calvinista especialmente enfatiza cinco doutrinas distintas. Estas são tecnicamente conhecidas como os Cinco Pontos do Calvinismo, e são o principal pilar sobre o qual repousa a superestrutura.[1]

O Calvinismo, então, pode perfeitamente ser considerado como certas doutrinas básicas, os assim chamados “cinco pontos do Calvinismo.[2]

Os cinco pontos fornecem uma estrutura básica que é muito bem adaptada para a expressão de certas ênfases características do Calvinismo.[3]

De acordo com a prática batista de desassociação do nome de Calvino, Tom Ross chama estes pontos de “os cinco pontos das doutrinas da graça.”[4] E embora a maioria dos calvinistas enfatiza que Calvino não formulou estes pontos, eles alegam que “foi Calvino que desenvolveu estas verdades, sistemática e plenamente; e por essa razão, elas vieram a ser chamadas pelo seu nome.”[5] Spencer sustenta que elas foram desenvolvidas “em honra ao grande teólogo francês, João Calvino.”[6] Custance responde com mais detalhes:

Então aí estão: os Cinco Pontos, as cinco grandes afirmações do sistema paulino-agostiniano-calvinista da Fé Reformada que juntos constituem uma confissão suficiente, sustentável, coerente e inteiramente bíblica que é realística no que diz respeito aos poderes, posição e necessidade do homem, e honroso a Deus em sua fidelidade ilimitada ao princípio da graça soberana.[7]

Assim, ainda que o próprio Calvino não formulou os Cinco Pontos, eles são “verdadeiramente representantes de sua teologia.”[8] Mas antes de explorar as alegações dos calvinistas para os Cinco Pontos, deve ser observado que há alguma divergência entre os calvinistas em relação aos Cinco Pontos.

A estes cinco pontos, Mason acrescenta um anônimo sexto.[9] Leonard Coppes acha que devia ser dez, estando entre os acrescentados[10] o batismo infantil e a teologia do pacto, que não é uma má idéia considerando a história rigidamente reformada e a natureza do Calvinismo. “Restringi-lo a cinco pontos,” diz Palmer, “é julgar mal e desonrar o homem e o movimento que carrega seu nome.”[11] Assim ele os faz muitas vezes melhor, mantendo que “o Calvinismo não está restrito a cinco pontos: ele tem milhares de pontos.”[12] Mas ele não pára por aí, pois ele mais para a frente ainda amplia: “O Calvinismo tem um número ilimitado de pontos.”[13] Um outro calvinista sustenta que associar o Calvinismo com os Cinco Pontos “indevidamente limita a perspectiva do Calvinismo.”[14] Mas por outro lado, alguns calvinistas estão prontos a prescindir dos pontos completamente. O famoso teólogo presbiteriano Dabney observou que “historicamente, este título é de pouca precisão ou valor; eu o uso para denotar certos pontos de doutrina, porque o costume tornou familiar.”[15] O batista Good lamenta: “Embora este sistema mnemônico tem sido útil de muitas maneiras, ele muitas vezes tem dado falsas impressões. Também tem sido desagradavelmente deturpado para significar o que seus autores nunca pretenderam dizer, e tem sido caricaturado para fornecer material para todos os tipos de zombaria. Por estas, e possivelmente outras razões, tem-se levantado uma dúvida considerável quanto à sua atual validade em correta e adequadamente expressar o que aqueles que acreditam nas doutrinas da graça realmente querem dizer.”[16] Mas independente de quantos pontos o Calvinismo tem, o que é importante é a alegação feita por eles pelos calvinistas.

Como o Calvinismo em geral, a alegação é feita pelos Cinco Pontos do Calvinismo que eles não são nada senão o Cristianismo bíblico:

Eles são firmemente baseados na Palavra de Deus.[17]

Há apoio escriturístico independente para cada um dos cinco pontos.[18]

A Bíblia contém uma abundância de material para o desenvolvimento de cada uma destas doutrinas.[19]

Quanto à origem e propagação dos Cinco Pontos, Clyde Everman afirma: “Foi o próprio Deus que originou as cinco afirmações da graça.”[20] Mark Duncan declara que “Cristo ensinou as doutrinas que vieram a ser chamadas os cinco pontos do Calvinismo.”[21] É ainda sustentado que “este ensino foi considerado verdadeiro pelos apóstolos.”[22] Os batistas da Graça Soberana insistem que “os batistas têm crido e ensinado estas doutrinas desde o início da primeira Igreja Batista.”[23] De fato, alguém não é um “batista genuíno”[24] e não pode haver nenhuma “igreja batista genuína”[25] a menos que os Cinco Pontos do Calvinismo sejam cridos e ensinados. O presbiteriano Sproul, entretanto, refere aos cinco pontos como os “Cinco Pontos da Teologia Reformada,”[26] algo que os batistas objetariam. Mas não apenas os Cinco Pontos do Calvinismo devem ser ensinados: eles devem ser pregados. Ben Rose insiste que os “disputados pontos do Calvinismo devem ser pregados,” e “não vale a pena ter uma doutrina que não deve ser pregada.”[27] O último e o mais espantoso uso dos Cinco Pontos do Calvinismo está em fazê-los o primeiro ponto dos Cinco Pontos da Reconstrução Cristã.[28] Este movimento novo e crescente enfatiza a teologia do pacto e o pós-milenismo da teologia reformada mas com uma esquisitice acrescentada: ética teonômica; que significa: ainda estamos debaixo da lei do Velho Testamento. Mas como isto é oposto até por aqueles que estão dentro do grupo reformado,[29] isto não é relevante para a nossa discussão do Calvinismo.

[1] Boettner, Predestination, p. 59.
[2] Engelsma, Defense of Calvinism, p. 6.
[3] Roger Nicole, Prefácio a Steele e Thomas, The Five Points of Calvinism, p. 7.
[4] Tom Ross, Abandoned Truth, p. 16.
[5] Engelsma, Defense of Calvinism, p. 7.
[6] Spencer, Tulip, p. 9.
[7] Custance, pp. 223-224.
[8] Ibid., p. 71.
[9] Mason, p. 4.
[10] Coppes, p. xi.
[11] Palmer, p. 5.
[12] Ibid.
[13] Ibid.
[14] George W. Knight, Introdução a Coppes, Are Five Points Enough? The Ten Points of Calvinism, p. iv.
[15] Dabney, Calvinism, p. 3.
[16] Kenneth H. Good, God’s Gracious Purpose (Rochester: Backus Book Publishers, 1979), p. 11.
[17] Seaton, p. 8.
[18] Gunn, p. 4.
[19] Boettner, Predestination, p. 59.
[20] Clyde T. Everman, em “The Baptist Examiner Pulpit Forum,” The Baptist Examiner, 1º de dezembro de 1995, p. 4.
[21] Mark Duncan, The Five Points of Christian Reconstruction from the Lips of Our Lord (Edmonton: Still Waters Revival Books, 1990), p. 10.
[22] Jimmie B. Davis, em “The Berea Baptist Banner Forum,” The Berea Baptist Banner, 5 de fevereiro de 1995, p. 30.
[23] David O’Neil, em “The Berea Baptist Banner Forum,” The Berea Baptist Banner, 5 de fevereiro de 1995, p. 30.
[24] Jack C. Whitt, em “The Baptist Examiner Pulpit Forum,” The Baptist Examiner, 1º de dezembro de 1995, p. 4.
[25] Joseph M. Wilson, “The World’s Three Great Errors About the Church,” The Baptist Examiner, 23 de novembro de 1991, p. 2.
[26] Sproul, Grace Unknown, p. 115.
[27] Ben Lacy rose, T.U.L.I.P.: The Five Disputed Points of Calvinism, 2a. ed. (Franklin: Providence House Publishers, 1996), p. vii.
[28] Duncan, p. 3.
[29] Ibid., p. 2.

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