quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Mudando uma vez mais (III)



Neste ano, Tax Day (15 de abril) caiu na sexta-feira anterior à Sexta-feira Santa. Para aqueles de nós que estiveram na jornada da Quaresma, coloca-se a questão se devemos pagar impostos ao Império, justamente o contexto onde Jesus respondeu à mesma questão na Palestina do primeiro século. Aqui um excerto do meu livro God’s Economy, sobre a resposta de Jesus e o que ela quer dizer pra nós:



Marcos diz que os “chefes dos sacerdotes, os mestre da lei e os líderes religiosos” aproximou-se de Jesus e perguntou com que autoridade ele pensava que tinha para invadir Jerusalém, perturbar a paz do templo e proclamar um novo estilo de vida para o povo de Deus. O que se seguiu em todos os relatos sinóticos foi um grande debate público nos átrios do Templo. Todos que tinham alguma autoridade em Jerusalém enviam seu pessoal mais esperto para questionar Jesus diante das multidões a fim de tentar pegá-lo nas suas palavras. É evocativo do que a mídia faz com um candidato a presidente no nosso tempo. Agora que o movimento de Jesus tinha se tornado público, todos queriam saber quem ele era realmente.


“Mestre”, diz um grupo para ele, cuidadosamente para não desrespeitar um líder popular diante dos seus seguidores, “sabemos que és íntegro e que não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens, mas ensinas o caminho de Deus conforme a verdade". A linguagem é educada, mas é a base para começar. Estas pessoas não querem aprender de Jesus. Eles querem pô-lo numa armadilha. Assim, eles fingem estar buscando algo em Jesus a fim de fazer perguntas que colocarão Jesus como um perigoso revolucionário, como eles o consideram. "É certo pagar imposto a César ou não?" (Marcos 12.14).


Sua pergunta é um teste, colocada para desapontar a multidão ou dar às autoridades romanas uma razão para prender Jesus como um agitador. Jesus tinha acabado de ser acolhido em Jerusalém como um rei. As autoridades religiosas sabiam que se ele dissesse: “Sejam bons cidadãos e pagem seus impostos”, as pessoas pensariam que Jesus não oferecia qualquer mudança verdadeira às forças de ocupação de Roma. Eles poderiam ouvi-lo ainda mas isso enfraqueceria sua mensagem. Ele não seria uma real ameaça às autoridades. Se, por outro lado, Jesus dissesse ao povo para não pagar seus impostos, os líderes religiosos não teriam de se preocupar mais com ele. Ele teria a Receita atrás dele em pouco tempo. Os espertos herodianos e fariseus pensavam que tinham pego Jesus numa armadilha perfeita.


Mas Jesus os conhecia. Ele pergunta porque eles estavam tentando pô-lo à prova, expondo seus objetivos; então, antes de lhes responder, ele pede para lhe trazer um denário, a moeda romana que estava em circulação na época. “De quem é esta imagem e esta inscrição?”, Jesus pergunta. Era o dinheiro de Cesar e Cesar tinha seu nome e rosto inscrito nele. Todo mundo sabia disso. Mas Jesus fez as autoridades religiosas dizerem. Então ele respondeu à pergunta:
"Deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". As multidões riram discretamente, sem dúvida, porque seu Rei tinha respondido bem. Os fariseus e herodianos calaram-se porque sabiam que não tinham sido capazes de pegar Jesus. Mas os seguidores de Jesus — aqueles que se tornariam seu corpo no mundo — tomou nota de sua estratégia
no diálogo com os poderes políticos.


Seja qual for as decisões que tomamos para viver a vida abundante que Jesus tornou possível, não podemos ignorar o fato de que vivemos no meio de um sistema político que também nos afeta e aos outros ao nosso redor. A comunidade amada pode acontecer com pessoas imperfeitas aqui e agora. Mas ela nunca acontece num vácuo. A economia de Deus interage com as economias desse mundo. Pagamos (o não) nossos impostos e nossos dízimos com cédulas que carregam as imagens de presidentes mortos e as inscrições dos Estados-nação. Onde quer que nos encontremos, o povo de Deus vive sob ocupação neste mundo, negociando o poder dos governantes, que ainda não submeteram todas as coisas ao nosso Criador. Jesus não disse que nós temos que fugir do mundo ou dominá-lo e fazê-lo justo. Ao contrário, ele nos convida a dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. Ele nos dá uma estratégia para vivermos a vida como um povo sob ocupação até que o universo inteiro se submeta ao nosso Rei.


Graça e paz enquanto você coloca as estratégias de Jesus em prática onde você está hoje.


Por Jonathan Wilson-Hartgrove


Vi no http://www.novosdialogos.com/blog.asp?id=13

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