quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tiro no pé

Quando Cristo afirma que ao julgarmos também somos julgados, fica explícito que não fazem parte do Reino aqueles que porventura venham a imaginar que as medidas servem apenas para os outros. De modo que aquele que profere julgamento, condena a si mesmo primordialmente; e num segundo plano revela o pecado alheio. Tal revelação jamais é condenatória de fato por parte de quem a proferiu, visto que a responsabilidade pelo pecado é exclusivamente daquele que o cometeu.




O propósito desta revelação de pecados jamais é gerar competição, mas fazer valer a voz profética (a verdadeira voz profética), que enfatiza os fundamentos da palavra de Deus corrigindo qualquer desvio (como o fazem com excelência as cartas de Paulo).



Na vida dos profetas podemos também perceber duas coisas. A primeira é que eles são sempre redundantes. Ou seja, raramente trazem algo de novo à narrativa do texto bíblico. Profeta de verdade é o que aponta para o óbvio de uma maneira ousada o suficiente para incomodar os acomodados. A segunda coisa é que eles incomodam DE VERDADE. E se não o fazem, é por que geralmente são falsos. Mas quando analisamos com delicadeza a questão, percebemos que não é bem o profeta que traz o incômodo, mas sua persistência em relembrar os fundamentos da fé.



Por isso antes de dar um tiro pro alto, recomendo que atire no próprio pé. Pra se lembrar o quanto dói. E se ainda sim a fúria não cessar, pelo menos irá caminhar bem mais devagar devido à ferida auto infligida. Um profeta que sofre e conhece o peso de suas palavras tende a ser um homem melhor.



Por Ariovaldo
 
 
 
Vi no http://www.ariovaldo.com.br/2011/tiro-no-pe/

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