sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pós-Calvinismo: 7. E Daí?




Scot Mcknight




Na verdade, que diferença faz ser calvinista ou arminiano na interpretação das Passagens de Advertências de Hebreus? Há várias formas de falar de “diferença”, mas no nível da vida cristã concreta, faz tanta diferença assim?

Começo com esta observação. Faz uma enorme diferença para o evangélico contemporâneo que acredita na segurança eterna, certeza de fé e que alguém que recebeu Cristo não pode genuinamente apostatar-se. O slogan “uma vez salvo, sempre salvo” é profundamente ameaçado pela visão de Hebreus que ofereci.

Para o calvinista e o arminiano clássico – e eu sei que isto pode soar a muitos como um monte de bobagens– há muito pouca diferença nesse aspecto: ambos creem que a perseverança é necessária. O que significa que ambos creem que somente aqueles que persistirem em seu relacionamento encontrarão aquele repouso eterno.

Mas eu contei um pouco de minha própria jornada. Eis o que notei.

Em primeiro lugar, percebi uma renovação do senso de temor de Deus que é tão proeminente em Hebreus. Uma vez que me convenci que uma pessoa, sim, que eu poderia crer e apostatar, o pecado se tornou mais importante e a perspectiva de apostatar mais realística. Agora, não me interpretem mal, eu não vivo com um certo pavor mórbido. A certeza acompanha a fidelidade para ambos calvinistas e arminianos. Ambos, pelo menos no meu caso, sabem que a redenção está enraizada nos poderes salvadores de Cristo e que a fé – no sentido de fidelidade e confiança – é exigida.

Em segundo lugar, isto influenciou como eu apresentei o Evangelho. Seja lá como for que alguém queira apresentar o Evangelho, por meio de algum panfleto, história pessoal ou lógica racional, o apelo a crer, na minha opinião, é um apelo a tornar-se crente – não apenas crer de uma vez por todas num único momento. O apelo à perseverança é parte integrante do apelo a crer.

Em terceiro lugar, estou persuadido que manter esta visão não significa que eu (ou alguém que a compartilha comigo) creio que eu contribuo para a minha própria salvação. Ao invés disso, o que esta doutrina me encoraja a fazer é crer, vigiar e perseverar. Me torna mais consciente da necessidade da graça e do poder do Espírito Santo.

Em quarto lugar, e aqui eu peço sua indulgência numa pergunta que tenho feito por 20 anos: é possível que alguns escritores bíblicos sejam mais arminianos e alguns mais calvinistas? Se for, teríamos que perguntar no que consiste a unidade da Escritura. Ela consiste numa teologia sistemática que de alguma forma está por trás de tudo que foi dito ou consiste na essência do Evangelho e o apelo a viver diante de Deus na comunidade de fé? Isto fica para uma próxima oportunidade, mas esta é uma área que merece ser explorada.

Antes de encerrar por essa noite, permita-me mencionar dois livros que diferem de mim.

T. Schreiner, A. Caneday, The Race Set before Us.
T. Schreiner, B. Ware, The Grace of God and the Bondage of the Will.

Quero agradecer as várias pessoas que responderam a esta série. Demorei um pouco a ideia porque imaginei que ela poderia mais dividir do que unir. O que eu acho é que uma abordagem autobiográfica é menos divisiva, embora nossas diferenças permaneçam.









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