sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Gerencia do movimento evangélico


Pensado por Roger


Sobre a inquietação e a intenção de Caio Fábio em partir para este tipo de crítica frenética não me cabe julgar. Sei que foi toda passional e típico CF, mas sei também que não foi correta.




Não que eu ache baixaria, não. Acho que ele pode chamar de bundão quem ele quiser, e de fato há muitos bundões por aí a fora, especialmente no meio religioso. São pessoas que não querem mudar o status quo e se beneficiam dele. De certa forma já fomos todos bundões, e Caio Fábio já foi o bundão mor quando estava à frente da AEVB.



Quando a turma conservadora dá chiliques ao ver nomes progressistas ganhando destaque frente à opinião pública nacional, não há nada para se estranhar. Pelo contrário isso é só um respaldo, uma confirmação de que tudo está indo no rumo certo. Mas quando a essas vozes soma-se a de Caio Fábio, fica um ponto de exclamação, ou de interrogação.



Não me cabe julgar se é algum tipo de ressentimento, com as pessoas que lhe “abandonaram” no episódio de sua queda. Paul Freston, por exemplo, questionou sua atitude em demorar em tornar a coisa pública enquanto faturava com seus títulos. Todos sabemos que críticas não faltaram ao fundador da “Fábrica de Esperança”. Caio certa vez debochou (justamente?) de R. Cavalcanti querer buscar sua linhagem episcopal pela história anglicana a dentro. Sem dúvida os colaboradores da Ultimato não foram os melhores colaboradores do caído cacique evangélico brasileiro.



Não me cabe julgar se Caio Fábio foi tomado por algum sentimento tão humano como a inveja, ao ver os holofotes da Globo lançados sobre outros nomes; ou pelo duro golpe de ver outros sendo escolhidos como voz representante do movimento frente à mídia.



O que me cabe é avaliar se o que ele fala é correto ou não, de acordo com meus princípios e valores (que como já disse, não são universais, e quando muito funcionam somente em minha vida).



Pois bem, Caio diz que não há nada de novo no protestantismo brasileiro. Mas o fato, e a reportagem mostram bem, é que há. [Quem quer apostar comigo que o Caio é capaz de apontar “o Caminho” como sendo “a única coisa verdadeiramente nova” no cenário brasileiro?] Ainda que conservadores se contorçam e tentem propor que o elemento novo está do lado do neo-pentecostalismo, o fato é que a reportagem da Época trás de forma pertinente aquilo que a Pós modernidade tem trazido de positivo para a engessada instituição protestante. Ricardo Gouvea salientou bem, todas as instituições sérias se vêem frente a este desafio: achar o seu papel no mundo de hoje, se reinventar frente à nova sociedade que está aí. Claro que isso não significaria abandonar todas as tradições, mas a mudança de paradigma é inevitável. Daí a cautelosa percepção de Gondim ser corretíssima.



“Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”



Isso pra mim significa que não haverá um Caio Fábio, Edir Macedo, Nicodemus, um Kwitz, um Gondim, um Brabo ou um Lou ou quem quer que seja para apontar a trilha a percorrer. As respostas serão construídas pelo rebanho, na prática do dia a dia, pois a igreja não acontece nos domingos nos cultos, nem na internet, ele acontece em casa, na cozinha, no trânsito, nas fábricas, no campo, no escritório, na escola, no dia a dia de cada cristão. Essa é a pós-modernidade na qual pessoas como Caio Fábio ainda não ousaram entrar.




Vi no http://teologia-livre.blogspot.com/

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