quarta-feira, 16 de junho de 2010

Meu maior problema com Calvino/Calvinismo



Meu Maior Problema com Calvino/Calvinismo




Roger E. Olson

Professor de Teologia

George W. Truett Theological Seminary

Baylor University



Antes de tudo, quero deixar claro que eu admiro e respeito meus amigos e colegas calvinistas. Discordamos vigorosamente sobre alguns pontos de teologia, mas eu os tenho em alta estima por seu compromisso com a autoridade da Palavra de Deus e seu óbvio amor por Jesus Cristo e sua igreja assim como pelo evangelismo.



Entretanto, eu não admiro ou respeito João Calvino. Alguns vieram me dizer que ele não deveria ser considerado responsável pela morte do herético Servetus na fogueira porque, apesar de tudo, ele alertou o doutor e teólogo espanhol a não vir para Genebra e solicitou ao conselho da cidade para decapitá-lo ao invés de queimá-lo. E, afinal, Calvino foi um filho de sua época e todo mundo estava fazendo o mesmo. Todavia, eu ainda não consigo colocar um homem cúmplice de um assassinato em um pedestal.



Ademais, eu considero a doutrina de Deus de Calvino repulsiva. Ela eleva a soberania de Deus sobre o seu amor, colocando a reputação de Deus em dúvida. O que eu quero dizer é que a divindade que tudo determina e predestina é, na melhor das hipóteses, moralmente ambíguo e, na pior, moralmente repugnante.



Para vexame de alguns calvinistas contemporâneos, Calvino claramente ensinava que Deus preordenou a queda e a tornou certa (Institutas da Religião Cristã, III:XXIII.8). Ele também afirmava a dupla predestinação (III:XXI.5) e demonstrava uma insensibilidade com os reprovados que ele admitia que Deus compelia à obediência (desobediência) (I:XVIII.2). Calvino fazia distinção entre dois modos da vontade de Deus – o que os calvinistas posteriores têm chamado de vontades decretiva e preceptiva de Deus (III:XXIV.17). Deus decreta que o pecador peque ao mesmo tempo em que ele o comanda a não pecar e o condena por fazer o que Deus determinou que ele fizesse. Para Calvino, todas essas coisas pertencem aos propósitos secretos de Deus os quais nós não devemos pescrutar tão profundamente, mas isto deixa um gosto amargo na boca de qualquer um que considera Deus como amor acima de tudo.



John Wesley comentou sobre a afirmação dos calvinistas de que Deus ama até mesmo os reprovados de alguma maneira. Como um calvinista contemporâneo coloca, “Deus ama todas as pessoas de algumas maneiras mas apenas algumas pessoas de todas as maneiras.” Wesley dizia que este é um amor de causar arrepios.



O sucessor de Calvino em Genebra, Theodore Beza, disse uma vez que aqueles que se encontram sofrendo nas chamas do inferno por toda a eternidade podem pelo menos se sentir confortados com o fato de que eles estão lá para maior glória de Deus. Parafraseando Wesley, essa é uma glória de dar calafrios. Deus preordena algumas de suas próprias criaturas, criadas à sua própria imagem, ao inferno eterno para sua própria glória? Calvino pode não ter colocado de forma tão direta assim, mas muitos calvinistas colocam e é uma inferência necessária da lógica interna do Calvinismo consistente (III.XXII.11).



Tenho sido severamente criticado por alguns de meus amigos calvinistas por dizer que meu maior problema com o Calvinismo (pelo qual eu quero dizer o determinismo divino consistente) é que ele torna difícil para mim saber a diferença entre Deus e o diabo (Eu não estou dizendo que os calvinistas adoram o diabo!).



Para mim nada sobre a cosmovisão cristã é mais importante do que considerar Deus e o diabo como rivais absolutos neste universo e sua dramática história. Deus é bom e deseja o bem de toda criatura. Como o Pai da Igreja Ireneu disse, “A glória de Deus é o homem vivo.” O diabo é mau e deseja o mal para toda criatura. Enxergar o diabo como instrumento de Deus torna toda a narrativa bíblica uma zombaria.



Tradução: Paulo Cesar Antunes



Vi no  http://www.arminianismo.com/

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