Laurence M. Vance - O Outro Lado do Calvinismo
Os Pais da Igreja e Agostinho
Durante o tempo entre os apóstolos do Novo Testamento e Agostinho, numerosas seitas e heresias se levantaram. Mas isto foi profetizado pelo apóstolo Paulo: “Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão rebanho, e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após si” (At 20.30). Há algum debate, entretanto, até mesmo entre os próprios calvinistas, quanto a se a doutrina da predestinação, como entendida pelos calvinistas, foi ensinada antes de Agostinho. Somos geralmente informados, sem nenhuma documentação, de declarações comuns como: “Os escritos do período patrístico revelam fortes inclinações para o Calvinismo.”[1] Ocasionalmente tem-se feito um esforço para citar autores patrísticos,[2] mas nenhum calvinista jamais superou a tentativa de John Gill em seu The Cause of God and Truth.[3] Todavia, contra as citações dos Pais da Igreja apresentadas como prova de que eles foram calvinistas, permance três evidentes objeções. Para começar, a maioria das citações alegadas são altamente ambíguas e tem que imaginar que elas ensinam o Calvinismo. Em segundo lugar, as citações citadas não abordam a questão essencial. Não é apenas porque um pai da igreja menciona a depravação do homem e a livre graça de Deus na salvação que ele está ensinando o Calvinismo, mas isto é o que os calvinistas querem que todos acreditam. E finalmente, para toda citação da Patrística promovida a favor do Calvinismo, duas outras podem ser proferidas contra ele.
Apesar da tentativa de alguns calvinistas para remover o estigma de Agostinho ser classificado como o que um calvinista chama, o “primeiro verdadeiro predestinista,”[4] a maioria dos calvinistas faz Agostinho ser justamente isso. C. Norman Sellers reconhece que “Agostinho discordava dos Pais que o precediam no ensino da absoluta soberania de Deus.”[5] E não somente ele discordava dos primeiros Pais, mas Boettner declara que “ele foi muito além dos primeiros teólogos.”[6] Ele depois diz que, considerando a idéia de salvação calvinista por um decreto eterno, irresistível: “Esta verdade fundamental do Cristianismo foi claramente percebido primeiro por Agostinho.”[7] Warfield insiste que Agostinho “recuperou para a Igreja” esta verdade fundamental.[8] Custance vai mais longe ainda ao dizer que Agostinho “foi talvez o primeiro depois de Paulo a perceber a Total Depravação do homem.”[9] Deve ser lembrado que são os próprios calvinistas que estão apresentando Agostinho “como um elo principal entre Paulo e Calvino.”[10] A maioria deles tão prontamente admite que “a doutrina da Predestinação recebeu pouca atenção” antes de Agostinho,[11] que até os batistas calvinistas admitem que “Agostinho pode ser considerado como o pai do sistema soteriológico que agora responde pelo nome de ‘Calvinismo.’”[12] Isto é até confirmado pelos historiadores seculares: “Estas questões foram raramente debatidas entre a época de São Paulo e a de Agostinho.”[13]
Mas se ou não algum dos primeiros Pais da Igreja ensinou o que hoje é considerado ‘Calvinismo’ é verdadeiramente insignificante por duas razões dadas pelos próprios calvinistas. A primeira é o fato de que a verdadeira questão nunca foi se a salvação era recebida pelo livre-arbítrio do homem ou por um decreto irresistível. Por causa da época em que eles viveram, Gill nos informa que “as canetas dos primeiros escritores cristãos eram principalmente empregadas contra os judeus e os pagãos, e heréticos que se opunham à doutrina da Trindade; e que, ou negava a própria deidade ou a real humanidade de Cristo; e por isso não se espera que eles tratassem das doutrinas agora em debate entre nós.”[14] E em segundo lugar, como Gill o batista sabe muito bem: “Os escritos dos melhores dos homens, da mais primitiva antiguidade, e do maior conhecimento e piedade, não podem ser admitidos por nós como regra e padrão de nossa fé. Estes, conosco, são somente as Escrituras do Velho e Novo Testamento: a estes nós recorremos, e por estes somente podemos ser determinados.”[15] Com tanto apelo a Agostinho, e sendo ele exaltado pelos próprios calvinistas, um exame da teologia de Agostinho, junto com uma comparação de sua teologia com as Escrituras, é imperativo.
Apesar da tentativa de alguns calvinistas para remover o estigma de Agostinho ser classificado como o que um calvinista chama, o “primeiro verdadeiro predestinista,”[4] a maioria dos calvinistas faz Agostinho ser justamente isso. C. Norman Sellers reconhece que “Agostinho discordava dos Pais que o precediam no ensino da absoluta soberania de Deus.”[5] E não somente ele discordava dos primeiros Pais, mas Boettner declara que “ele foi muito além dos primeiros teólogos.”[6] Ele depois diz que, considerando a idéia de salvação calvinista por um decreto eterno, irresistível: “Esta verdade fundamental do Cristianismo foi claramente percebido primeiro por Agostinho.”[7] Warfield insiste que Agostinho “recuperou para a Igreja” esta verdade fundamental.[8] Custance vai mais longe ainda ao dizer que Agostinho “foi talvez o primeiro depois de Paulo a perceber a Total Depravação do homem.”[9] Deve ser lembrado que são os próprios calvinistas que estão apresentando Agostinho “como um elo principal entre Paulo e Calvino.”[10] A maioria deles tão prontamente admite que “a doutrina da Predestinação recebeu pouca atenção” antes de Agostinho,[11] que até os batistas calvinistas admitem que “Agostinho pode ser considerado como o pai do sistema soteriológico que agora responde pelo nome de ‘Calvinismo.’”[12] Isto é até confirmado pelos historiadores seculares: “Estas questões foram raramente debatidas entre a época de São Paulo e a de Agostinho.”[13]
Mas se ou não algum dos primeiros Pais da Igreja ensinou o que hoje é considerado ‘Calvinismo’ é verdadeiramente insignificante por duas razões dadas pelos próprios calvinistas. A primeira é o fato de que a verdadeira questão nunca foi se a salvação era recebida pelo livre-arbítrio do homem ou por um decreto irresistível. Por causa da época em que eles viveram, Gill nos informa que “as canetas dos primeiros escritores cristãos eram principalmente empregadas contra os judeus e os pagãos, e heréticos que se opunham à doutrina da Trindade; e que, ou negava a própria deidade ou a real humanidade de Cristo; e por isso não se espera que eles tratassem das doutrinas agora em debate entre nós.”[14] E em segundo lugar, como Gill o batista sabe muito bem: “Os escritos dos melhores dos homens, da mais primitiva antiguidade, e do maior conhecimento e piedade, não podem ser admitidos por nós como regra e padrão de nossa fé. Estes, conosco, são somente as Escrituras do Velho e Novo Testamento: a estes nós recorremos, e por estes somente podemos ser determinados.”[15] Com tanto apelo a Agostinho, e sendo ele exaltado pelos próprios calvinistas, um exame da teologia de Agostinho, junto com uma comparação de sua teologia com as Escrituras, é imperativo.
[1] Talbot e Crampton, p. 79.
[2] Singer, pp. 1-6.
[3] John Gill, The Cause of God and Truth (Paris: The Baptist Standard Bearer, 1992), pp. 220-328.
[4] Paul K. Jewett, Election and Predestination (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1985), p. 5.
[5] C. Norman Sellers, Election and Perseverance (Miami Springs Schoettle Publishing Co., 1987), p. 3.
[6] Boettner, Predestination, p. 365.
[7] Ibid.
[8] Warfield, Calvin, p. 321.
[9] Custance, p. 18.
[10] Ibid., p. 20.
[11] Boettner, Predestination, p. 366.
[12] Good, Calvinists, p. 49.
[13] Edward Gibbon, The History of the Decline and Fall of the Roman Empire (Nova York: Modern Library, n.d.), vol. 2, p. 236.
[14] Gill, God and Truth, p. 221.
[15] Ibid., p. 220.
Fonte: http://www.arminianismo.com/
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