Laurence M. Vance - O Outro Lado do Calvinismo
Hiper-Calvinismo
Quando a verdadeira posição de um calvinista é finalmente revelada, ele geralmente alegará que ele está sendo deturpado. Por isso, um outro tipo de Calvinismo foi inventado, e é para ele que toda objeção contra o sistema calvinista é depositada. Os partidários deste esquema fictício são referidos por vários termos: “ultra-calvinistas,” “calvinistas radicais,” “super-calvinistas,” “radicais.” A favorita designação para este grupo é “hiper-calvinistas.”[1] O problema é que hiper-Calvinismo é um termo ambíguo. Para um “arminiano,” todos os calvinistas podem ser considerados hiper-calvinistas. Para um admirador de Spurgeon, qualquer calvinista, no seu direito, poderia ser um candidato a hiper-calvinista. Para um grupo de batistas calvinistas, um outro grupo calvinista que eles não gostam podem ser repudiados como hiper-calvinistas. Muitos consideram que um hiper-calvinista é um calvinista que vai além dos ensinos de João Calvino.[2] Mas dizer que uma pessoa poderia ir além dos ensinos de Calvino não é certo, pois quando examinarmos as opiniões de Calvino no capítulo 7 veremos que Calvino foi (como era de se esperar) fiel ao seu nome. E finalmente, pela razão do aspecto soteriológico do Calvinismo ter, teologicamente falando, se identificado com a depravação do homem, a salvação pela graça, e segurança eterna, os batistas convencionais são muitas vezes referidos como hiper-calvinistas.
Então o que é exatamente um hiper-calvinista? Visto que são os próprios calvinistas que regularmente fazem esse julgamento, devemos necessariamente ouvi-los:
O presente escritor definiria hiper-calvinista como uma visão de predestinação que negaria ou minimizaria a responsabilidade humana para se arrepender e crer no evangelho por causa de uma incapacidade de agir assim, haja vista sua depravação total. Além disso, o hiper-Calvinismo negaria a necessidade de uma oferta universal do evangelho.[3]
O hiper-Calvinismo em sua tentativa de alinhar toda a verdade do evangelho com o propósito de Deus de salvar os eleitos, nega que haja um comando universal para arrepender e crer, e assegura que temos somente permissão para convidar a Cristo aqueles que estão cônscios do pecado e necessidade.[4]
O hiper-Calvinismo é a negação de que Deus, na pregação do evangelho, chama todo aquele que escuta a pregação para se arrepender e crer. É uma negação de que a igreja deve chamar todos na pregação. É a negação de que o não-regenerado tenha o dever de se arrepender e crer.[5]
Mas como um dos escritores acima também relatou do hiper-Calvinismo: “Seria impossível defini-lo de uma maneira que fosse aceitável a todos.”[6] Um batista da Graça Soberana insiste que “você encontraria mil diferentes definições de um hiper-calvinista entre as religiões do mundo.”[7]
O único uso próprio do termo hiper-calvinista é na prática, não na profissão. Como um escritor disse: “Quando falamos sobre o ‘hiper-Calvinismo’ não estamos falando sobre a extensão das doutrinas de Calvino a um lugar além do que ele ensinou, mas estamos meramente falando de uma ênfase exagerada no que ele ensinou.”[8] Os calvinistas e os assim chamados hiper-calvinistas crêem, ensinam, e pregam as mesmas coisas sobre o Calvinismo – o “hiper-calvinista” apenas as colocam em prática mais consistentemente do que o calvinista. Spurgeon, que era criticado por “hiper-calvinistas” de sua época,[9] da mesma forma como é hoje em dia,[10] disse sobre a doutrina de seus críticos:
Eu não acho que eu discordo de qualquer de meus irmãos hiper-calvinistas no que eu creio, mas eu discordo deles no que eles não acreditam. Eu não defendo menos do que eles, mas eu defendo mais, e, penso, um pouco mais da verdade revelada nas Escrituras.[11]
Pela razão deles crerem que são os verdadeiros calvinistas, aqueles que são denominados como hiper-calvinistas não aceitam o título. De fato, ninguém jamais permitiu o título. Aqueles acusados de hiper-Calvinismo têm até retaliado com um neologismo criado por eles mesmos para estigmatizar o que eles consideram como “um ensino que cai abaixo do nível do verdadeiro Calvinismo.”[12] Aparentemente criado por David Engelsma,[13] o “hipo-Calvinismo” tem sido, desde então, usado como um termo de condenação por outros críticos do que eles consideram ser algo menos do que o verdadeiro Calvinismo.[14]
Mas ainda que os calvinistas recusam aceitar o título, e muitas vezes não concordam com o que na verdade um hiper-calvinista é, eles são inflexíveis em sua insistência que Calvinismo e hiper-Calvinismo são polos isolados:
Um hiper-calvinista e um calvinista são duas pessoas inteiramente diferentes.[15]
O Hiper-Calvinismo é uma aberração do verdadeiro Calvinismo.[16]
E, embora os calvinistas incessantemente lamentam que o Calvinismo não é distinto do hiper-Calvinismo,[17] eles adoram atacar o hiper-Calvinismo. Eles usam o termo para fazer a si mesmos parecerem ortodoxos da mesma forma que eles usam o título arminiano. Eles são bons em pronunciar o que eles não acreditam, para desviar a atenção do que eles acreditam. Partindo para a ofensiva contra os erros de ambos, hiper-Calvinismo e Arminianismo, o calvinista pode tomar o caminho intermediário e parecer ser ortodoxo. Isto é exatamente o que Spurgeon fez em seu tempo:
Agora eu, que não sou nem arminiano nem hiper-calvinista, mas calvinista à maneira de Calvino, acho que eu posso me posicionar entre os dois partidos. Crendo em tudo que o hiper-calvinista acredita, e pregando uma superior doutrina que jamais ele pode pregar, mas crendo mais do que ele crê; não crendo em tudo que o arminiano acredita, mas ainda ao mesmo tempo acreditando que ele é muitas vezes mais fundamentado do que o hiper-calvinista sobre alguns pontos de doutrina.[18]
Mais uma vez é aparente que a real diferença entre um calvinista e um hiper-calvinista é uma questão de prática e não profissão. Um calvinista “à maneira de Calvino” é muito mais do que um calvinista.
Então quem são estes hiper-calvinistas, o que eles pregaram, e quando o ensino do hiper-Calvinismo teve início? As raízes do hiper-Calvinismo são usualmente traçadas ao “antinomianismo doutrinal” de John Saltmarsh (c. 1612-1647), John Eaton (1575-1641), e Tobias Crisp (1600-1643).[19]O nascimento do hiper-Calvinismo é dito ser a publicação em 1707 do God’s Operations of Grace but No Offers of His Grace por Joseph Hussey (1660-1726).[20] Lewis Wayman (d. 1764) que escreveu A Further Inquiry after Truth em 1739, e Richard Davis (1658-1714), que escreveu Truth and Innocency Vindicated Against Falsehood em 1692, são também citados como colaboradores.[21] O batista John Skepp, autor da obra de 1722 postumamente publicada com o título formidável de The Divine Energy: or the Efficacious Operations of the Spirit of God in the Soul of Man, in His Effectual Calling and Conversion: Stated, Proved, and Vindicated. Wherein the Real Weakness and Insufficiency of Moral Persuasion, Without the Super-addition of the Exceeding Greatness of God’s Power for Faith and Conversion to God, Are Fully Evinced. Being an Antidote Against the Pelagian Plague, é geralmente culpado pela introdução do hiper-Calvinismo entre os batistas.[22] Há duas características distintas deste hiper-Calvinismo: a negação da livre oferta do Evangelho a todos os homens, e a negação que é o dever de todos os homens que escutam o Evangelho de se arrepender e crer.[23] Este último ponto resultou em uma controvérsia teológica conhecida como a Questão Moderna: se a fé salvadora em Cristo é um dever requerido de todos os pecadores.[24] Aqueles que respondiam na negativa fizeram uma distinção entre “arrependimento legal e evangélico” e “fé comum e salvífica.”[25] De acordo com Engelsma, o hiper-Calvinismo “se manifesta na prática no apelo da chamada do evangelho do pregador, ‘arrepender e crer em Cristo crucificado,’ somente para aqueles ouvintes que mostram sinais de regeneração, e por isso de eleição, a saber, alguma convicção do pecado e algum interesse na salvação.”[26]
O homem mais infame usualmente acusado de hiper-Calvinismo é o batista particular John Gill.[27] Além de suas próprias doutrinas, Gill é muitas vezes considerado como um hiper-calvinista pois ele escreveu um prefácio aos hinos de Richard David em 1748, editou a Divine Energy de John Skepp em 1751, publicou os trabalhos de Crisp em 1755, e era íntimo de John Brine, que tinha escrito Defense of the Doctrine of Eternal Justification em 1732.[28] Spurgeon até disse de seu predecessor: “O sistema de teologia com que muitos se identificam tem esfriado muitas igrejas, pois as tem levado a omitir os convites gratuitos do evangelho, e negar que é dever dos pecadores crer em Jesus.”[29] O problema que calvinistas (incluindo Spurgeon) tem com o dr. Gill é que eles consistentemente praticaram seu Calvinismo. Por isto ele não será declarado culpado aqui. O homem que é visto como resgatando os batistas particulares do hiper-Calvinismo de Gill é o pastor de sua velha igreja em Kettering, Andrew Fuller.[30] Assim, os batistas foram divididos em gillitas e fulleritas.[31] Spurgeon foi até chamado de um “fullerita” no início de seu ministério.[32] Atacado por ambos, calvinistas e arminianos,[33] Fuller declarou sobre os batistas calvinistas: “Mais alguns anos e os batistas teriam tornado um perfeito monte de estrume na sociedade.”[34] O título completo de sua supracitada obra de 1785 é The Gospel Worthy of All Acceptation: or the Obligation of Men Fully to Credit and Cordially to Approve Whatever God Makes Known. Wherein Is Considered, the Nature of Faith in Christ, and the Duty of Those Where the Gospel Comes in That Matter.[35] Aqui ele elaborou em cima do que ele tinha previamente escrito em sua confissão de fé:
Eu acredito que é dever de todo ministro de Cristo clara e fielmente pregar o Evangelho a todos que o escutarão, e como eu creio na incapacidade dos homens para serem completamente morais em questões espirituais, e que é seu dever amar o Senhor Jesus Cristo e confiar nele para salvação, ainda que eles não agem dessa forma; eu então creio em livres e solenes discursos, convites, chamadas, e avisos a esses para serem não somente consistentes, mas diretamente adaptados, na mão do Espírito de Deus, para trazê-los a Cristo. Eu considero isto como parte de meu dever que eu não poderia omitir sem ser culpado do sangue dessas almas.[36]
Não deve ser suposto, entretanto, que Fuller foi algo menos do que um calvinista rígido. Ele disse de si mesmo: “Eu não acredito em tudo que Calvino ensinou, nem em qualquer coisa porque ele ensinou; mas eu considero que o Calvinismo rígido seja o meu próprio sistema.”[37] Então como tem sido mantido por toda esta seção, o hiper-Calvinismo é meramente a prática consistente do próprio Calvinismo.
Em tempos mais recentes, há outros que têm sido intitulados, por uma razão ou outra, de hiper-calvinistas. Entre os batistas na Inglaterra, os batistas Gospel Standard têm sido muito menosprezados.[38] Neste país os batistas primitivos são considerados hiper-calvinistas pelos batistas da Graça Soberana, ao passo que o termo usual para sua doutrina é “radicalismo.”[39] Se há um homem que é descrito como um perfeito hiper-calvinista é certamente Arthur W. Pink. Além dos batistas há a Igreja Reformada Protestante, que tem sido chamada hiper-calvinista pela Igreja Reformada Cristã.[40] As diferenças entre estas duas corporações reformadas serão examinadas adiante.
Então o que é exatamente um hiper-calvinista? Visto que são os próprios calvinistas que regularmente fazem esse julgamento, devemos necessariamente ouvi-los:
O presente escritor definiria hiper-calvinista como uma visão de predestinação que negaria ou minimizaria a responsabilidade humana para se arrepender e crer no evangelho por causa de uma incapacidade de agir assim, haja vista sua depravação total. Além disso, o hiper-Calvinismo negaria a necessidade de uma oferta universal do evangelho.[3]
O hiper-Calvinismo em sua tentativa de alinhar toda a verdade do evangelho com o propósito de Deus de salvar os eleitos, nega que haja um comando universal para arrepender e crer, e assegura que temos somente permissão para convidar a Cristo aqueles que estão cônscios do pecado e necessidade.[4]
O hiper-Calvinismo é a negação de que Deus, na pregação do evangelho, chama todo aquele que escuta a pregação para se arrepender e crer. É uma negação de que a igreja deve chamar todos na pregação. É a negação de que o não-regenerado tenha o dever de se arrepender e crer.[5]
Mas como um dos escritores acima também relatou do hiper-Calvinismo: “Seria impossível defini-lo de uma maneira que fosse aceitável a todos.”[6] Um batista da Graça Soberana insiste que “você encontraria mil diferentes definições de um hiper-calvinista entre as religiões do mundo.”[7]
O único uso próprio do termo hiper-calvinista é na prática, não na profissão. Como um escritor disse: “Quando falamos sobre o ‘hiper-Calvinismo’ não estamos falando sobre a extensão das doutrinas de Calvino a um lugar além do que ele ensinou, mas estamos meramente falando de uma ênfase exagerada no que ele ensinou.”[8] Os calvinistas e os assim chamados hiper-calvinistas crêem, ensinam, e pregam as mesmas coisas sobre o Calvinismo – o “hiper-calvinista” apenas as colocam em prática mais consistentemente do que o calvinista. Spurgeon, que era criticado por “hiper-calvinistas” de sua época,[9] da mesma forma como é hoje em dia,[10] disse sobre a doutrina de seus críticos:
Eu não acho que eu discordo de qualquer de meus irmãos hiper-calvinistas no que eu creio, mas eu discordo deles no que eles não acreditam. Eu não defendo menos do que eles, mas eu defendo mais, e, penso, um pouco mais da verdade revelada nas Escrituras.[11]
Pela razão deles crerem que são os verdadeiros calvinistas, aqueles que são denominados como hiper-calvinistas não aceitam o título. De fato, ninguém jamais permitiu o título. Aqueles acusados de hiper-Calvinismo têm até retaliado com um neologismo criado por eles mesmos para estigmatizar o que eles consideram como “um ensino que cai abaixo do nível do verdadeiro Calvinismo.”[12] Aparentemente criado por David Engelsma,[13] o “hipo-Calvinismo” tem sido, desde então, usado como um termo de condenação por outros críticos do que eles consideram ser algo menos do que o verdadeiro Calvinismo.[14]
Mas ainda que os calvinistas recusam aceitar o título, e muitas vezes não concordam com o que na verdade um hiper-calvinista é, eles são inflexíveis em sua insistência que Calvinismo e hiper-Calvinismo são polos isolados:
Um hiper-calvinista e um calvinista são duas pessoas inteiramente diferentes.[15]
O Hiper-Calvinismo é uma aberração do verdadeiro Calvinismo.[16]
E, embora os calvinistas incessantemente lamentam que o Calvinismo não é distinto do hiper-Calvinismo,[17] eles adoram atacar o hiper-Calvinismo. Eles usam o termo para fazer a si mesmos parecerem ortodoxos da mesma forma que eles usam o título arminiano. Eles são bons em pronunciar o que eles não acreditam, para desviar a atenção do que eles acreditam. Partindo para a ofensiva contra os erros de ambos, hiper-Calvinismo e Arminianismo, o calvinista pode tomar o caminho intermediário e parecer ser ortodoxo. Isto é exatamente o que Spurgeon fez em seu tempo:
Agora eu, que não sou nem arminiano nem hiper-calvinista, mas calvinista à maneira de Calvino, acho que eu posso me posicionar entre os dois partidos. Crendo em tudo que o hiper-calvinista acredita, e pregando uma superior doutrina que jamais ele pode pregar, mas crendo mais do que ele crê; não crendo em tudo que o arminiano acredita, mas ainda ao mesmo tempo acreditando que ele é muitas vezes mais fundamentado do que o hiper-calvinista sobre alguns pontos de doutrina.[18]
Mais uma vez é aparente que a real diferença entre um calvinista e um hiper-calvinista é uma questão de prática e não profissão. Um calvinista “à maneira de Calvino” é muito mais do que um calvinista.
Então quem são estes hiper-calvinistas, o que eles pregaram, e quando o ensino do hiper-Calvinismo teve início? As raízes do hiper-Calvinismo são usualmente traçadas ao “antinomianismo doutrinal” de John Saltmarsh (c. 1612-1647), John Eaton (1575-1641), e Tobias Crisp (1600-1643).[19]O nascimento do hiper-Calvinismo é dito ser a publicação em 1707 do God’s Operations of Grace but No Offers of His Grace por Joseph Hussey (1660-1726).[20] Lewis Wayman (d. 1764) que escreveu A Further Inquiry after Truth em 1739, e Richard Davis (1658-1714), que escreveu Truth and Innocency Vindicated Against Falsehood em 1692, são também citados como colaboradores.[21] O batista John Skepp, autor da obra de 1722 postumamente publicada com o título formidável de The Divine Energy: or the Efficacious Operations of the Spirit of God in the Soul of Man, in His Effectual Calling and Conversion: Stated, Proved, and Vindicated. Wherein the Real Weakness and Insufficiency of Moral Persuasion, Without the Super-addition of the Exceeding Greatness of God’s Power for Faith and Conversion to God, Are Fully Evinced. Being an Antidote Against the Pelagian Plague, é geralmente culpado pela introdução do hiper-Calvinismo entre os batistas.[22] Há duas características distintas deste hiper-Calvinismo: a negação da livre oferta do Evangelho a todos os homens, e a negação que é o dever de todos os homens que escutam o Evangelho de se arrepender e crer.[23] Este último ponto resultou em uma controvérsia teológica conhecida como a Questão Moderna: se a fé salvadora em Cristo é um dever requerido de todos os pecadores.[24] Aqueles que respondiam na negativa fizeram uma distinção entre “arrependimento legal e evangélico” e “fé comum e salvífica.”[25] De acordo com Engelsma, o hiper-Calvinismo “se manifesta na prática no apelo da chamada do evangelho do pregador, ‘arrepender e crer em Cristo crucificado,’ somente para aqueles ouvintes que mostram sinais de regeneração, e por isso de eleição, a saber, alguma convicção do pecado e algum interesse na salvação.”[26]
O homem mais infame usualmente acusado de hiper-Calvinismo é o batista particular John Gill.[27] Além de suas próprias doutrinas, Gill é muitas vezes considerado como um hiper-calvinista pois ele escreveu um prefácio aos hinos de Richard David em 1748, editou a Divine Energy de John Skepp em 1751, publicou os trabalhos de Crisp em 1755, e era íntimo de John Brine, que tinha escrito Defense of the Doctrine of Eternal Justification em 1732.[28] Spurgeon até disse de seu predecessor: “O sistema de teologia com que muitos se identificam tem esfriado muitas igrejas, pois as tem levado a omitir os convites gratuitos do evangelho, e negar que é dever dos pecadores crer em Jesus.”[29] O problema que calvinistas (incluindo Spurgeon) tem com o dr. Gill é que eles consistentemente praticaram seu Calvinismo. Por isto ele não será declarado culpado aqui. O homem que é visto como resgatando os batistas particulares do hiper-Calvinismo de Gill é o pastor de sua velha igreja em Kettering, Andrew Fuller.[30] Assim, os batistas foram divididos em gillitas e fulleritas.[31] Spurgeon foi até chamado de um “fullerita” no início de seu ministério.[32] Atacado por ambos, calvinistas e arminianos,[33] Fuller declarou sobre os batistas calvinistas: “Mais alguns anos e os batistas teriam tornado um perfeito monte de estrume na sociedade.”[34] O título completo de sua supracitada obra de 1785 é The Gospel Worthy of All Acceptation: or the Obligation of Men Fully to Credit and Cordially to Approve Whatever God Makes Known. Wherein Is Considered, the Nature of Faith in Christ, and the Duty of Those Where the Gospel Comes in That Matter.[35] Aqui ele elaborou em cima do que ele tinha previamente escrito em sua confissão de fé:
Eu acredito que é dever de todo ministro de Cristo clara e fielmente pregar o Evangelho a todos que o escutarão, e como eu creio na incapacidade dos homens para serem completamente morais em questões espirituais, e que é seu dever amar o Senhor Jesus Cristo e confiar nele para salvação, ainda que eles não agem dessa forma; eu então creio em livres e solenes discursos, convites, chamadas, e avisos a esses para serem não somente consistentes, mas diretamente adaptados, na mão do Espírito de Deus, para trazê-los a Cristo. Eu considero isto como parte de meu dever que eu não poderia omitir sem ser culpado do sangue dessas almas.[36]
Não deve ser suposto, entretanto, que Fuller foi algo menos do que um calvinista rígido. Ele disse de si mesmo: “Eu não acredito em tudo que Calvino ensinou, nem em qualquer coisa porque ele ensinou; mas eu considero que o Calvinismo rígido seja o meu próprio sistema.”[37] Então como tem sido mantido por toda esta seção, o hiper-Calvinismo é meramente a prática consistente do próprio Calvinismo.
Em tempos mais recentes, há outros que têm sido intitulados, por uma razão ou outra, de hiper-calvinistas. Entre os batistas na Inglaterra, os batistas Gospel Standard têm sido muito menosprezados.[38] Neste país os batistas primitivos são considerados hiper-calvinistas pelos batistas da Graça Soberana, ao passo que o termo usual para sua doutrina é “radicalismo.”[39] Se há um homem que é descrito como um perfeito hiper-calvinista é certamente Arthur W. Pink. Além dos batistas há a Igreja Reformada Protestante, que tem sido chamada hiper-calvinista pela Igreja Reformada Cristã.[40] As diferenças entre estas duas corporações reformadas serão examinadas adiante.
[1] Arthur W. Pink, The Doctrine of Sanctification (Swengel: Reiner Publications, 1975), p. 9; Morton H. Smith, Reformed Evangelism (Clinton: Multi-communication Ministries, 1975), p. 13; Palmer, p. 84; Good, Calvinists, p. 72; Talbot e Crampton, p. 76; Spurgeon, Sovereign Grace Sermons, p. 14.
[2] E. D. Strickland, em “The Berea Baptist Banner Forum,” The Berea Baptist Banner, 5 de março de 1990, p. 51; Talbot e Crampton, p. 76.
[3] Belcher, Pink: Predestination, p. 8.
[4] Iain Murray, Forgotten Spurgeon, p. 47.
[5] Engelsma, Hyper-Calvinism, pp. 10-11.
[6] Belcher, Pink: Predestination, p. 8.
[7] Jimmie B. Davis, em “The Berea Baptist Banner Forum,” The Berea Baptist Banner, 5 de março de 1990, p. 51.
[8] Ruckman, Hyper-Calvinism, p. 3.
[9] Iain H. Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism (Edinburgo: The Banner of Truth Trust, 1995), pp. 40-46; A. J. Baxter, “C. H. Spurgeon: A Contempory View,” em H. L. Williams e J. E. North, Calvin versus Hyper-Spurgeonism (E. Sussex: Berith Publications, 1997), pp. 5-12.
[10] Marc. D. Carpenter, “The Banner of Truth Trust Versus Calvinism,” parte 2, The Trinity Review, junho de 1997, pp. 1-4; “Not So Sure With Mr. Spurgeon,” em Williams e North, Calvin versus Hyper-Spurgeonism, pp. 23-33.
[11] Charles H. Spurgeon, citado em Iain Murray, Hyper-Calvinism, p. 38.
[12] Engelsma, Hyper-Calvinism, p. 2.
[13] Ibid.
[14] Marc D. Carpenter, “A History of Hypo-Calvinism,” parte 1, The Trinity Review, março de 1997, pp. 1-4, e “A History of Hypo-Calvinism,” parte 2, The Trinity Review, abril de 1997, pp. 1-4.
[15] Keener, p. 21.
[16] Iain Murray, Hyper-Calvinism, p. 40.
[17] Engelsma, Hyper-Calvinism, p. 5; Iain Murray, Hyper-Calvinism, p. 49.
[18] Charles H. Spurgeon, The Two Wesleys (Pasadena: Pilgrim Publications, 1975), pp. 4-5.
[19] Peter Toon, The Emergence of Hyper-Calvinism in English Nonconformity, 1689-1765 (Londres: The Olive Tree, 1967), pp. 28, 145; Sell, pp. 47-49; Ella, p. 157.
[20] Toon, p. 74.
[21] Sell, p. 51; Toon, pp. 93-96; Nettles, By His Grace, pp. 103-104, 390.
[22] Sell, p. 78; Toon, p. 88.
[23] Toon, p. 129.
[24] Sell, pp. 78-79; Engelsma, Hyper-Calvinism, p. 11; Toon, p. 131.
[25] Toon, p. 133.
[26] Engelsma, Hyper-Calvinism, p. 11.
[27] Henry C. Vedder, A Short History of the Baptists (Valley Forge: Judson Press, 1907), PP. 240-241; Torbet, p. 68; Toon, pp. 145, 151; Iain Murray, Hyper-Calvinism, p. 128.
[28] Toon, pp. 98-101, 145.
[29] Charles H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle: its History and Work (Pasadena: Pilgrim Publications, 1990), p. 47.
[30] Vedder, p. 249; Toon, p. 151.
[31] David Benedict, Fifty Years Among The Baptists (Little Rock: Seminary Publications, 1977), p. 142.
[32] Iain Murray, Hyper-Calvinism, p. 50.
[33] Sell, pp. 86-87.
[34] Andrew Fuller, citado em Armitage, vol. 2, p. 584.
[35] Para o texto completo da segunda edição, veja Andrew Fuller, The Complete Works of the Rev. Andrew Fuller, 3ª. ed. rev. Joseph Belcher (Harrisonburg: Sprinkle Publications, 1988), vol. 2, pp. 328-416.
[36] Andrew Fuller, citado em Sell, p. 86.
[37] Ibid., p. 87.
[38] Toon, pp. 149-150; Engelsma, Hyper-Calvinism, p. 12.
[39] Para uma análise crítica dos batistas primitivos por um batista da Graça Soberana, veja Bob L. Ross, The History and Heresies of Harshellism (Pasadena: Pilgrim Publications, n.d.).
[40] Engelsma, Hyper-Calvinism, p. 1.
Fonte: http://www.arminianismo.com/
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