terça-feira, 31 de março de 2009

Calvino e Agostinho

Laurence M. Vance - O Outro Lado do Calvinismo
Calvino e Agostinho
Se as doutrinas do Calvinismo não vieram das “páginas da Sagrada Escritura,” então onde Calvino conseguiu seu sistema? Vamos ouvir de alguns bem conhecidos e respeitados calvinistas reformados:

João Calvino foi parte de uma longa linha de pensadores que basearam sua doutrina da predestinação na interpretação agostiniana de São Paulo.[1]

Dificilmente há uma doutrina de Calvino que não carrega as marcas da influência de Agostinho.[2]

Os principais destaques da teologia de Calvino são encontrados nos escritos de Santo Agostinho de tal modo que muitos teólogos consideram o Calvinismo como uma forma mais bem desenvolvida do Agostinianismo.[3]

O sistema de doutrina ensinado por Calvino é apenas o Agostinianismo comum a todos os reformadores.[4]

Historiadores seculares como Will Durant (1885-1981) falam do mesmo modo: “Calvino baseou sua insensível doutrina nas teorias de eleitos e reprovados de Agostinho.”[5] O batista Good admite que “Agostinho pode ser considerado como o pai do sistema soteriológico que agora responde pelo nome de ‘Calvinismo.’”[6] Spurgeon concorda que “talvez o próprio Calvino o derivou principalmente dos escritos de Agostinho,” mas rapidamente acrescenta que “Agostinho obteve suas opiniões, sem dúvida, através do Espírito de Deus, do estudo diligente dos escritos de Paulo, e Paulo os recebeu do Espírito Santo, de Jesus Cristo.”[7] O próprio Calvino também declarou: “Agostinho está tão ligado a mim, que se eu quisesse escrever uma confissão de minha fé, eu poderia assim fazer com toda a plenitude e satisfação a mim mesmo de seus escritos.”[8] Alguns calvinistas têm até preferido o termo Agostinianismo a Calvinismo.[9]

Agostinho e Calvino são, aos olhos dos calvinistas, os mais importantes teólogos:

Estes dois homens extraordinariamente talentosos se elevam como pirâmides sobre o cenário da história.[10]

Calvino e Agostinho facilmente figuram como os dois notáveis expositores sistemáticos do sistema cristão desde São Paulo.[11]

Os dois teólogos mais sistemáticos da Cristandade.[12]

Até os batistas, procurando apoio para o seu Calvinismo, citam Agostinho e Calvino como “grandes teólogos.”[13]

O único problema com os homens que corretamente traçam o Calvinismo a Agostinho é que, uma vez agindo dessa forma, eles dizem: “o Agostinianismo é apenas uma expressão dogmática da religião em sua pureza.”[14] Good até sustenta que “a fé bíblica, que tem sido comumente aceita mas nunca formalmente organizada, finalmente encontrou expressão teológica em Agostinho.”[15] Então voltamos ao lugar de onde começamos: o Calvinismo, se chamado “Agostinianismo” ou algum outro termo, é o Cristianismo bíblico. Por essa razão, um exame de Agostinho e seu sistema são necessários antes de partirmos para João Calvino.

[1] Richard A. Muller, Christ and the Decree (Grand Rapids: Baker Book House, 1988), p. 22.
[2] Alvin L. Baker, Berkouwer’s Doctrine of Election: Balance or Imbalance? (Phillipsburg: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1981), p. 25.
[3] Singer, p. vii.
[4] Warfield, Calvin, p. 22.
[5] Will Durant, The Age of Faith (New York: Simon and Schuster, 1950), p. 74.
[6] Good, Calvinists, p. 49.
[7] Charles H. Spurgeon, ed., Exposition of the Doctrines of Grace (Pasadena: Pilgrim Publications, n.d.), p. 298.
[8] João Calvino, “A Treatise on the Eternal Predestination of God,” trad. Henry Cole, em João Calvino, Calvin’s Calvinism (Grand Rapids: Reformed Free Publishing Association, 1987), p. 38.
[9] Kuyper, p. 13.
[10] Warfield, Calvin, p. v.
[11] Boettner, Predestination, p. 405.
[12] Shedd, Calvinism, p. xi.
[13] Mason, p. 2.
[14] Warfield, Calvin, p. 323.
[15] Good, Calvinism, p. 50.

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