quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Sr. Miyagi e Dorothy Day
No Dia Nacional de Oração de 2009, eu estava num talk show cristão no Meio-Oeste. Quando eles abriram as linhas telefônicas, uma mulher nos seus noventa anos ligou pra dizer como ela estava com o coração partido porque o presidente Obama não tinha mantido o culto de oração na Casa Branca. Ela passou toda sua vida orando pelo país e seus líderes. Com sua voz trêmula, ela chorava a morte da luz no cristianismo americano.
Pastores das denominações históricas, me parece, poderiam simpatizar com esta nonagenária. Cem anos atrás, nossos ancestrais predisseram que o século 20 seria o “século cristão”. A longa marcha da civilização e do progresso tinha nos trazido para um novo dia de possibilidades. Nunca tinha sido tão fácil ser um cristão e acreditar que se poderia transformar a sociedade no mundo que ela deveria ser. É improvável que líderes das igrejas históricas estejam tão confiantes hoje.
É difícil ser pastor nestes dias. Mas a igreja passou por tempos difíceis antes e a tradição sempre oferece sinais de esperança. A partir do século quarto, o monasticismo tem sido um dos caminhos pelos quais a igreja tem se lembrado quem ela é em tempos de transição. Como líderes eclesiais tem tido dificuldade para revisões, monges se moveram para as margens da sociedade para experimentar disciplinas espirituais para um novo tempo. A vitalidade deste movimento se encontrava na dependência mútua entre líderes eclesiais e comunidades monásticas. Porque eles sabiam que eram necessários uns aos outros, foram capazes de receber os dons que ambos tinham para oferecer.
Eu estou convencido de que o cristianismo ocidental vem conhecendo um novo movimento monástico durante os últimos 80 anos. Dos Trabalhadores Católicos na Nova Iorque do tempo da Depressão ao Movimento Bruderhof da Alemanha Nazista, ao trabalho de desenvolvimento comunitário cristão de John e Vera Mae Perkins, o Espírito tem se movido para as margens para criar comunidades de esperança no século 20. Estes sinais nos apontam para como a igreja pode se parecer depois do “século cristão”. Se prestarmos atenção a estes sinais, acredito que podemos aprender um novo modelo para a liderança cristã.
Enquanto trabalhava num artigo para o jornal O Trabalhador Católico, Dorothy Day foi interrompida por um jovem leitor do jornal. Ele perguntou por Day, a líder pública do movimento Trabalhador Católico, e foi dirigida para sua sala. Quando o visitante disse que tinha ido conhecer o movimento Trabalhador Católico, Day disse a ele, sem tirar os olhos do seu trabalho, que ele poderia pegar uma vassoura no andar de baixo e varrer a calçada; ela se juntaria a ele assim que terminasse. Desencorajado primeiramente, o rapaz fez como lhe foi pedido. Quando Day terminou seu artigo, desceu para varrer e conversar com ele.
Day expressa o estilo de liderança que tem emergido das novas comunidades monásticas. Como todos os líderes, ela levou tempo para articular cuidadosamente a visão de sua comunidade. Mas ela não supôs que proclamar ou escrever a visão era suficiente. A questão essencial era encontrar caminhos de encarnar as boas novas. Numa comunidade de acolhimento afetuoso, havia sempre algo para fazer. Vivendo juntas, as pessoas poderiam aprender uma nova maneira de viver.
Se há um líder-guru para pastores jovens que estão tentando encontrar seu caminho depois do “século cristão”, eu sugiro o Sr. Miyagi. Quem não se recorda do sensei de Karatê Kid ensinando Daniel os fundamentos das artes marciais através de tarefas cotidianas como encerar um carro e pintar uma cerca? "Encere a direita. Encere a esquerda. Não esqueça de respirar". Como Dorothy Day, Sr. Miyagi sabia que ele estava ensinando um estilo de vida. Poderiam apenas conversar, claro. Mas ele seria melhor compreendido na prática, vivido em relações e tarefas cotidianas.
A mudança do pastor-gerente para o pastor-sensei pode não ser fácil, mas para aqueles que tentam, há esperança. O cristianismo não está morrendo; está mudando de forma. Se nós tivermos olhos para ver, há ressurreição ao redor — e oportunidade para liderar, ainda que segurando uma vassoura ou uma esponja.
Por Jonathan Wilson-Hartgrove
Publicado originalmente em http://www.faithandleadership.com/content/mr-miyagi-and-dorothy-day?page=0,0
(Tradução de Flávio Conrado)
Vi no http://www.novosdialogos.com/blog.asp?id=13
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