Já se vão alguns anos em que, por força das circunstâncias, precisei de abrigo no Rio de Janeiro. Dois amigos, filhos de pastor, me ofereceram sua casa e lá fiquei por quase um mês, desfrutando da amizade e companheirismo que até hoje me trazem boas recordações, algumas delas bem engraçadas. Uma dessas histórias diz respeito à empregada da família, que já nem me recordo o nome, mas nunca esqueci do fato:
Certa época, na residência da família, alguns objetos começaram a sumir, e eram sempre objetos de valor para todos na casa. Buscas daqui e de lá… e nada! Quando, repentinamente, a empregada encontrava o objeto estimado e todos ficavam felizes, além, é claro de enaltecer as virtudes da moça tão atenciosa. Mas lá pela quinta vez em que isso acontecera em menos de um mês, começaram a desconfiar da “sorte” da dita empregada e ao “encostarem-na na parede”, logo surgiu a confissão: era ela mesma quem escondia os objetos e depois que todos cansavam de procurar, os “encontrava”. Fazia isso para ser elogiada e querida pelos seus patrões (o que era totalmente desnecessário, já que trabalhava, com todas as regalias, há mais de 5 anos com aquela família).
Muda a cena.
Quem já não leu, ou ouviu falar, de casos em que o assassino comparece ao enterro da vítima, e ainda oferece consolo aos familiares enlutados? Um dos casos mais famosos foi o do ator(?) Guilherme de Pádua, assassino confesso da atriz(?) Daniela Perez, caso que chocou a opinião pública brasileira e ocupou horas da programação televisiva e páginas e mais páginas das publicações midiáticas à época. Realmente é algo chocante para a maioria das pessoas tal atitude, o que mostra, além de frieza, um grau de maldade e desfaçatez latentes na pessoa que age desta maneira.
Pois ao meu ver, as atitudes acima, da empregada e do assassino, em nada diferem da figura do “deus” que determina todas as coisas, que faz com que seus filhos sofram para depois aparecer com o “objeto querido”, que é capaz de assassinar pessoas, segundo o seu “decreto” e depois, “cara-de-paumente” oferecer o Consolador para aliviar corações enlutados.
Um deus que age desta forma, na mais tranquila das hipóteses, é um esquizofrênico, para não o chamarmos de psicopata (não é assim que vociferamos todos contra os assassinos que agem assim?). Um deus que é capaz de realizar o mal para demonstrar logo em seguida sua bondade carece de acompanhamento psiquiátrico. Um deus que é capaz de fazer alguém cair em desgraça só para ensinar lições aos seus filhos queridos não merece o respeito. Um deus que é capaz de matar o marido de uma mulher e a mulher de um outro marido, só para os que “sobraram” se encontrarem e serem “felizes”, é um demônio!
Um deus que faz com que um casal tenha um filho com alguma doença séria só para “trazer de volta” o casal que estava “afastado da comunhão” não merece nem sequer uma nota musical, quanto mais um cântico de louvor. Um deus que mata uma criança num acidente trágico, só para ensinar aos pais as consequências de uma vida longe da igreja, pode ser chamado de diabo.
Um deus que precisa de atos de crueldade para demonstrar o seu “grande amor” e a sua “imensa graça” nunca, jamais, terá dos meus lábios a confissão de que “Vive e Reina para Sempre”.
Ando de braços dados com um Deus que se revela todo em amor e graça. Descubro-O nos lugares e nas pessoas mais inesperadas (até mesmo ateus e “não-cristãos). Contemplo sua beleza nos versos dos poetas e menestréis que habitam o meu silenciar. Devoro sua carta de amor, que muitos querem como manual, como criança que consegue juntar palavras pela primeira vez.
Estou num Caminho sem volta…
José Barbosa Junior
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