1. 99% dos líderes de comunidades cristãs que classificam seus “adversários” como “liberais” não têm a mínima ideia do que estão falando. Não, não estou me referindo ao fato de que a palavra “liberal” tem sentido político, filosófico, teológico, e que precisa, então, de definição. Mesmo se o termo for aplicado apenas em seu sentido teológico, a maioria esmagadora, assim, de 99 x 1, não tem a mínima ideia do que é “liberalismo” teológico. Mas enchem a boca! Chegam a salivar.
2. Passaram os últimos 20 anos – os últimos 20 anos! – atacando um fantasma que não conhecem, de que têm medo e horror, pavor pessoal, porque suas próprias teologias não aguentavam o banco do seminário, eles mesmos quase se desmancharam, e, de certo modo, transferem para seus liderados seu terror. 20 anos gritando “liberalismo!”, “liberalismo”, “abaixo o liberalismo”…
3. Aí, duas coisas.
4. Primeiro, quando você ensina aos liderados desses arautos do fantasmagórico o que é liberalismo, eles não entendem por que cargas d’água tanto ativismo contra-liberal, se, no fundo, todos os evangélicos – inclusive seus líderes mais açodados – são 50% autênticos liberais… [Mas depois entendem...]…
5. Segundo, enquanto gritavam “liberalismo!”, “liberalismo!”, alertando contra ectoplasmas de espelho, os cavaleiros da grande ordem neo-evangélica vieram e engoliram tudo, comeram tudo, de sorte que as igrejas tradicionais todas, lentamente, se vão tornando mímicas sem-graça daquelas catedrais de fogo e exorcismo… Todas é exagero: quase todas – sobrarão algumas, no final…
6. É a maior ironia dos últimos anos, das últimas décadas: os líderes evangélicos erraram em todas as leituras que fizeram – naturalmente que me refiro aos tradicionais. O diabo que pintaram não existe: não há liberais no Brasil, lamentavelmente, se com liberais nos referirmos a um começo de lucidez teológica, conquanto todos sejam liberais no campo da legitimação da fé por meio da experiência pessoal e subjetiva.
7. Erraram na avaliação – julgando que o inimigo estava fora dos muros, nos seminários “liberais”, no outro lado do mundo… Nada, estava nos bancos de seus templos, nutrindo-se do espírito e do carisma, do fogo e da cura, da alma neoliberal e pós-moderna, da mente esturricada e acrítica, da alma acéfala e abléfara, do sentido de cultura e da boca escancarada e cheia de dentes que caracteriza o pathos cristão: tomar o mundo à força do Espírito…
8. Abriram-se as catedrais da fé, elegeram-se os donos dos rebanhos midiáticos, e a pastoral tradicional, apavorada contra o imaginário liberalismo, será que se deu conta de que estava cega?, o tempo todo cega? Será que se deu conta de que crescia um tumor dentro dos salões da fé, um tumor que cresce, agora, descontroladamente, e só Deus sabe em que vai dar?
9. Eu ligo a TV, não importa o canal, e assisto ao espetáculo dantesco – perdão, Dante! – da fé pornograficamente exposta, e, juro, quase morro de rir, e morreria, não fosse caso grave, lembrando dos Dom Quixotes da fé a bradar contra os moinhos liberais, quando o dragão os comia a carne devagarinho, em cada sermão dominical, a cada domingo, sem que se dessem conta… [era um caso de igrejas, mas já se torna um caso de República...]…
10. Tristes dias para a fé. Tristes… Mas, cá entre nós, desde o início o ovo já estava no ninho…
11. Não chega a ser tão terrível quanto a Inquisição, é verdade. Mas o espetáculo circense é o mesmo – e meu medo é que ele esteja apenas ensaiando na ante-sala de uma nova Idade Média…
12. Liberalismo, quiá, quiá, quiá, quiá, quiá…
13. Se acham…
Osvaldo Luiz Ribeiro*
*Osvaldo Luiz Ribeiro é um dos autores do www.peroratio.blogspot.com.br , que recomendo com todas as forças!
Vi no http://www.crerepensar.com.br/abaixo-os-liberais-abaixo-os-liberais/
quinta-feira, 19 de abril de 2012
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