Elienai Jr Preciso começar falando de mim. Sou um homem de muitas dúvidas. Sou alguém que duvida sempre. Por esta razão a história da minha fé é marcada por momentos de intenso e angustiante conflito. Conflitos comigo e com as estruturas de fé pelas quais fui educado. Foi na igreja da minha juventude que sempre ouvi coisas como: ele quer ser diferente de todos! Foi assim no seminário de onde terminei sendo convidado a me retirar, de tanto que duvidava. Também foi assim em casa com meus pais, mas confesso não precisar bem o que foi inquietação de adolescente em busca de afirmação e o que foram questões consistentes. Mas, em algum momento de minha vida, resolvi que uma fé que não sobrevivesse aos questionamentos e dúvidas não valeria a pena. Eu não a queria. Isso me rendeu uma aventura difícil na fé e no trabalho pastoral. O ambiente religioso, o que mais absorve meus engajamentos, não é permeável à dúvida. Ou seria mais bem dito, a dúvida torna o ambiente da religião desconfortável e, por isso, pouco profícuo para a experiência do culto?
Parafraseando Kierkegaard, na sua afirmação de que a angústia é a vertigem da liberdade, podemos dizer que a dúvida é a vertigem do pensamento. Vertigem é a sensação de insegurança de quem está em alta velocidade, ou em queda livre. É a sensação angustiante de quem não tem muito controle do desfecho dos acontecimentos. Assim é com o exercício racional. Não há pensamento sem a dúvida. Ela é a questão aflita que promove investigação e novas descobertas. Primeiro, desestabiliza o que já está estruturado e sobre o que calcamos nossas crenças, valores, projetos e esperança. Desestrutura a convicção que garante alguma segurança. Desestabiliza e por isso é desconfiança. Desconfiar que aquilo em que acreditávamos ser verdadeiro pode não ser é desconcertante sempre, mas é o único ponto de partida para as mudanças, ou mesmo para o amadurecimento de antigas compreensões. Suficientemente angustiados, obrigamo-nos à aventura de descobrir, reinventar, ressignificar, de viver, portanto. A dúvida é a sensação vertiginosa que confirma nossa humanidade. Porque é constituinte da nossa humanidade o pensamento e do pensamento, a dúvida.
Apesar de o ambiente protestante ser avesso à dúvida, mais, talvez, que qualquer outro ambiente, nosso conceito de conversão é seu devedor confesso. O indivíduo que se converte é com freqüência alguém que duvida radicalmente de sua própria história. De suas crenças, de suas ambições, de seus valores, de suas relações, de sua moralidade, de tudo o que lhe confere significado. A abertura do converso à mudança deve-se à instabilidade insustentável com que vinha vivendo. A proposta cristã é uma resposta que só cabe dentro de uma grande dúvida existencial. Na conversão, a dúvida é tão radical que o transforma em um discípulo completamente entregue à nova compreensão. Abandona o mundo não protestante para se deixar conduzir ao mundo protestante. Certo e errado. Bom ou mau. Divino ou diabólico. Belo ou feio. Tudo será reaprendido na proporção do estrago causado por sua dúvida inicial.
Quanto maior a crise que potencializou a conversão maior será a capacidade do novo crente de absorver o novo modelo de vida. Não por acaso tornam-se pastores com paixão destacada aqueles que experimentaram rupturas radicais em suas histórias, como os que viveram na marginalidade das drogas. Não nos esqueçamos, então, que a intensidade do envolvimento dessas pessoas é devedora, às avessas, de suas histórias duvidosas. Talvez, por isso, ao explicar a extravagância da mulher que chorou aos seus pés, enxugou-os com os cabelos e depois o perfumou com ungüento caríssimo trazido em alabastro, Jesus tenha contado a parábola dos devedores perdoados por seu credor. A pergunta embaraçosa foi: quem desses devedores mais ama? A resposta é tão evidente quanto escandalosa: aquele a quem mais foi perdoado.
Apesar disso, é o ambiente da fé, o que mais foi beneficiado pelas dúvidas radicais de seus conversos, o que mais milita contra a manifestação da dúvida na jornada comum dos crentes. A dúvida que fragilizou o candidato à conversão e, por isso, fez-se a grande oportunidade para a nova fé, é agora a maior inimiga. A dúvida perde a posição de amiga do evangelho para tornar-se sua mais diabólica adversária.
Desenvolveu-se no ambiente da fé a idéia de que a dúvida é um fenômeno de segunda classe da espiritualidade. Isto quando não a tratam como demoníaca. Crente que duvida é visto com desconfiança. Não nasceu de novo. Ainda não teve uma experiência com o poder de Deus. É um crente fraco e sem valor! Precisa orar mais e estudar menos. Precisa construir mais e questionar menos. Precisa ler mais Bíblia que filosofia. Precisa ser mais crente.
Dentro dessa concepção de que a dúvida é má, um dos discípulos de Jesus passou a ser cruelmente maltratado pelo imaginário cristão: Tomé. Seu nome virou xingamento religioso. Chamar alguém de Tomé é chamá-lo de encrenqueiro, estraga prazer, carnal, raso, imaturo. – ‘Você é um Tomé’ significa: Cala a boca! Que você está atrapalhando a festa, está acabando com o clima! Ou então, você precisa se converter!
Faz algum tempo que tenho desgostado do tratamento dado a Tomé. Não me faz bem vê-lo relegado ao segundo plano, segunda categoria de discípulo. Não consigo vê-lo desta forma. Talvez porque me identifique com ele. Sinto-me muito mais próximo de Tomé e suas dúvidas, repleto de imagens de fraqueza e humanidade, que de Pedro e seus arroubos de fé, cheio de falsas onipotências. Mas também não pretendo promover um concurso do que vejo e avalio nos discípulos de Jesus. Acredito que em cada personagem bíblica somos apresentados aos nossos valores e desvalores, luzes e sombras, ímpetos e medos. Meu convite a você é para se aproximar com mais cuidado de Tomé e, quem sabe, descobrir ao meu lado o valor de suas dúvidas.
João é o responsável em sua narrativa pelo que podemos saber sobre o nosso amigo inquiridor. Há muito pouco, mas o bastante para arriscarmos algumas compreensões preciosas. A narrativa cuja interpretação descuidada transformou Tomé no protótipo do crente inconveniente está no final do evangelho de João.
Fim de tarde de um domingo ainda sombrio. São três dias desde que o nervosismo dos donos do poder descambou na morte de Jesus. O mundo virou do avesso. Deu tudo errado. Todos se dispersaram. Pedro não anda nada bem. Não pode ouvir um galo que chora em desmantelo. Todos cabisbaixos. Tomé foi dar uma volta, mas os demais discípulos permaneceram trancafiados na casa de um amigo em comum. Não dá para fingir, só as mulheres tiveram coragem de sair de casa logo cedo e, de tão histéricas, dizem terem visto o sepulcro vazio. Maria Madalena vai mais longe, afirma que Jesus falou pessoalmente com ela. Tudo muito embaçado. João tem uma cara de que acredita na versão das mulheres para o sumiço do corpo. Quem sabe?
É preciso que se diga que o medo de que qualquer um seja o próximo a morrer paralisa. Mas o indubitável acontece. Jesus aparece dentro da casa. Não dá para negar. Sua voz tem um timbre feliz inconfundível. Ele sugere que o medo dê lugar à paz. Mas não somente, convida para o toque. Suas mãos têm as marcas da cruz. Por um instante os olhos marejados dos discípulos ficam vagos, passeiam na memória sofrida dos pregos cravando os pulsos. A lança atravessando seu corpo. Mas essas lembranças logo se dissolvem na surpreendente presença do amigo. E Tomé? Não está aqui. Diremos para ele. Ele não vai acreditar...
Tomé chega em casa apressado e tenso. Estranha as janelas abertas e a porta apenas encostada. Questiona o descuido, mas se assusta com os semblantes descontraídos. Todos falam ao mesmo tempo. Maria não é tão histérica quanto pensamos. Bem que João tinha razão. Jesus está mesmo vivo. Nós tocamos nele, Tomé. Suas mãos têm as marcas das feridas. Não há dúvida. Tomé pede para que se acalmem. Não consegue se empolgar com os depoimentos. Imediatamente é repreendido pelo olhar inconformado de todos. Como pode ser tão desconfiado. Se todos crêem, como pode duvidar? A dúvida coletiva é certeza consentida. Mas a dúvida que difere da comunidade, é incredulidade incômoda, herege. Mas Tomé não abre mão de também tocar no corpo que todos dizem ter tocado.
O retorno de Jesus pela segunda vez faz o primeiro parecer apenas o ensaio para o espetáculo decisivo. Perdoe-me a predileção por Tomé. Mas parece até que Jesus reeditou a entrada na casa somente por Tomé e sua dúvida atrevida. Tomé tem os olhos arregalados. A presença do Cristo tão desejada sublima tudo o mais. A fala parece decorada. Paz. Toque, Tomé. Jesus parece estar dizendo com os olhos que veio só para ele. Corpo tocado, voz ouvida, fé devolvida. Dúvida satisfeita. Poucas palavras. Senhor meu e Deus meu.
Não vejo Jesus censurando Tomé aqui. Também não o vejo dando uma bronca em Tomé. Não se livra nem de quem duvida, nem de sua dúvida. Ao contrário, aproxima-se dele o suficiente para dar à sua dúvida a importância devida. Mesmo sendo a dúvida mais preguiçosa, a última, a mais adiada. O único aspecto negativo da dúvida de Tomé, aparentemente, foi o da revelação que Jesus faz de que não duvidar é uma condição bem mais tranqüila que a de duvidar: “Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram”. Mas sobre isso há outras coisas a considerar.
Na verdade, a dúvida de Tomé alimentou o nosso cristianismo com verdades lindas. Basta um olhar retrospectivo na narrativa de João. Certa vez, depois de Jesus afirmar que os discípulos não precisavam ficar preocupados com sua morte, pois sabiam o caminho para onde ele ia, Tomé apresentou a sua dúvida da forma mais estraga-prazer possível: “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?” A resposta de Jesus é uma pérola do evangelho: “Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim. Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto”.
E como já foi dito, a única aparente repreensão de Jesus à dúvida de Tomé é muito mais uma promessa de que o testemunho dos apóstolos teria êxito: “Então Jesus lhe disse: “Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram”. Uma referência provável ao fato de que muitos iriam crer apenas pelo testemunho dos apóstolos.
Mas com Tomé nós descobrimos que podemos duvidar de muita coisa, mas há algumas coisas das quais não precisamos duvidar. Tomé nos ensina que é possível duvidar de tudo sem duvidar de sua própria fidelidade. Em outra narrativa de João, aprendemos de novo com Tomé. Mesmo sem entender boa parte das coisas que Jesus falava e fazia, mostrou ter uma disposição radical de não dar as costas a Jesus. Mostrou-se mais fiel que crente.
Jesus tinha amigos muito especiais em Betânia. Eram três irmãos, Marta, Maria e Lázaro. Este adoecera mortalmente. Jesus que já curara tanta gente com quem não tinha nenhum laço afetivo, agora estava longe dos amigos. Avisado da morte do amigo, demorou ainda dois dias para reunir os discípulos e tomar as providências da viagem. Logo foi advertido de que a última passagem pela Judéia fora desastrosa. Há risco de morte. Mas Jesus despreza o risco sem desmentir a viagem temerária. Avisa que Lázaro está dormindo e de que vai acordá-lo. Falava de ressurreição. Mas ninguém estava entendendo a conversa de Jesus sobre Lázaro não estar morto, mas dormindo, mesmo todos sabendo de que já ele havia morrido. Todos discordavam da idéia de Jesus de volta à Judéia. O texto sugere que havia séria resistência entre os discípulos em acompanhar Jesus. Quando entra em cena Tomé. Também duvidando e apesar disso, estava disposto a não abandonar Jesus. Tomé só tinha uma convicção, todos morreriam. E ele estava disposto a morrer com Jesus. Suas palavras não são uma expressão de otimismo, mas de amor fiel: “Vamos também para morrermos com ele”.
Tomé mostra-se mais fiel que crente. Sua fidelidade era maior que seu otimismo. Sua capacidade de ser fiel era mais forte que sua capacidade de crer. Descobrimos com Tomé que é mais importante ser fiel que acreditar. É mais importante obedecer que ter fé. O que dá todo sentido ao que Jesus declarou serem suas grandes expectativas sobre os discípulos. Não eram de grandes e heróicos atos de fé, mas em atrevidos atos de amor: “Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço.”
Recentemente ouvi alguém justificando a vocação ministerial de uma pessoa questionável. Dizia que apesar dele ser um mau caráter, Deus o usava muito porque era um homem de fé. Aí eu me lembrei de certo político paulistano, sobre quem se dizia algo parecido: “rouba, mas faz.” Esta não é a lógica do Reino: é infiel, mas tem fé. Jesus esvazia esta lógica: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!”
Chego a pensar que a neurose protestante com as dúvidas tem gerado a pior dúvida: a dúvida da integridade. Tomé não duvidou de sua integridade. Há uma dose atrevida de integridade em sua dúvida. É preciso repetir, todos duvidaram. A casa caiu para Tomé porque duvidou contra todos. A interpretação que damos à dúvida de Tomé é devassadora porque enxergamos na sua dúvida o que mais tememos: alguém duvidar do que todos não mais duvidam. É a dúvida do herege. É necessário olhar de novo.
Todos os demais discípulos estavam com medo. “Ao cair da tarde daquele primeiro dia da semana, estando os discípulos reunidos a portas trancadas, por medo dos judeus”. Todos os demais discípulos somente creram quando viram Jesus e as marcas da crucificação. “Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se quando viram o Senhor”. Todos os demais discípulos duvidaram do testemunho das mulheres de que o sepulcro estava vazio e Jesus, vivo. (Lc 24.11) “Mas eles não acreditaram nas mulheres; as palavras delas lhes pareciam loucura.” Apenas Tomé duvidou quando todos não mais duvidavam. Apenas Tomé colocou em questão o discurso já aceito por todos “Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei”. E Tomé não condenado por agir assim. Quem o condenou? Os demais discípulos? De forma alguma e em momento algum. Talvez porque ainda não existisse uma estrutura de poder construída em torno da fé. Quem condenou Tomé foi a (des) leitura religiosa do texto. Nossas estruturas religiosas têm muito que defender. A instituição não pode ser desestabilizada pela dúvida já superada. A dúvida teimosa é heresia. Nós condenamos Tomé. Por nossa causa Tomé é rejeitado. Por causa da estabilidade de nosso discurso é que assimilamos e propagamos a visão dominante que faz de Tomé um crente sem valor e nele, todo o que duvida. Mas não é assim que a narrativa enxerga nem Tomé nem os demais.
A dúvida de Tomé é uma manifestação de integridade que não pode ser desperdiçada pelo autor de nossa fé. Ele volta para Tomé e faz parecer apenas ensaio tudo o que já aconteceu. O Reino de Deus é de Tomé, de quem tem coragem para não se deixar corromper pelo medo da dúvida teimosa, da dúvida do herege.
Não se deixou amputar em sua dúvida como parte preciosa de sua fé. Mas também a sua dúvida o conduziu a superar qualquer dúvida sobre o que mais importa na fé em Cristo, a dúvida do amor. Tomé não duvidou do quanto Deus estava ocupado com suas angústias. A grande verdade de Tomé foi internalizada. Sua grande verdade foi o amor que toca mais que discursa.
A cena é constrangedora. Jesus não tinha necessidade de ser acreditado. A crença de Tomé nada acrescentaria à ressurreição de Jesus. No entanto, Jesus não apenas volta como se sujeita à dúvida de Tomé. Convida-o para tocar nas marcas de sua maior humilhação. Expôs para Tomé, para tirá-lo da dúvida, as marcas de suas dores e fraqueza. Humilhou-se à baixeza das exigências de quem duvida.
Mais, o texto sugere que Jesus volta com uma única missão: visitar Tomé em sua dúvida. A dúvida de Tomé é dona da agenda de Jesus para aquele dia. Na primeira vez que Jesus visita os discípulos, Tomé não estava lá. Ele volta e João dá a entender que o faz apenas para servir Tomé nas exigências sofridas de seu coração aflito. Diante de tão grave gesto de amor, Tomé só consegue dizer uma coisa: “Senhor meu e Deus meu!”.
Muitas vezes eu desperdicei oportunidades de amar meus filhos. A menina se feriu fazendo algo que estava proibido. Ao invés de simplesmente acolher e amar, ocupei-me, irritado, de tão obcecado em ter razão, ou de apenas em me livrar de uma falsa culpa, ou em ser justo, ou ainda, bem sucedido na educação, em derramar broncas e lições de moral. Como me arrependo de ter agido assim tantas vezes. Acho que aprendi a lição. Deus não faz assim. O momento do ferido é apenas o momento de amar. É como faz com Tomé. Como anunciado por Isaías: “Eis o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido, em quem tenho prazer. Porei nele o meu Espírito, e ele trará justiça às nações. Não gritará nem clamará,nem erguerá a voz nas ruas. Não quebrará o caniço rachado, e não apagará o pavio fumegante. Com fidelidade fará justiça.”
A dúvida em Tomé é um convite a não desperdiçarmos nossas questões, nem as mais aflitas. Vertigens de nossa humanidade. Manifestações da nossa maior verdade, a verdade de sermos e não a de sabermos. Janelas que escancaram nossa alma para a brisa libertadora do amor de Deus. Que só é amor porque somos tão livres quanto imprecisos.
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