Partindo dos atributos onipotência, onipresença e onisciência jamais chegaremos ao Deus revelado por Jesus. Ele esvaziou-se dessas coisas (se é que as possuía). Jesus, para nos revelar Deus, esvaziou-se daqueles três atributos, não deixando, porém nunca de ser pessoal e amoroso.
Para conhecermos quem é Deus precisamos sondar cuidadosamente a humanidade de Jesus.
Parece-me que Deus não é onisciente, nem tanto por limitação, mas por opção. "O dia de amanhã cuidará de si mesmo", aconselhou-nos o Carpinteiro de Nazaré.
Deus, então, para manter-se coerente e dá-nos o exemplo, deixa o futuro cuidar de si mesmo.
Antes que você tire Deus do tempo e do espaço, advogo minha posição ao trazê-lo, novamente, para estas dimensões tão rasas. Afinal foi Ele mesmo quem deu o primeiro passo nessa direção, deixando seu paço celestial e vindo nascer num estábulo.
Jesus foi, aliás, um homem inteligentíssimo que gostava muito de metáforas, eis uma delas:
"Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados".
Quer outra?
"Contudo, nenhum deles [pardais] cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês".
O que o Mestre dos Mestres está falando aqui é figurativo. Deus não mantém um banco de dados com o número de cabelos de nossas cabeças, nem está assinando formulários para autorizar morte de pardais. Ele está apenas dizendo que Deus está no comando, por isso não precisamos temer ao mal, mas sim a Deus, nosso Pai. O mal está aí, e parece triunfar, mas Deus é maior do que o mal! Não há razão para temer. Para deixar isto bem claro Jesus precisava usar uma ilustração bem forte.
A suposta onisciência de Deus, que não passa de uma subdivisão de sua suposta onipotência, deve ser relativizada se quisermos vislumbrar um Deus mais pessoal e mais real.
Gosto quando o salmista diz “tu me sondaste e me conheces…”, ou “sonda-me e conheces o meu coração, prova-me e conheces os meus pensamentos”. É também notório quando Deus diz a Abraão, “agora sei que não me negarias o teu próprio filho”.
Deus está se esmerando na atividade de conhecer-nos, talvez a mais ousada ação nesse sentido foi ter tornado-se homem.
Mesmo assim ele não conseguirá conhecer todos, especialmente aqueles que estão ocupados em profetizar, em realizar milagres e em expulsar demônios no nome dele. A esses ele terá que revelar também sua desconcertante não onisciência:
“Nunca os conheci.”
Por Roger
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