sábado, 27 de março de 2010

Pedagogia da Graça



Um amigo meu que freqüentou uma igreja histórica sesquicentenária por muitos anos de sua vida, presenciou atitudes austeras de pastores e presbíteros em reuniões onde sentenciavam jovens que engravidavam antes do casamento. Presbíteros do conselho já nem mais consultavam o manual de disciplina, pois decoradamente sabiam o artigo e parágrafo onde a ré se enquadrava. A punição era anunciada com certa alegria (em forma de piedade pervertida) para a igreja, pois a sã doutrina estava sendo cumprida a risca. Mais uma medalha era colocada no peito da ortodoxia, que seguia única vencedora nesta igreja. A adolescente arcava com os danos psicológicos de ser apontada na igreja como exemplo a não ser seguido, pois quebrara os mandamentos do sagrado e sua punição era além da suspensão dos “privilégios da ceia” era isolada por todos, como uma pessoa contagiosa, o patinho feio que poderia transmitir seus pecados para o restante do puro rebanho.




Este meu amigo acabou saindo desta denominação e esta agora em outra, com o nome idêntico, entretanto sobre tutela de outro Supremo Concílio. Entretanto um caso de gravidez de uma menina de 16 anos aconteceu nesta igreja dele. Apenas a mãe e a filha adolescente freqüentavam a igreja, e ambas foram conversar com o pastor, para contar o ocorrido. Qual o resultado? No culto dominical, o pastor chama a menina na frente e diz que tem algo muito importante a comunicar, que a adolescente esta grávida e que toda a igreja esta em festa e deve comemorar esta alegria com a garota. Foi feita uma oração para que a gravidez ocorra tudo bem e que todos deveriam se festejar com a menina, pois em breve um bebê estaria alegrando todos os membros presentes. O pastor abraçou a menina carinhosamente e disse que a igreja estaria dando todo apoio no que fosse preciso durante e depois da gravidez.



Alguns chamariam este fato de ortodoxia generosa, outros de apostasia e afrouxamento da doutrina. Gosto de chamar de simplesmente graça, na hora que a menina precisava de maior acolhimento, ela recebeu de Deus através do pastor e da igreja. Este, creio eu ser o verdadeiro caminho estreito a ser seguido, em detrimento do caminho largo e dogmático. A comunidade tem que ser inclusiva e não um gueto que exclui os que não seguem seus dogmas, regras e manuais.



Com essa atitude, uma voz do norte poderia questionar que esta se abrindo a porta para a libertinagem, pelo contrário, a pedagogia da graça corre por outros caminhos, pois isso tem feito que os jovens e adolescentes tragam suas dúvidas e questionamentos para a igreja, ou seja uma comunidade terapêutica esta sendo formada, sem querer forçar a natureza com medidas de imposição, a atitude educativa esta produzindo seus frutos. Ahh .. antes de finalizar esse texto, antes que alguém pergunte, é o pai da criança? Até onde estou sabendo, não está envolvido na igreja e nem na vida da adolescente, o pastor disse que não precisa casar se não amar a pessoa. Como fiz Philip Yancey, a graça é como a água límpida, consegue descer aos locais menos acessíveis e leva vida, e vida em abundância.



By Alex Fajardo


Vi no blog http://alexfajardo.wordpress.com/

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