Fico imaginando, se tivesse a oportunidade de ter sido contemporâneo de Jesus, que tipo de pessoa seria. Quando leio os Evangelhos procuro sentir empatia de cada indivíduo ou grupo posto diante da mensagem e da pessoa de Cristo. Ora sou um judeu desiludido como o domínio romano sobre a nação. Ora um pecador rejeitado e sem dignidade, talvez um publicano, um ladrão, assassino ou prostituta. Quem sabe, um leproso ou um endemoninhado. Ou um enfermo, coxo, cego, surdo ou paralítico. Talvez um fariseu, um versado na lei, um zelote como Pedro, um saduceu ou essênio. E se fosse um servidor romano? Um gentio grego ou, possivelmente, um samaritano? Um mendigo ou um jovem rico?
A questão é como eu reagiria àquele homem? Interessaria-me ou não pela sua mensagem? Desejaria ou não segui-lo? Amaria ou não? Entenderia ou não? Talvez fizesse parte do coro: “Crucifica-o!”? Gostaria de saber.
Não posso deixar de pensar caso não houvesse nascido num país “cristão”. Teria recebido as boas novas do Evangelho caso fosse um hindu? Ou um muçulmano? Um budista? Um satanista? Seria fácil aceitar uma proposta de vida totalmente nova? Encontraria sentido na encarnação, na cruz, ressurreição, na salvação e na graça? Não sei dizer. Só posso conjeturar.
Posso não chegar a nenhuma conclusão. Mas, para mim, é um exercício de fé. Torno-me mais próximo dos distintos tipos de pessoas. Fico sensível ao contexto de vida de cada indivíduo ou grupo. Então, “sendo livre de todos, faço-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Procedo, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim o vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Faço-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Faço-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de cooperar com ele.” (I Coríntios 9.19-23).
Quando choro com o que chora, torno o Evangelho acessível tanto quanto Jesus o tornou aos pobres por meio da sua pobreza.
Lembro-me da cena que me foi contada por uma amiga. Ela conta que durante um culto em sua igreja, enquanto todos cantavam e erguiam as mãos “adorando extravagantemente”, notou uma jovem ao fundo que chorava sozinha. Pensou se ninguém havia visto a menina naquele estado. Então, enquanto a jovem corria para fora despercebida, a seguiu rapidamente e foi em seu encontro. Perguntou de onde ela vinha, ao que respondeu:
- Vim da renovação carismática!
Minha amiga conta que ficou tão indignada que sentiu vontade de dizer-lhe para voltar de onde vinha, porque ali ninguém dava a mínima para os seus problemas.
Até quando ficaremos brincando em volta do próprio umbigo? Quando faremos tudo por causa do Evangelho e cooperaremos com ele?
Gostaria de saber como eu reagiria àquela igreja no lugar daquela jovem!
Vi no http://thiagomendanha.com.br/
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