Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar. Atos dos Apóstolos 26:24
Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. 1 Coríntios 3:18
Porque, se enlouquecemos, é para Deus; se conservamos o juízo, é para vós. 2 Coríntios 5:13
Nada é mais libertador para o homem de consciência do que ver-se livre dos demônios da coletividade hipócrita. Entretanto, dura coisa é essa.
Na verdade a maioria dos que ficam livres dos demônios da coletividade são aqueles que se tornam os demônios da coletividade — como é o caso de ladrões, homicidas, estelionatários, corruptos e toda sorte de perverso e de bandido.
Esses, quando presos, cobrem o rosto não de vergonha, mas apenas para proteger a identidade, visando os negócios futuros e a liberdade de ir e vir sem serem identificados.
Mas não é de demônios humanos que assolam a coletividade acerca do que aqui falo.
Refiro-me sim ao oposto disso. Trato de gente boa e honesta, mas que tem a consciência cativa de opiniões (boas ou más).
Isto porque a sociedade criou padrões aos quais chama pelo apelido de reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência, coisas pelas quais as mentes fracas estão dispostas a matar ou morrer; e até suicidarem-se.
Ora, é por tais “valores de cera” que se mente (para manter a reputação), se mata ou digladia (para manter a honra), se fazem inimigos (para manter a dignidade), esconde-se da verdade de ser (em razão da vergonha dos outros acerca de nós), cria-se uma persona fantasiosa para consumo público (a fim de manter a imagem), e adquirem-se bens e símbolos de poder e por eles faz-se qualquer sacrifício (tudo em razão do poder da aparência).
Quando eu era menino fui educado em quase todos esses valores, exceto no que tangia à imagem e à aparência; pois, na casa de meu pai (avós, tios, tias, etc.) esse tipo de farisaísmo nunca existiu.
Na juventude alienada do Evangelho chutei tudo isso para fora do campo, para o fosso, e num fosse tão distante quem nem os gandulas conseguiriam ir buscar tal bola.
Então conheci o Evangelho; e, com ele, pela via do convívio com os crentes, de súbito me vi preocupado com tudo isso — reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência.
Assim, tomei muitas decisões em razão desses demônios educados, mas que nada têm ou tinham a ver com Jesus.
Afinal, tais coisas só têm a ver com Jesus quando se tem a coragem da verdade que é; mesmo quando à volta se chama a bondade do nosso andar por nomes que o falsificam como se fossemos transgressores e amantes do que é mal.
Nesse caso o que é reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência — não são a mesma coisa que tais adjetivos significam para a sociedade hipócrita. De fato, muitas vezes eles significam o contrario.
De um modo geral, entretanto, nem mesmo é bom usar tais termos, posto que eles quase nunca retratam a verdadeira reputação (que tem que ser verdadeira), nem a honra (que tem que ser o que é, sem defesa), nem a vergonha (que tem que ser apenas a tristeza do arrependimento), e nem a imagem e nem a aparência (que têm que ser a cara da gente, e não a nossa máscara).
Jesus, entretanto, disse que tudo o que é elevado entre os homens (e assim mantido pela vida do status e das vaidades relacionais divorciadas da verdade que é) é abominação diante de Deus.
Assim, Ele não deu a mínima para reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência — não conforme os demônios da coletividade; e que nos dias Dele tinham nos religiosos os mais ardorosos Xerifes de tais “virtudes de plástico”; e que tinham nos fariseus os executivos verdugos e carcereiros dos juízos que sobre tais fundamentos de areia são construídos.
Pela reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência — Jesus não teria feito nada, dito nada, realizado nada.
Afinal, como Jesus seria Ele mesmo preso aos demônios da reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência?
Desse modo [conforme Isaías] olhamo-Lo e não vimos imagem, nem aparência e nem formosura, e nem mesmo vimos qualquer coisa que não fosse como uma raiz de uma terra seca; ou ainda, que não fosse como a reputação de um amaldiçoado, ferido de Deus e oprimido. Sim! Um de quem os homens escondem a face e dele não fazem caso; ou seja: desprezam.
Ora, Jesus não ficou assim na Cruz; ao contrario, Ele foi à Cruz por ser visto assim pelos homens!
Ora, além de ver o modo como o trataram e o desprezaram e Dele não fizeram caso, basta também ver os títulos que a Ele deram.
Louco: foi o que disseram os seus familiares; e, depois, os religiosos: “Estás louco?”.
Samaritano louco: foi o que Dele disseram quando Seu amor pelos excluídos ofendeu os incluídos por si mesmos; e quando disse sobre Deus o que eles não podiam suportar.
És Samaritano e tens demônio: afirmaram a fim de ofenderem-no [como se pudessem] chamando de herege sem pedigree puro [Samaritano] e de demente [tentando fazer com que o povo o visse como um desequilibrado].
Suicida: foi o que Dele disseram quando Ele disse: “Procurar-me-eis e não me achareis...”. Disseram: “... tem Ele a intenção de suicidar-se?” — e isto com muita ironia.
Possesso de demônios e possesso de Belzebu: foi o que disseram quando [no 1º caso] Ele disse que era Um com o Pai; já associado ao maioral dos demônios (Belzebu) eles disseram quando Ele expulsou demônios apenas com a Sua palavra [no 2º caso]; o que revelaria uma “intimidade” ente Jesus e Belzebu.
Blasfemo: foi o que Dele disseram o tempo todo, até conseguirem leva-Lo à execução por heresia.
Tens demônio: disseram Dele SEMPRE que Seu discurso ofendia a razão religiosa.
Glutão e bebedor de vinho: diziam Dele por sentar em todas as mesas e não fazer acepção de pessoas.
Amigo de pecadores: em razão de que os marginalizados amavam Sua companhia.
Embusteiro: quando temeram pela Sua ressurreição e decidiram criar uma versão de roubo do corpo; o que veio a prevalecer entre os judeus de então.
E assim vai... E tem mais... Mas esses “títulos” nos bastam a fim de ilustrar a perversidade religiosa ante a verdade incontestável. Afinal, por eles [pelos títulos] Jesus se tornou PHD em anti-titularidade religiosa e moral.
Assim, quem se preocupa com reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência... — ainda nada entendeu do Evangelho!
Re-puta-ção é, de fato, aquilo que se atribui acerca de alguém; sendo que reputar é o imputar que se faz resposta pública à conduta de uma pessoa; boa ou má (do ponto de vista da moral pública). No fim, no entanto, torna-se algo mais comum para a ação da puta que deseja não ser uma re-putada fora da hora de trabalho [Rsrsrs]. Reputação é o que os outros dizem de nós, mas não tem necessariamente nada a ver com quem somos.
Honra é o sentimento da justiça-própria feito direito até de matar. Os crimes contra a honra foram por muito tempo justificáveis.
Dignidade é a valentia dos que sabem que não são o que se diz, e, assim, tornam-se o que não eram no ato de defenderem-se do que não são.
Vergonha é aquilo que acontece depois do flagrante. Mas raramente antes.
Imagem e aparência: são as mascaras que escondem o ser.
Nas últimas três semanas recebi cartas de pessoas me perguntando se eu sabia que a moda entre os “pastores” apavorados com minha existência é dizerem que estou louco. Sabia, mas mesmo assim ri muito. Somente isto.
Ora, se isso fosse há trinta anos eu ficaria louco de angustia e iria procurar tais pessoas para provar que estariam equivocadas sobre mim.
Hoje, entretanto, depois de ser chamado de anticristo, de possesso, de herege, de adúltero, de drogado, de falsário, de intermediador de dinheiro político, de casamenteiro de gays, de estimulador de divórcios, de infiltrado católico para minar os evangélicos, de caído, de desligado de Cristo, de pervertido, etc. — ser chamado de louco é bolinho de bacalhau.
Até oito anos passados eu era chamado por eles mesmos de “Bom Pastor”, “Homem de Deus”, “Santo Varão”, “Profeta”, “Paulo de hoje”, “apóstolo do milênio”, “Presente de Deus à Igreja”, “o maior evangelista”, “o grande pensador”, “o homem sem medo”, “o ousado que enfrenta bandidos e policia”, “a reserva ética da nação”, “um dos cristãos mais influentes do mundo”, e, como disse um amigo americano me disse, e depois uma revista inglesa repetiu: “...uma mistura de Billy Graham, John Stott, Martin Luther King, Jacques Ellul, Kierkegaard, Paulo, e Gandhi”.
Tanto o que de “bom” diziam quanto que de “mal” dizem, é bobagem, loucura e procede do mesmo pai: o diabo.
No primeiro caso [mal] é para tentar achatar e calar você, além de criar um ser para você junto ao povo [versão]. No segundo caso [bom] é para inflar você; e isso faz mais mal do que o que é tido como “mal”.
Aprendi a ser exaltado e a ser humilhado; e, pela Graça de Deus, hoje, tudo posso naquele que me fortalece.
Mudei eu?
Não! Mudaram eles!
E o que mudou? Foi meu divorcio? Ah! Não! Mil vezes não! Afinal, antes de mim muitos pastores de separaram [e de modo totalmente indigno]; e depois de mim muitos outros [pouparei seus nomes]. E o que a eles aconteceu? Ora, nada!
Então por que comigo é diferente?
É diferente apenas porque eu disse que não fazia mais parte da “Confraria Evangélica”. Pois, se eu tivesse dito: “Meus irmãos. Perdoem-me. Pequei. Mas confesso a vocês meu arrependimento. Ajudem-me. Levem-me pela mão. Socorro!” — eles estariam dizendo de mim o que diziam antes. Porém, como entendi que tudo aquilo aconteceu para um fim maior, e que era sair de dentro da caixa-preta evangélica a fim de pregar o reino na liberdade de Jesus nos evangelhos, ele me tiveram e têm como inimigo.
Afinal, quem não é dos evangélicos é do diabo!
Esta é a doença, a blasfêmia e a indizível presunção infernal que os habita!
Assim, quem lê o que eu dizia antes acerca da “igreja” vê que hoje digo as mesmas coisas; só que antes eu era um deles falando (e assim era profeta); e hoje eu sou um de fora deles falando as mesmas coisas (o que me faz louco e herege, no mínimo).
Eu, todavia, tenho muita gratidão a Deus por ter me dado aquela cara de diamante duro que Ele deu a Ezequiel; pois, nem que todos eles se reunissem à minha porta teriam o poder de mover-me um centímetro do lugar no qual o Evangelho plantou a minha consciência.
Quanto ao mais — eles se entenderão com o Grande Louco: Jesus de Nazaré!
O hino que ecoa e perturba a alma desses que de tão loucos desejariam que eu assim estivesse, é um só; e terão que ouvi-lo, caso não se convertam, até na hora de morrer; pois jamais deixará de perturbar as suas consciências.
Assim, meu hino aos falsos protestantes é o hino que cantavam aos católicos medievais, dos quais hoje eles [os falsos protestantes] tornaram-se os principais representantes e remanescentes obscurantistas:
Castelo Forte é nosso Deus, defesa e boa espada; da angústia livra desde o malNossa alma atribulada. Investe Satãcom hábil afãe sabe lutar com força e ardil sem par; igual não há na terra. Sem força para combater, teríamos perdido. Por nós batalha e irá vencerquem Deus tem escolhido.Quem é vencedor?Jesus Redentor, o próprio Jeová, pois outro Deus não há; triunfará na luta. O mundo venham assaltardemônios mil, furiosos, jamais nos podem assombrar, seremos vitoriosos. Do muno o opressor,com todo rigorjulgado ele está;vencido cairápor uma só palavra. O Verbo eterno ficará, sabemos com certeza, e nada nos perturbarácom Cristo por defesa. Se vierem roubar os bens, vida e o lar -que tudo se vá!Proveito não lhes dá. O céu é nossa herança.
(Considerado o hino símbolo da Reforma Luterana, Castelo Forte - letra e música - foi composto por Martinho Lutero em 1528, sob o título Ein feste Burg, com base em passagens bíblicas como o Salmo 46, e trechos do Evangelho de Mateus e da Carta aos Romanos.)
Este é meu canto enquanto blasfemam contra a verdade do Evangelho!
Nele, que é Amigo de Pecadores,
Caio
Fonte: www.caiofabio.com/
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