segunda-feira, 28 de março de 2011

Lutando pela igreja? Qual igreja?






Jefferson Ramalho




Lutando pela igreja? Qual igreja? A do Nazareno? Não se preocupem, amigos; Ele não precisa que ninguém lute por ela. Jesus é Homem o suficiente para defendê-la.



Ou será que estão falando das inúmeras denominações evangélicas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo? Ah, estas muitos de vocês precisam defender, mesmo, pois são suas igrejas, não do Nazareno.



A igreja do Nazareno não tem logotipo, não tem estatuto, não é pessoa jurídica, nem possui nome fantasia. A igreja do Nazareno não possui e jamais possuirá o patrimônio que as igrejas de vocês possuem.



E querem saber? Vocês precisam defender seus patrimônios, mesmo. Vocês, de uma maneira espetacular, sem pregarem teologia da prosperidade como muitos por aí, atingiram um patamar tão elevado que a igrejinha do Nazareno jamais conseguiria.



Qual salário vocês recebem? Que carros vocês dirigem? Em quais bairros vocês moram? Quais marcas de roupas vocês vestem? Em quais escolas seus filhos estudam? Quanto vocês cobram por seus eventos biblicamente corretos?



Agora, não venham me dizer que os empreendimentos de vocês são a continuidade daquilo que o Altíssimo, através do Nazareno, iniciou há aproximadamente dois mil anos. Por favor, pra cima de mim, não!



Qual diferença seus congressos evangelística e socialmente corretos têm causado na sociedade? Os cafés que organizo e organizei nunca tiveram tal pretensão. Sempre foram encontros sem pretensões evangelísticas ou sociais. O intuito nunca passou de intelectual e o custo nunca ultrapassou os impagáveis R$ 10,00 para que todos possam tomar um bom café da manhã, custear as despesas – não os luxos eclesiasticamente corretos – dos palestrantes, e as despesas de divulgação impressa e virtual.



E vocês? Quanto vocês cobram por suas vozes preciosas e mentes brilhantes? Nada? Mas ficam emburrados quando não rola nenhuma ofertinha! Será que as suas palestras, na verdade, não são mais um “show da fé” com outro nome e estilo? Falemos a verdade: é grana ou não é grana que movimenta o negócio de vocês?



Quero deixar claro, aqui, que tem muita gente boa que se sentirá atingida injustamente ao ler mais esse desabafo. Outros, que deveriam ler e se enxergar, nem tomarão conhecimento que essas linhas foram escritas. Se souberem e lerem, dirão a si mesmos: mais uma desse Jefferson idiota! Piores serão aqueles que imediatamente se doerão pelo que estão lendo, pois são aprendizes que sonham em um dia não ter de fazer nada da vida para depender de uma igreja com a desculpinha esfarrapada de que estarão cuidando de gente!



Como já ouvi de alguns sábios de cabelos brancos: Serviu-lhe a carapuça? Então leva essa!



E aqueles puxa-sacos, bajuladores e bajuladoras de teólogos e pastores que, na necessidade de tentar garantir um futuro incerto, me chamarão mais uma vez de arrogante, frustrado e ingênuo!



A crítica que mais me chamou a atenção foi aquela que me colocou como decepcionado com a igreja institucional porque não consegui o que queria quando estive nela. Veja: isso não é crítica. É verdade! Eu queria realmente, como alguns – talvez a maioria – dos que criticaram meu texto "Sem igreja, graças a Deus!" poder um dia viver às custas de gente simples, viver pregando de igreja em igreja, dando aula de teologia e história da igreja não por profissão, mas por interesses disfarçados de vocação e devoção, e o que mais vocês quiserem listar nesta soma de tarefas exaustivas e prazerosas que tantos fazem porque realmente amam o que fazem. Oxalá fosse assim!



Será que preciso dizer que não estou generalizando? Acho que sim, porque senão alguns que faltaram – ou dormiram – às aulas de hermenêutica entenderão que estou falando de todos. Claro que não estou falando de todos! Sempre há raríssimas exceções. Raríssimas, mas há! Aqueles que, ainda assim, se sentirem agredidos, o que posso fazer por eles? Bajulá-los? Jamais! O fato de se sentirem ofendidos talvez lhes esteja respondendo que não compõem o grupo das raríssimas exceções.



Conheço um... Somente um! Este sim; não preciso mencionar seu nome! Ama a alma humana, crê num montão de coisas que duvido, mas ele crê com a alma. Tem defeitos como todo humano. Seu nome não precisa ser mencionado, pois a exemplo do Nazareno, ele não recebe glória humana. Logo, seu nome, pra quê ser mencionado? Para mim, basta que eu o conheça e o reconheça. Dignamente sustenta sua família, exercendo o ofício profissional que o Altíssimo o ajudou a alcançar. Nem por isso ele deixa de ser pastor, de ser esposo, de ser irmão, de ser amigo de gente que está sempre precisando dele. Por ironia, ele também é professor. E que professor!



Não quero ser agressivo, porque sei que não sou. Não quero aparentar incredulidade, porque creio até demais. Não quero ser mentiroso, porque não tenho sido quando escrevo. O fato é que às vezes, cá com meus botões e com minha esposa, digo o que estou pensando: no fundo, no fundo, eu acho que acredito mais em Deus e na igreja do que todos esses caras juntos. Eles não acreditam nela; eles dependem dela, é diferente!



Escrevi esses dias: “A igreja nunca lhe fará falta, você sim fará falta pra ela”. Enfatizei que essa segunda “falta” tem a ver somente com uma coisa: dinheiro, muito dinheiro. Um amigo complementou: dinheiro, trabalho escravo etc. Pois é! Eles ganham, sempre! Os outros, que sejam voluntários! Que palhaçada! Jesus Homem adoraria ver essa estupidez; e adoraria mais ainda quando soubesse que estão fazendo isso em nome dEle.



Brigaram comigo por causa do texto "Sem igreja, graças a Deus!" Ouvi e li de tudo. Não achei que fosse pra tanto! Arrogante, fracassado, mais um que se diz cansado, incrédulo, herege, cachaceiro, desviado, ingênuo, irresponsável, incoerente, frustrado etc.



Graças a Deus por essas palavras de elogio! Continuo sem igreja, e quando constato que são esses que a compõem, mais distante dela pretendo permanecer. É mil vezes melhor continuar fazendo todas aquelas coisas que listei no texto anterior, pois naquelas sim há comunidade, há unidade, há comunhão, há vida, há sinceridade, há espiritualidade, há Jesus de Nazaré sempre e presente.



Ou você é inocente ao ponto de achar que se o Mestre passasse hoje em frente à igreja que você frequenta, Ele perderia tempo entrando nela? Prefiro acreditar, com a garantia do que nos mostra a Seu respeito no evangelho, que Ele escolheria a mesa de uma boa chopperia ou até mesmo de um simples boteco... E, certamente, ele não beberia refrigerante!



Na Graça,

Jefferson
 
 
Vi no http://jeffersonramalho.blogspot.com/

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