sexta-feira, 18 de março de 2011

Deus perfeito ou imperfeito?




Para os gregos perfeição é algo pronto, acabado, sem falta de nada.






Ao ler as transcrições das falas apaixonadas de Deus, como aquela que diz sentir falta de seus filhos ou quando Jesus disse que aguardava ardentemente o momento da ceia com seus discípulos, percebo claramente como descrições de falta. Se não forem, então não sei do que se tratam. Segundo isto, posso dizer que o Deus revelado nas Escrituras, é bem diferente da concepção grega.



Pesquisei, procurei, insisti e não achei na bíblia, quer dizer no pensamento judaico, esta descrição de perfeição para Deus segundo estes moldes gregos.



Para Jesus, ser perfeito como Deus é amar a todo mundo indistintamente (MT 5:43-48). Jesus ensinou a um rapaz que se ele quisesse ser perfeito deveria dar tudo o que tinha para os pobres. Nisto vejo claramente uma alusão a Deus que deu o que lhe era mais precioso: seu unigênito.



O escritor aos Hebreus diz que Deus tornou o “autor da salvação” perfeito mediante o sofrimento (Hb 2:10). Poderíamos afirmar pelos critérios gregos que Deus era incompleto, portanto, imperfeito.

Mas pelos critérios judaicos, perfeito, porque perfeito é o amor que se dá por completo, até as últimas conseqüências de amar.

Resumindo a ideia, diria que a perfeição de Deus não é completude, mas plenitude. Deus antes da criação era incompleto, porque nunca havia experimentado as faltas, o sofrimento, mas era pleno, pois Deus é amor.



Teria então a criação lhe causado sofrimento?

Parece que sim, pois Pedro faz referência a um cordeiro sacrificado antes da fundação do mundo. Mas este sacrifício, ou sofrimento é do amor. Quem ama padece. Quem ama gasta sua vida. Quem ama como Deus dá a sua vida para que o outro tenha vida. Somente vida gera vida e como diz Jesus somente a que se esvai: Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto (Jo 12:24).



Quando nos referimos ao sacrifício divino temos o hábito de pensarmos somente na cruz. A cruz é símbolo que representa todo o sacrifício, mas o sacrifício todo é desde a criação. Ele se deu para que surgíssemos (criação) e se deu para que existíssemos (redenção) e na pessoa do Espírito Santo continua se dando para que sejamos filhos (justificação). O Pentecostes registrado em Atos não é um evento estanque e definitivo, mas um símbolo daquilo que Deus continua realizando pela e para a humanidade, conforme nos ensina Paulo pelos estudos gregos: 'Pois nele vivemos, nos movemos e existimos', como disseram alguns dos poetas de vocês: 'Também somos descendência dele' (At 17:28).



Portanto, Deus dinâmico como a vida e aquele que permanece o mesmo, não só fez alguma coisa, mas fez, faz e fará. Ele é o que era, que é e que há de vir.



Eliel Batista



Vi no http://www.elielbatista.com/

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