sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A inveja caiada



Sobre o recente episódio Caio contra Gondim (via Pavablog) não há muito o que ser dito. Mas muito que se lamentar. Nesse último vídeo Caio Fábio faz um ataque mais direto a um amigo que prezamos, e isso dói.




Nossa reação é tomar partido, fazer piadinhas para diminuir a figura do amazonense - como a do título desta postagem que mistura o nome Caio com a hipocrisia do Cal, é chamá-lo respeitosamente de bundão mor, invejoso e coisas do gênero. Uma outra possibilidade é partirmos para a análise fria de todo o perfil psicológico do cenário verborrégico do cidadão e assim denegrir descordialmente a já arranhada imagem de alguém que já surfou homericamente na crista da onda, até tomar o famigerado caixote e jazer na praia com a boca cheia de areia e algas.



Ao percebermos que nosso desafeto reagiu ao ser chamado de invejoso, supõe-se que ali esteja o ponto fraco, e poderíamos usar a tática de cutucar essa ferida até vê-la sangrar.



É lamentável tudo isso, mas é humano, acontece nas melhores famílias.



No fundo, pensando melhor, essa guerra – a da inveja, do ciúme, do orgulho, das ambições – é uma guerra sem vencedores. Mais do que partidarismo, prevalece contudo um desejo ou um sentimento de justiça. Percebemos que há um ataque gratuito, um dano moral, um abuso. Nasce então o desconforto e a necessidade de punir o mal, o malfeitor, ou no mínimo detê-lo, ridicularizá-lo...



Nesse afã a internet está carregada e até lenta por causa das lutas de gladiadores virtuais. Eu mesmo me coloco vez ou outra no centro da arena para vexame próprio, na ilusão de que ao ver o inimigo caído ensanguentado, poderei bater no peito e ser alvo da admiração de um platéia de dezenas ou quiçá centenas de internautas.



O coração acelera. Os nervos se contorcem. Por que Deus quereria a doçura da vingança só para Ele? Por que caberia ao frouxo e injusto estado o papel de vingador? Até quando esperar? Vencer o mal com o bem seria uma máxima absoluta? Onde estão os limites dessa regra que nos empurra para a covardia com a desculpa de estarmos sendo espirituais?



Por que não admitirmos nossas próprias DÚVIDAS ao invés de encobertá-las? Por que manter uma fachada para reivindicar um papado perdido, vendido por um manjar de lentilhas?



Por que atacar a POESIA, não é ela quem nos liberta do abuso que a razão faz das palavras transportando-nos para a dimensão pura da comunicação?



Mais uma vez, lembro-me do Pequeno Príncipe.



A fala é a fonte dos mal-entendidos.



A atitude de Caio Fábio me revelou: Nem tanto que a fala faça com que uma pessoa deixe de fazer-se entendida a outra; mas muito mais, a fala tem o dom mágico de fazer com que outras pessoas entendam e percebam coisas sobre seu coração, que nem ela mesmo, entende ou perceberia – talvez sim, se tivesse permanecido no silêncio.



Houve um dia em que eu sonhara em ser um pacificador e poder, quem sabe assim, ser chamado filho de Deus. Fracassei um sem número de vezes.



Admiro porém os perseguidos, pois sei que a eles está reservado o Reino dos Céus. Até chego a invejar aqueles que são perseguidos de forma tão efêmera, como via internet. Sei que a dor das pedradas virtuais dói infinitamente menos que a dor das pedras verdadeiras. Não quero dizer com isso que seja café pequeno, o ser perseguido só com palavras, não, constrange, ofende e dói.



Tem muita gente que paga injustamente e sofre danos morais, mas tem gente que pagou com sangue e vida. A estes eu só admiro e, por covardia própria, não chego a invejar.




Vi no http://teologia-livre.blogspot.com/

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