sexta-feira, 18 de junho de 2010

Deus Perfeito



Não conhecemos o Deus perfeito como da descrição dos gregos.

Só conhecemos o Deus da e na história.



O Deus perfeito é um deus do mundo das idéias. Evidentemente uma imagem que melhor se adéqua à descrição de alteridade - de um Deus para além de nós. Isto é muito importante para reconhecermos Deus em sua “complexa” singularidade. Mas nossa fé apregoa uma vida a ser vivida com o Deus vivo e real. Por isso para a nossa fé, interessa o Deus da e em nossa realidade. Este que homens e mulheres podem testemunhar porque o percebem em suas vidas e ao redor.



Logo na abertura da Bíblia encontramos Deus perguntando: Adão onde estás? Esta narrativa demonstra uma imperfeição de alguém que não sabe e não está ou estivera presente.

Este é o Deus que as Escrituras revelam. Um Deus inserido e adequado à nossa realidade que muda (Jr 18:8-10); que às vezes não sabe ao certo o que os homens farão (Jr 26:2-3; Dt 8:2); e até mesmo o que fazem (Gn 18:20-21).



Não discuto o fato de Deus ser perfeito, assim creio. Apenas coloco que o Deus acessível se manifestou a nós, se revelou dentro de nossa capacidade de constatação e se fez adequado à nossa intelectualidade, portanto imperfeito.



Nosso Deus só pode ser descrito como perfeito, na dimensão do amor. Não conhecemos e nunca vimos o Deus perfeito grego. Mas a Bíblia nos insere a um Deus amoroso e bom. Sendo amor é pertinente à nossa sensibilidade e compreensibilidade, mas para as definições gregas, imperfeito. Para amar chegou ao extremo de se fazer igual e assumir todo o sofrimento humano. Este Deus encarnado é o único que conhecemos.



Se fizermos o caminho das definições, até mesmo quando pensamos no nada, para nós trata-se de alguma coisa, porém negada. O nada acaba não existindo como descrição. Isto nos leva a perceber como apenas interpretamos nossa existência. O referencial que temos para descrever qualquer coisa é este. A perfeição descrita por nós é aquela que nega nossa realidade. Sendo assim se insistirmos em definir Deus a partir da perfeição o negamos e contradizemos nossa fé, pois a revelação de Deus se dá na afirmação e não negação da realidade. Se não me falha a memória foi Tomás de Aquino que disse que “só conhecemos Deus pela negação”. Isto é verdadeiro se o tomamos como perfeito, mas se compreendemos a encarnação, podemos conhecê-lo em toda sua plenitude aqui neste mundo.



Definir Deus como perfeito e defendê-lo dentro desta categoria é idealizá-lo. O problema é que de nada vale servir a um Deus idealizado, porque este não participa da nossa imperfeita realidade, mas apenas da teoria. Este Deus perfeito não fala conosco, nem toca a nossa vida. Somente o Deus amor. Idealizado até conseguimos tê-lo como alvo de fé, mas não como o Emanuel que nos acompanha e está inserido na nossa história.



O Deus perfeito só participa como um Deus para além de nós. O Deus Emanuel já chegou e sempre está. Hoje é dia de salvação. Hoje devemos ouvir sua voz. Sendo assim, vivamos o Emanuel inserido na nossa realidade. Esta é a firme âncora das nossas almas, Jesus Cristo, que nos assegura para dentro de onde ainda não chegamos: ao encontro do Deus invisível, mas real.



Eliel Batista



Vi no http://www.elielbatista.com/

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