sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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Somente para imperfeitos



Uma igreja evangélica na região mais boêmia de São Paulo




“Nós não temos medo de errar. Temos medo de não amar.” A frase é proferida pelo designer pernambucano Kleber Freitas, 28 anos. Residente em São Paulo há três anos, Kleber freqüenta nos últimos doze meses a Vineyard Capital, a igreja da Baixa Augusta.



A Rua Augusta é uma das mais conhecidas vias urbanas de São Paulo e sempre se destacou pelo seu caráter boêmio. Repleta de botecos, baladas e boates para todos os gostos, também é famosa por concentrar, desde o final da década de 80, boa parte do meretrício do centro da capital, na região que é conhecida como “Baixa Augusta”. Casas de prostituição com nomes sugestivos como “Babilônia” ou a auto-explicativa “Las Jegas”, compõem o cenário da rua em que algum dia alguém entrou “a 120 por hora”.



Além dos cantores da Jovem Guarda diversas personalidades paulistanas já elegeram a “dona Augusta” como reduto cultural da cidade. É de se estranhar que a região tenha ficado ao abandono durante boa parte dos anos 90, tendo sido invadida pelo tráfico e consumo de drogas, os quais, junto com a crescente prostituição, acabaram por afastar boa parte da população. Porém, a partir do começo da última década, uma iniciativa de admiradores se empenhou em trazer de volta o aspecto cultural, investindo em teatros, cinemas e clubes noturnos “moderninhos”. Restaurantes e redes fast-food de culinária internacional incrementaram a miscelânea urbana que é a Rua Augusta, um lugar onde realmente é possível encontrar todas as tribos de São Paulo. Em menos de dez minutos de caminhada pela área, pode-se encontrar de patricinhas a engraxates, além de homossexuais, moradores de rua, cinéfilos, punks, prostitutas, emos e universitários. Por incrível que pareça, a convivência é pacífica e harmoniosa e a diversidade está totalmente ligada ao espírito do local.



Uma igreja na Augusta?


Talvez a última coisa a se esperar para os que conhecem a região é o fato de que uma igreja cristã tenha se instalado no “point” alternativo mais conhecido da capital. Mais estranho ainda porque, à primeira vista, não é possível distinguir quem é membro da igreja e, quem está apenas “gastando tempo na rua”. Mesmo alguns freqüentadores novatos das reuniões, que sempre acontecem nos domingos à noite, costumam demorar a entender que estão participando de uma igreja. Sidney Silva, 30, conta aos risos: “Teve um cara que ficou uns dois meses participando todos os domingos e foi procurar o pastor. Disse que se sentia bem, que se sentia motivado e perguntou qual seria o próximo passo. Ele queria saber se já estava na hora de procurar uma igreja”.



A quebra de paradigmas é levada a sério. Segundo Kleber, há uma preocupação em ser uma igreja cristã sem que haja a necessidade de controlar a vida das pessoas. “Um dos nossos domínios na internet é ‘Porque eu odeio religião’. Boa parte das pessoas que fundaram a igreja veio de contextos religiosos diversos, após sofrerem por não se encaixar com as normas. Aqui, nós não entendemos o cristianismo como regras a serem seguidas. Não é entrar em uma caixa. A maioria das igrejas prega hoje que você precisa fazer isso ou aquilo para ser cristão e na verdade a única coisa necessária é andar na direção que Jesus ensinou.”



O que é Vineyard?

As comunidades Vineyard existem no Brasil há cerca de 15 anos, mas como o próprio nome denuncia, a proposta original nasceu no exterior. Mais especificamente na Califórnia (Estados Unidos), quando, durante o começo da década de 70, um grupo de hippies recém-convertidos ao cristianismo passou a fazer reuniões semanais de ações de graças. Um pastor, John Wimber, se uniu ao grupo e criou as características (ou como eles preferem, valores) essenciais ao movimento. O grupo se multiplicou e atualmente existem aproximadamente 800 comunidades Vineyard apenas em solo norte-americano. No Brasil, são pouco mais de uma dezena de igrejas espalhadas pelo interior de São Paulo, Rio de Janeiro e alguns estados da Região Norte e Nordeste. Na maior metrópole brasileira, a Vineyard Capital é a primeira igreja representando o movimento.



No final de 2008, em São Paulo, um grupo de jovens cristãos, inconformados com os rumos das igrejas evangélicas, resolveu lançar uma proposta diferente de comunidade. Kleber explica: “Dois amigos, o José Mônaco e o Jota Mossad tiveram a idéia de criar um projeto de uma nova igreja. A primeira coisa lançada foi um site, o Proibido Pessoas Perfeitas. A partir daí a coisa começou a tomar forma e pouco tempo depois marcamos a primeira reunião”. Segundo o designer, desde o início da proposta já havia uma definição de que a igreja seria na Rua Augusta. “O nosso grupo já se identificava com a Augusta. Toda a loucura, caos, mistura. Sem contar que igrejas cristãs mais tradicionais nunca tiveram interesse no local. Então, ao invés de competir por espaço, quisemos realmente começar algo novo.” Quando questionados sobre esta predileção pelo local para se formar uma nova igreja, Jota Mossad, um dos fundadores, simplesmente coloca: “E porque não na Rua Augusta?”. Alguns dos membros, explicam sua visão particular a respeito da necessidade de uma igreja na região: “A Baixa Augusta é conhecida por abrigar prostitutas e moradores de rua, ou seja, pessoas que são “esquecidas” pela sociedade. E, teoricamente, o que uma igreja deve fazer é acolher essas pessoas e mostrar que elas também são importantes e amadas”, explica a sorridente Cíntia Rodrigues, cantora profissional, membro da igreja há quatro meses.




Igreja colaborativa


Em março de 2009, o grupo oficialmente abriu suas portas. Por falta de um local próprio, a igreja funciona no salão de um hotel. “É bom porque nossa única despesa é o aluguel. Aqui nosso foco não é pedir dinheiro para manter a igreja. Queremos nos esforçar junto com as pessoas para aprendermos sobre generosidade. O dinheiro de cada um pode ser investido onde bem entender e incentivamos que elas o usem sempre com consciência e pensando no amor ao próximo”, explica Kleber. Segundo os líderes, praticamente tudo que a igreja possui foi adquirido por meio de doação. E improvisar é imprescindível. O “púlpito” são apenas duas caixas de maçã, sobrepostas. Na porta, garrafas de água mineral ficam ao lado de copinhos descartáveis, canetas e uma placa que incentiva os presentes a anotarem o nome nos copos, diminuindo, assim, o desperdício.
 
 


A preocupação com a sustentabilidade não é a única questão “moderninha” na pauta. A maior parte dos participantes conheceu o movimento através da internet. A maioria possui curso superior e alguns se assumem como nerds. Na rede, a igreja possui site, blog e perfil em redes sociais como Orkut e Twitter. Uma série de vídeos online, com gravações sobre sexualidade e romance, chegou a contabilizar aproximadamente 20.000 acessos, quase cem vezes o número de freqüentadores da igreja. Todos os sermões são gravados e distribuídos gratuitamente em podcasts. Há planos para que em breve seja disponibilizado um álbum de músicas, que poderá ser adquirido gratuitamente, também pela internet. O público da igreja é formado majoritariamente por jovens da chamada geração Y, nascidos entre 1978 até o começo da década de 1990. Apesar disso, Kleber ressalta: “Não fechamos as portas para ninguém. Queremos acolher pessoas idosas e queremos acolher meninos de rua. Queremos caminhar com empresários e com prostitutas. Queremos receber pitboys e também homossexuais. Nossa preocupação realmente é com pessoas imperfeitas, que reconheçam suas limitações. A Augusta é assim, heterogênea. E queremos que aqui também seja um espaço para convivência, um lugar em que sejamos incentivados a vencer preconceitos.”




O futuro

Sobre os planos para o futuro, Kleber explica que a preocupação social está presente nas reuniões da igreja. “Jesus se misturava com as pessoas, interagia com elas e buscava ajudar em suas necessidades. Queremos demonstrar amor para as pessoas da Augusta, principalmente os moradores.” Jota enfatiza: “A igreja só terá alguma relevância quando os cristãos saírem das quatro paredes e agirem socialmente, culturalmente, ali na região. Socialmente, queremos encontrar formas de atingir todas as pessoas que precisam de ajuda ali, mendigos e prostitutas, pessoas que precisam de mais do que simplesmente uma igreja ali. E culturalmente, a gente pode ajudar ou se associar com as pessoas que já estão ali nas baladas, centros culturais e afins”. Perguntado sobre qual é seu grande sonho para a Vineyard Capital, ele não pensa duas vezes. “O término. Não sonho com um grande templo, com muitas pessoas cantando e tal. Não queremos pessoas vindo aqui domingo a pós domingo apenas preocupadas consigo mesmas, sem olhar para o próximo. Deus não quer isso. Ele quer o ser humano, por inteiro, quer todos os seres humanos. Ele não precisa de um templo. Ele deseja habitar em nós.”



Por Daniel Gonçalves de Souza



Vi no http://solomon1.com/a/






segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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Fidelidade por um fio




Serei fiel, Senhor Jesus serei fiel.




Os votos desta canção muito cantada pelos evangélicos precisam ser mais bem definidos. Interessante como nossa compreensão do evangelho foi cada vez mais se estruturando na doutrina e cada vez menos na vida.

Para muitos de nós, ser fiel a Deus é de alguma maneira se encaixar aos textos ou as interpretações bíblicas.



O fiel não é aquele que se encontra amarrado por grossas cordas como as de âncora de navio. É mais parecido com um pássaro que constrói seu ninho, portanto confia sua existência a um frágil galho. O fiel é como o equilibrista na corda bamba, constantemente desafiado pela gravidade, pelo vento e pelo medo da queda. A fidelidade é frágil, e sobrevive em meio às dúvidas. Por outro lado, é extremamente resistente e capaz de sustentar a vida mesmo face à morte.



Quando Jesus convoca aos seus seguidores à fidelidade, não acredito que passava pela sua mente que eles se submetessem a um conjunto doutrinário. Isto seria a própria negação da fé.

Com isto estou querendo chamar a atenção para nossa prática de fidelidade.

Muitos imaginam um cristianismo pronto em todos os seus detalhes, com regras que preenchem todos os fatos da vida e trazem todas as respostas meticulosamente elaboradas. Quer dizer, ser fiel seria participar de uma verdade pétrea, absoluta, imutável e intransigente. Quem não obedecer ao livro, às doutrinas é infiel, e quem desobedecer é desviado.



Ao ver a luta de Jesus contra o legalismo e contra as estruturas religiosas, as quais as pessoas deveriam se subjugar para serem aceitas por Deus, para se sentirem amadas e participarem da comunhão com o Pai Celestial, não é possível acreditar que sua delegação de autoridade para fazermos discípulos no mundo todo, se desse justamente pelo viés daquilo que ele combateu até a morte.



Ao observar o convite de Jesus de que quem quisesse segui-lo deveria tomar a cruz, enfrentar os vendavais da vida, às aflições do mundo, às perseguições religiosas, se sujeitar a uma vida sem ter até mesmo um travesseiro para reclinar a cabeça, não se torna consistente imaginar a possibilidade de se ser fiel a uma estrutura estável, pronta ou de conformismo.



A vida cristã é instável, incerta, mutante e de inconformismos. Pois é uma vida de conversões.

Ser fiel é estar disposto a mudar todos os dias. O convite de Cristo é para uma transformação diária, e, portanto a impossibilidade de absolutizar alguma coisa.



Gosto do teólogo Carlos Mesters quando diz que a grande verdade do evangelho provoca conversão, pois se trata de uma nova vida, que leva a um novo comportamento moral e que na reflexão sobre esta vida descobre-se a doutrina, que registrada produz o livro e celebrada dá surgimento ao culto.



Quer dizer, a verdade cristã não é um livro, o livro é apenas o resultado desta verdade que caminhou na história produzindo vida, transformando vidas. O cristão fiel não é aquele que adota um livro, no caso a Bíblia, mas aquele que anda conforme a vida de Cristo que é transformadora a cada dia. A Bíblia é recebida como o livro que nos introduz ao Cristo.



Eliel Batista
 
 
 
Vi no http://www.elielbatista.com/
 
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Porque sei que vou passar




De repente, sempre de repente, dou de cara com a mais bruta realidade: vou passar. As páginas de meu livro estão se esgotando; os leves estalos de meu relógio, silenciando. A lua não passará por muitos outros eclipses antes de meu sono derradeiro. De dentro, ouço a incessante ladainha: Vou passar, vou passar, vou passar...




Sei que vou passar. Prometo pular da cama na segunda-feira sem a obrigação de mudar o mundo antes que chegue o sábado. Inconformado com roteiros alheios, prometo não apostar corrida com este maldito calendário que, ultimamente, anda tão apressado. Prometo ser mordomo do dia e vigiar para que a existência não desapareça em fatias semanais; que as semanas não se diluam em meses; que os meses não se esfarelem em anos; e que os anos não se acabem em décadas.



Sei que vou passar. Prometo não negar aos meus olhos a deliciosa lembrança da professorinha de matemática de minha adolescência. Mariazinha tentou ensinar-me equações do terceiro grau enquanto meus olhos apaixonados se concentravam na geometria do seu corpo. Prometo remontar aqueles dias quando desconhecia moralismos e tabus religiosos que, depois, assassinaram as minhas paixões adultas.





Sei que vou passar. Prometo recuperar o tempo que desperdicei sem ler. Vou continuar a escolher com apuro os bons escritores. Já aprendi com Machado de Assis a lembrar-me que a hipocrisia social é avassaladora; e que só conseguimos ser honestos sobre a vida se escrevêssemos “Memórias Póstumas”. Graciliano Ramos me ensinou sobre a miséria que condena o pobre a menos que uma cadela – a Baleia de "Vidas Secas". Fernando Pessoa, meu poeta maior, me conduziu à coragem de enfrentar a angústia existencial mesmo quando produz "Desassossego". Com Dostoievski aprendi que um Raskolnikov, ambiguamente assassino e redimido, habita em cada um de nós. Victor Hugo me fez descobrir Cristo na vida de Jean Valjean, o egresso das galés, que ama sem conhecer limites.





Sei que vou passar. Prometo continuar correndo longos quilômetros. Vou continuar a encharcar a camisa de suor por pura diversão. E quando beber água de coco e alongar os músculos doloridos trarei um leve sorriso de contentamento. Hei de manter ares de campeão nas maratonas, São Silvestres e em todas as corridas de rua que participar. Ao pendurar a medalha de participação no peito, vou deixar que um santo orgulho enrubesça o meu rosto.





Sei que vou passar. Prometo contar para os netos as histórias de meus pais. Ao narrar o que vivenciei de um passado que já não existe, transmitirei o legado de nossa família . Quero entregar a eles a carteira de Atleta do Corinthians do papai; meus netos se tornarão os futuros guardiões de uma relíquia sagrada. O poema que minha mãe escreveu em uma tarde triste continuará na parede do meu escritório. Prometo nunca riscar da memória o sorriso melancólico da mulher que me deu colo e peito.





Sei que vou passar. Prometo a brindar o vinho como liturgia divina, que celebra a aliança de amigos. Vou considerar a hora em que a lua tinge o dia de prata como a melhor hora do dia. Prometo ser amigo da noite, vizinho do silêncio e parceiro das madrugadas solitárias.



Sei que vou passar. Prometo ser inteiro no que fizer, amigo fiel, bondoso com o desconhecido e terno na hora dos tropeços dos outros. Vou procurar indignar-me com a injustiça; reverenciar os pacificadores, só eles são chamados filhos de Deus.



Sei que vou passar. Prometo encher a minha aljava com a delicadeza das rosas, a irreverência dos colibris, a folia dos golfinhos, a calma do jabuti, a imponência dos carvalhos e o renascer das marés. Procurarei trazer nos lábios, mesmo diante da grande crueldade, um sorriso sempre a dizer "sou feliz".





Soli Deo Gloria



Vi no http://www.ricardogondim.com.br/
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Será que “Todos os Dias de Nossa Vida” São Planejados ou Estabelecidos por Deus?[1]



Jack Cottrell[2]




QUESTIONAMENTO: Será que todos os dias de nossa vida já foram planejados ou estabelecidos por Deus? Se Deus “estabeleceu” todos os dias de nossas vidas, será que o nosso livre-arbítrio muda isso? Por exemplo, quando um bebê é abortado, será que o aborto muda o que Deus tinha originalmente estabelecido para essa vida? Quando abusamos de nossos próprios corpos (por exemplo, através do tabagismo, bebedeiras, glutonaria, etc.), será que esse comportamento muda o que Ele tinha estabelecido para nós? Ou será que Ele de alguma maneira trabalhou isso em seu plano?








RESPOSTA: É muito comum perceber a crença de que Deus realmente tem um plano estabelecido para a vida de cada indivíduo. Existem duas versões desta ideia. Uma delas é o ponto de vista calvinista, o qual diz que Deus, desde toda a eternidade, já predeterminou (predestinou) “o que quer que venha a acontecer”, incluindo cada detalhe da vida de cada pessoa. Nós não temos escolha real sobre o assunto. Se houver um aborto ou se prejudicarmos a nossa saúde através do fumo ou da glutonaria, isso simplesmente já faz parte do que Deus preordenou que irá acontecer. Esse É o seu “plano estabelecido”.







J. G. Howard diz desta forma: “A Escritura nos ensina que Deus tem um plano pré-determinado para cada vida. É ele que IRÁ ACONTECER. É inevitável, incondicional, imutável, irresistível, abrangente e intencional. É, também, na sua maior parte, imprevisível. Ele inclui tudo – até mesmo o pecado e o sofrimento. Envolve tudo – até mesmo a responsabilidade e as decisões humanas”.[3] Até as pessoas que não são calvinistas por vezes assumem que algo parecido com isso é verdadeiro. É comum ouvirmos coisas como: “Tudo acontece por uma razão”. “Há um propósito para tudo”. Depois que o New Orleans Saints venceu o Super Bowl em 2010, o quarterback vencedor Drew Brees exultou: “Estou me sentindo como se tudo estivesse predestinado a ser como foi”.







Isso simplesmente não é verdadeiro. Deus NÃO predeterminou tudo o que vai acontecer. Ele criou os seres humanos com livre-arbítrio, e nos diz em sua Palavra quais escolhas Ele quer que façamos. Porém, Ele não faz as escolhas por nós; isso iria contra seu objetivo de criar seres com livre-arbítrio em primeiro lugar. Ele não estabelece ou planeja os nossos dias por nós. Via sua vontade permissiva, Ele nos permite fazer nossas próprias escolhas, até mesmo aquelas que vão contra os seus mandamentos e desejos. Por causa de sua onisciência, Deus PRÉ-CONHECE todas as escolhas que faremos com o nosso livre-arbítrio, então Ele pré-planeja suas próprias respostas a essas escolhas; Ele, porém, de forma causal, não nos leva a fazer nada.







Mas Davi não louvou a Deus, enquanto ainda estava no ventre de sua mãe, “os Teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no Teu livro todas estas coisas foram escritas; os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nenhum deles” (Sl 139.16)? Deus não disse de Jeremias: “Antes de Te formar no ventre eu te conheci, e antes de você nascer eu Te consagrei; e Te dei por profeta às nações” (Jr 1.5)? Paulo não testemunhou que Deus o tinha separado, já desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15)? Sim, através de Seu pré-conhecimento e sua intervenção providencial na vida destes homens (veja At 2.23), Deus realmente tinha um plano para eles e um propósito definido e estabelecido para suas vidas. Mas não devemos presumir que o mesmo é verdadeiro para cada vida; não somos autorizados a universalizar essas observações que foram feitas sobre certos indivíduos específicos que Deus preparou para papéis especiais em seu plano redentor.







A segunda versão dessa ideia de que Deus tem um plano estabelecido para a vida de cada pessoa diz que Deus tem um plano ideal todo arquitetado para cada indivíduo, mas Ele nos deixa completamente livres para DESCOBRIR qual o plano ideal e EXECUTÁ-LO por nós mesmos. Isso se aplica às decisões importantes, como a escolha do nosso cônjuge, ou vocação, ou faculdade; alguns pensam que se aplica a cada decisão que tomamos todos os dias, como a escolha do que vestir, o que comer no café da manhã ou qual caminho tomar para o trabalho. Uma vez que Deus não nos diz qual é o seu plano para nós, muitas pessoas conscienciosas se agonizam sobre se fizeram as decisões certas ou têm sido omissas à vontade de Deus sobre alguma coisa em particular.







Embora este não seja um erro tão grave quanto o Calvinismo, ainda é uma postura errada quanto à questão de saber se estamos ou não em conformidade com o “plano estabelecido” por Deus para as nossas vidas. Além dos indivíduos relativamente poucos na história bíblica, os quais Ele escolheu para papéis especiais em seu plano de redenção, Deus realmente não tem um “plano estabelecido” ou “plano ideal”, individual, único e específico para cada pessoa. Ele tem um plano GERAL para todos nós, como revelou em sua Palavra inspirada, a Bíblia. Este plano está contido nos códigos de leis que se aplicam em épocas específicas da história. Seu plano é que cada um de nós seja santo, como Ele é santo (1Pe 1.15-16). Nosso código de leis no Novo Pacto nos diz como realizar isso. Chamamos isso de sua vontade preceptiva, e ela se aplica igualmente a todos. Seu plano geral para todos nós também inclui o desejo de que todos sejam salvos (Mt 23.37; 1Ti 2.4, 2Pe 3.9).







Não obstante Deus QUEIRA que todos nós façamos todas essas coisas, Ele, de forma causal, não nos leva a fazê-las. Ele nos deixa completamente livres com nossa iniciativa de estudar a sua Palavra e descobrir os seus mandamentos e seus desejos para nós, que são os mesmos para todos. Ele também nos deixa completamente livres com nossas escolhas oriundas do livre-arbítrio para conformar ou não as nossas vidas com a sua vontade nesses assuntos.







Mas, e quanto às decisões que não são diretamente abrangidas por sua vontade revelada, como com quem casar ou qual vocação perseguir ou qual carro comprar? Dois comentários satisfazem. Em primeiro lugar, em sua vontade preceptiva revelada nas Escrituras, há PRINCÍPIOS GERAIS que somos obrigados a aplicar, os quais são relevantes para a maioria das decisões que teremos de fazer. Por exemplo, em relação ao casamento, a Palavra de Deus ensina que devemos manter o sexo dentro do casamento, que o casamento é entre um homem e uma mulher, e que cristãos devem casar-se com cristãos. Sobre o que cozinhar para o jantar, a Palavra de Deus ensina que alguém deve prover para a sua família (1Ti 5.8) e prover o alimento que irá promover a boa saúde e a vida (e, portanto, não quebrar o sexto mandamento).







Meu segundo comentário é este. Embora Deus tenha traçado alguns limites gerais que se aplicam à maioria das questões, enquanto ficamos dentro desses limites, Deus NÃO SE IMPORTA com quais escolhas específicas nós fazemos. Enquanto cumprirmos seus requisitos gerais para as nossas vidas, a maioria das decisões específicas NÃO IMPORTA. Deus não tem nenhuma “vontade definida” ou “plano estabelecido” para a pessoa específica com quem nós devemos casar, por exemplo. Enquanto ficamos sob a égide dos ensinamentos tais como os mencionados acima, podemos nos casar com quem quisermos (e com quem quiser casar conosco!).







(Para uma discussão mais completa sobre o tema, ver o meu livro, “Deus, o Soberano”, no capítulo sobre “A vontade de Deus”.[4])







Tradução: Cloves Rocha dos Santos







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[1] Nota do tradutor: Este artigo foi publicado por Jack Cottrell no dia 12 de fevereiro de 2010, na sua página do Facebook, na aba NOTES (NOTAS), onde ele, de forma fraterna, responde a várias perguntas relacionadas à vida cristã e também às dificuldades bíblicas por parte daqueles que visitam a sua página e se interessam pela sua opinião nos assuntos abordados.



[2] Nota do tradutor: Jack Warren Cottrell é um autor e teólogo cristão associado às Igrejas Cristãs Independentes/Igrejas de Cristo, as quais fazem parte do Movimento de Restauração Stone-Campbell. Ele tem sido professor de Teologia na Universidade Cristã de Cincinnati desde 1967. Ele é autor de numerosos livros sobre a Doutrina e Teologia Cristã. Jack Cottrell nasceu em Kentucky e foi criado em Stamping Ground, Kentucky. Casou-se com sua esposa, Barbara, em 1958. Cottrell ganhou um Bacharel em Artes (B.A.) da Universidade Cristã de Cincinnati em 1959. Em seguida, ele ganhou um Mestrado em Divindade (Mdiv) do Seminário Teológico de Westminster e o doutorado em Filosofia (PhD) do Seminário Teológico de Princeton. Cottrell retornou à Universidade Cristã de Cincinnati em 1967 como professor de Bíblia e Teologia. Desde então, escreveu mais de 20 livros sobre Doutrina e Teologia Cristã. Os tópicos frequentes abordados por ele incluem a graça, fé, batismo, exatidão bíblica, bem como a natureza de Deus. Ele também já abordou questões como liderança e teologia feminista no Cristianismo. Cottrell tem adicionalmente escrito diversos comentários bíblicos. As visões teológicas de Cottrell são semelhantes à opinião majoritária das Igrejas Cristãs Independentes/Igrejas de Cristo. Ele crê na inerrância da Bíblia. Ele também crê que o batismo por imersão é o momento no qual os pecados individuais são perdoados. Devido à sua formação dentro dos círculos reformados, Jack Cottrell tem sido um crítico convicto do Calvinismo. Cottrell está casado com sua bela esposa Barbara por mais de 50 anos. Eles ministram na Igreja Cristã da cidade de Bright, no estado de Indiana, nos EUA, e vive na cidade de Lawrenceburg, Indiana. Ele e Bárbara têm três filhos e quatro netos (fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_Cottrell)



[3] J. G. Howard, Knowing God’s Will – and Doing It! – Conhecendo a Vontade de Deus – E a Fazendo! (Zondervan, 1976), página 12.



[4] Nota do tradutor: Jack Cottrell, What the Bible Says About God the Ruler – O Que a Bíblia diz Sobre Deus, o Soberano (College Press, 1984; reimpressão, Wipf e Stock, 465 páginas).




Vi no http://www.arminianismo.com/





sexta-feira, 20 de agosto de 2010

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Gerencia do movimento evangélico


Pensado por Roger


Sobre a inquietação e a intenção de Caio Fábio em partir para este tipo de crítica frenética não me cabe julgar. Sei que foi toda passional e típico CF, mas sei também que não foi correta.




Não que eu ache baixaria, não. Acho que ele pode chamar de bundão quem ele quiser, e de fato há muitos bundões por aí a fora, especialmente no meio religioso. São pessoas que não querem mudar o status quo e se beneficiam dele. De certa forma já fomos todos bundões, e Caio Fábio já foi o bundão mor quando estava à frente da AEVB.



Quando a turma conservadora dá chiliques ao ver nomes progressistas ganhando destaque frente à opinião pública nacional, não há nada para se estranhar. Pelo contrário isso é só um respaldo, uma confirmação de que tudo está indo no rumo certo. Mas quando a essas vozes soma-se a de Caio Fábio, fica um ponto de exclamação, ou de interrogação.



Não me cabe julgar se é algum tipo de ressentimento, com as pessoas que lhe “abandonaram” no episódio de sua queda. Paul Freston, por exemplo, questionou sua atitude em demorar em tornar a coisa pública enquanto faturava com seus títulos. Todos sabemos que críticas não faltaram ao fundador da “Fábrica de Esperança”. Caio certa vez debochou (justamente?) de R. Cavalcanti querer buscar sua linhagem episcopal pela história anglicana a dentro. Sem dúvida os colaboradores da Ultimato não foram os melhores colaboradores do caído cacique evangélico brasileiro.



Não me cabe julgar se Caio Fábio foi tomado por algum sentimento tão humano como a inveja, ao ver os holofotes da Globo lançados sobre outros nomes; ou pelo duro golpe de ver outros sendo escolhidos como voz representante do movimento frente à mídia.



O que me cabe é avaliar se o que ele fala é correto ou não, de acordo com meus princípios e valores (que como já disse, não são universais, e quando muito funcionam somente em minha vida).



Pois bem, Caio diz que não há nada de novo no protestantismo brasileiro. Mas o fato, e a reportagem mostram bem, é que há. [Quem quer apostar comigo que o Caio é capaz de apontar “o Caminho” como sendo “a única coisa verdadeiramente nova” no cenário brasileiro?] Ainda que conservadores se contorçam e tentem propor que o elemento novo está do lado do neo-pentecostalismo, o fato é que a reportagem da Época trás de forma pertinente aquilo que a Pós modernidade tem trazido de positivo para a engessada instituição protestante. Ricardo Gouvea salientou bem, todas as instituições sérias se vêem frente a este desafio: achar o seu papel no mundo de hoje, se reinventar frente à nova sociedade que está aí. Claro que isso não significaria abandonar todas as tradições, mas a mudança de paradigma é inevitável. Daí a cautelosa percepção de Gondim ser corretíssima.



“Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”



Isso pra mim significa que não haverá um Caio Fábio, Edir Macedo, Nicodemus, um Kwitz, um Gondim, um Brabo ou um Lou ou quem quer que seja para apontar a trilha a percorrer. As respostas serão construídas pelo rebanho, na prática do dia a dia, pois a igreja não acontece nos domingos nos cultos, nem na internet, ele acontece em casa, na cozinha, no trânsito, nas fábricas, no campo, no escritório, na escola, no dia a dia de cada cristão. Essa é a pós-modernidade na qual pessoas como Caio Fábio ainda não ousaram entrar.




Vi no http://teologia-livre.blogspot.com/
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A inveja caiada



Sobre o recente episódio Caio contra Gondim (via Pavablog) não há muito o que ser dito. Mas muito que se lamentar. Nesse último vídeo Caio Fábio faz um ataque mais direto a um amigo que prezamos, e isso dói.




Nossa reação é tomar partido, fazer piadinhas para diminuir a figura do amazonense - como a do título desta postagem que mistura o nome Caio com a hipocrisia do Cal, é chamá-lo respeitosamente de bundão mor, invejoso e coisas do gênero. Uma outra possibilidade é partirmos para a análise fria de todo o perfil psicológico do cenário verborrégico do cidadão e assim denegrir descordialmente a já arranhada imagem de alguém que já surfou homericamente na crista da onda, até tomar o famigerado caixote e jazer na praia com a boca cheia de areia e algas.



Ao percebermos que nosso desafeto reagiu ao ser chamado de invejoso, supõe-se que ali esteja o ponto fraco, e poderíamos usar a tática de cutucar essa ferida até vê-la sangrar.



É lamentável tudo isso, mas é humano, acontece nas melhores famílias.



No fundo, pensando melhor, essa guerra – a da inveja, do ciúme, do orgulho, das ambições – é uma guerra sem vencedores. Mais do que partidarismo, prevalece contudo um desejo ou um sentimento de justiça. Percebemos que há um ataque gratuito, um dano moral, um abuso. Nasce então o desconforto e a necessidade de punir o mal, o malfeitor, ou no mínimo detê-lo, ridicularizá-lo...



Nesse afã a internet está carregada e até lenta por causa das lutas de gladiadores virtuais. Eu mesmo me coloco vez ou outra no centro da arena para vexame próprio, na ilusão de que ao ver o inimigo caído ensanguentado, poderei bater no peito e ser alvo da admiração de um platéia de dezenas ou quiçá centenas de internautas.



O coração acelera. Os nervos se contorcem. Por que Deus quereria a doçura da vingança só para Ele? Por que caberia ao frouxo e injusto estado o papel de vingador? Até quando esperar? Vencer o mal com o bem seria uma máxima absoluta? Onde estão os limites dessa regra que nos empurra para a covardia com a desculpa de estarmos sendo espirituais?



Por que não admitirmos nossas próprias DÚVIDAS ao invés de encobertá-las? Por que manter uma fachada para reivindicar um papado perdido, vendido por um manjar de lentilhas?



Por que atacar a POESIA, não é ela quem nos liberta do abuso que a razão faz das palavras transportando-nos para a dimensão pura da comunicação?



Mais uma vez, lembro-me do Pequeno Príncipe.



A fala é a fonte dos mal-entendidos.



A atitude de Caio Fábio me revelou: Nem tanto que a fala faça com que uma pessoa deixe de fazer-se entendida a outra; mas muito mais, a fala tem o dom mágico de fazer com que outras pessoas entendam e percebam coisas sobre seu coração, que nem ela mesmo, entende ou perceberia – talvez sim, se tivesse permanecido no silêncio.



Houve um dia em que eu sonhara em ser um pacificador e poder, quem sabe assim, ser chamado filho de Deus. Fracassei um sem número de vezes.



Admiro porém os perseguidos, pois sei que a eles está reservado o Reino dos Céus. Até chego a invejar aqueles que são perseguidos de forma tão efêmera, como via internet. Sei que a dor das pedradas virtuais dói infinitamente menos que a dor das pedras verdadeiras. Não quero dizer com isso que seja café pequeno, o ser perseguido só com palavras, não, constrange, ofende e dói.



Tem muita gente que paga injustamente e sofre danos morais, mas tem gente que pagou com sangue e vida. A estes eu só admiro e, por covardia própria, não chego a invejar.




Vi no http://teologia-livre.blogspot.com/

terça-feira, 10 de agosto de 2010

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O que Deus não vai perguntar...




Deus não vai perguntar que tipo de carro você costumava dirigir... mas vai perguntar quantas pessoas necessitando de ajuda você transportou.




Deus não vai perguntar qual o tamanho da sua casa... mas vai perguntar quantas pessoas você abrigou nela.



Deus não vai fazer perguntas sobre as roupas do seu armário... mas vai perguntar quantas pessoas você ajudou a vestir.



Deus não vai perguntar o montante de seus bens materiais... mas vai perguntar em que medida eles ditaram sua vida.



Deus não vai perguntar qual foi o seu maior salário... mas vai perguntar se você comprometeu o seu caráter para obtê-lo.



Deus não vai perguntar quantas promoções você recebeu... mas vai perguntar de que forma você promoveu os outros.



Deus não vai perguntar qual foi o título do cargo que você ocupava... mas vai perguntar se você desempenhou o seu trabalho com o melhor de suas habilidades.



Deus não vai perguntar quantos amigos você teve... mas vai perguntar para quantas pessoas você foi amigo.



Deus não vai perguntar o que você fez para proteger seus direitos... mas vai perguntar o que você fez para garantir os direitos dos outros.



Deus não vai perguntar em que bairro você morou... mas vai perguntar como você tratou seus vizinhos.



Deus não vai perguntar quantos diplomas você conquistou... mas vai perguntar como você usou seu conhecimento para o bem comum.



Deus não vai perguntar quantos hectares tinha sua propriedade... mas vai perguntar se você ajudou a proteger o meio-ambiente.



Deus não vai perguntar quantas pessoas você atraiu para a igreja... mas vai perguntar como você influenciou o Mundo à sua volta.



Deus não vai perguntar que herança você deixou para seus filhos... mas vai perguntar que legado deixou para as próximas gerações.



E eu me pergunto:



Que tipo de respostas terei para dar?



Talvez Ele nem faça pergunta alguma. Bastaria Seu olhar prescrutante para que todas essas perguntas nos viessem à mente num abrir e piscar de olhos.



E você, está pronto pra encontrar-se com Deus?



Postado por Hermes C. Fernandes



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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

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Quando é possível ouvir a voz de Deus.



Tem umas coisas na vida que começamos a fazer apenas para superar os próprios limites e com isso obter satisfação pessoal. Eu coloquei na cabeça que vou correr uma maratona. Tive inspiração num dos meus mentores, Ricardo Gondim, que já correu várias maratonas e serviu-me de exemplo. É algo meio insano, correr 42 km e 195 metros é agressivo ao corpo, antinatural até. Mas é uma superação.




Quando comecei a correr, há uns dois anos e meio, quase morri ao completar dois quilômetros. Pensei que jamais correria a “9 de julho”, de 10 km. Insisti nos treinos e, no ano passado completei a corrida do aniversário de Boa Vista. Inscrito para uma maratona que vai acontecer em outubro deste ano, comecei um treino mais sério, auxiliado por um especialista. De quando em quando temos que fazer um longão, treinos de longa distância, no jargão dos maratonistas.



Dia desses, eu e o meu treinador colocamos como alvo a distância de 25 km. Seria a primeira vez que completaria tal percurso. Para tanto é necessário que haja hidratação, o corpo perde muito líquido através da transpiração e a reposição é imprescindível. Chamei dois amigos para acompanharem a corrida de bicicleta e levarem a água para mim e meu treinador. Foram o Felipe e o Kyldery, dois jovens que freqüentam a mesma igreja que eu. A gentileza deles fez toda a diferença, e não só pela água, como vou deixar mais claro logo adiante.



Há algum tempo descobri que nossas experiências com Deus, perceber Sua presença, ouvir Sua voz, não acontecem só nos ambientes religiosos. Aliás, as epifanias, essas percepções de Deus, acontecem mesmo no cotidiano, na vida real, fora dos momentos e rituais religiosos. Pois tive uma dessas epifanias naquele domingo de manhã, enquanto corria. Eu ouvi a voz de Deus.



Quando cheguei na altura do 21º km eu já estava além dos meus atuais limites. A respiração estava bem, mas minhas pernas doíam muito, estavam pesadas e as articulações latejavam. Para completar, peguei uma avenida em que o vento estava contrário. Parece ridículo dizer isso, mas a essa altura ter um vento contrário faz sim diferença, você tem que fazer um esforço adicional, quando o corpo já está cansado.



Lá estavam o Felipe e o Kyldery me esperando para entregar a garrafinha d’água. Meu treinador, mais rápido e mais resistente, já tinha saído do meu campo de visão. Como não estava com sede, pedi que os meninos me encontrassem na próxima rotatória. Foi quando o Felipe perguntou como eu estava. Gritei que o corpo doía todo e que o vento ainda estava atrapalhando. Ele respondeu: “É assim mesmo, afinal são 25 km, eu estarei lá na frente te esperando”, depois pegou a bicicleta e foi embora.



Corri os próximos dois quilômetros chorando. Pude perceber que Deus diz exatamente a mesma coisa a nós. Algo como: “a vida é assim mesmo, você tem e terá dores, o vento pode atrapalhar, mas isso faz parte da vida. Só não esqueça que eu estarei por aqui, estarei logo ali na frente te esperando”. A certeza que nos move não é a de que Ele vai nos livrar das dores, mas que estará ao nosso lado. É isso que nos renova as forças para prosseguirmos na maratona da vida.



A voz do Felipe, naquela manhã, foi para mim como a voz de Deus.




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Igreja boa não é a que ajunta, mas a que espalha.



Nós temos uma vontade muito grande de que as pessoas nos sigam, de que possamos ser influentes. O Twitter é um exemplo claro disso. Tem prestígio quem tem muitos followers (seguidores). Assim também no Orkut, Facebook e outras redes sociais na internet, quem tem muitos amigos adicionados no seu perfil tem prestígio.




Da mesma forma, uma grande organização comercial sempre vai alardear quantas filiais possui, quantos empregados trabalham nela, quantos clientes tem, qual o faturamento da empresa, etc. Isso traz prestígio, se os números foram grandes, claro.



No mundo religioso, em especial no Ocidente, não parece ser diferente. Já virou motivo de piada os números “evangelásticos” de alguns movimentos. O evento reuniu 200 mil pessoas, mas a organização diz que foram um milhão de pessoas. E assim sempre.



Já se perdeu a conta de quantos livros já foram escritos para ensinar como fazer a igreja crescer. São livros que vendem como água, porque pretensamente “ensinam”, em poucos passos, como fazer a igreja local crescer e como tornar os membros da igreja fiéis. Em outras palavras, como fidelizá-los para que eles não saiam daquela igreja e ainda estejam sempre dispostos a fazer o que líder mandar.



Depois se diz que tal movimento realmente é de Deus porque cresce muito e as pessoas aderem a ele fervorosamente. É preciso ter cuidado ao dizer que o fato de muitas pessoas aderirem a um movimento o torna legítimo. O Nazismo contava com a adesão fervorosa de milhões e pessoas. E era o Nazismo.



O tamanho não legitima nada. Apenas dá poder ao movimento, à organização, seja lá o que for. Igreja, partido político, organizações comerciais, ou mesmo organizações criminosas, o que for, sempre que houver muita gente, esse grupo será poderoso, mas isso não quer dizer que as ações dessa organização sejam legítimas.



É evidente que eu sou um fervoroso defensor de que a igreja tem mesmo que crescer e ser frequentada. Ela é a comunidade dos seguidores de Jesus, e nas suas reuniões há, ou deveria haver, estímulo, oração comunitária, louvor comunitário, ajuda mútua e isso é muito bom. Aprendemos juntos sobre a palavra de Deus e aprendemos uns com os outros a viver essa palavra. Isso é muito desejável.



Mas ter uma igreja com muitas pessoas não é um fim em si mesmo. É uma oportunidade para dizer às pessoas que, ao saírem das reuniões da igreja, elas devem ser verdadeiros discípulos de Jesus indo pelo mundo, não apenas ficando na igreja, mas saindo dela e sendo realmente sal e luz num mundo que carece de um reflexo de Jesus.



Por diversas vezes, Jesus disse vem. Assim foi com seus discípulos, que depois formaram o grupo de apóstolos e para tantos outros. Mas, mais do que dizer “vem”, Jesus disse “vai”. Sim, há mais ordens de Jesus dizendo “vai”, do que dizendo “vem”. Ele não estava tão interessado em ter muitos seguidores, mas sim em que as pessoas que tivessem se encontrado com ele fossem embora, agora vivendo suas vidas de modo diferente, amando a Deus e às pessoas.



Penso que, em vez de querermos que a igreja seja composta de uma multidão que apenas se reúne, temos que desejar que a igreja seja uma multidão que se espalha e, por onde passa, reflete a pessoa de Jesus Cristo.




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O mundo conspira contra mim. Será?



Temos a mania de transferir para os outros a razão de nossas frustrações. É mais fácil, menos doloroso, dizer que alguém é responsável por nossas agruras, do que encarar a realidade e enfrentar os desafios propostos pela vida.




Uma vez, quando Jesus encontrou um homem que já fazia 38 anos que estava paralítico, perguntou se ele queria ficar curado. O homem, que estava à beira do tanque de Betesda, onde qualquer um que ali entrasse após um movimento periódico das águas ficaria curado de qualquer enfermidade (era o que se acreditava), não disse que sim. Disse apenas que não tinha ninguém que o ajudasse a ir para o tanque quando as águas se moviam. Transferiu para outros a causa da frustração que ele tinha.



Nós fazemos isso o tempo todo. No caso do paralítico de Betesda, é como se ele dissesse: “a culpa por eu estar aqui é dos outros, que não me ajudam”. E talvez fosse mesmo. Com certeza os outros estavam sendo egoístas e não ajudavam aquele homem.



Sejamos francos, a vida é, às vezes, muito cruel. E as pessoas são, muitas vezes, muito egoístas. O problema está em ficar a vida toda se lamentado disso. Ficar se lamuriando, se lamentando e posando de vítima de uma conspiração das pessoas contra você não vai resolver nada. É preciso reconhecer, também, que boa parte dos nossos reveses é causada por nossas próprias decisões mal tomadas.



Isso é o que Henri Nouwen chama de “complexo do ferido”, quando a pessoa passa o tempo todo se queixando daqueles que o feriram, que não o ajudaram, que o abandonaram. Esse autor, um cristão admirável, escreveu que as pessoas que nós mais amamos, aquelas que nos rodeiam, em algum momento vão nos machucar. Elas são humanas. Assim, em vez de ficar se lamentando continuamente, é preciso compreender que os relacionamentos por vezes nos frustram e até nos machucam e perceber a segurança que há no relacionamento com Deus, e receber o Seu abraço.



Ficar envolto em queixumes pode nos levar à paralisia. Ficamos paralisados em nossa vida, seja pela raiva, pelo ressentimento, pela mágoa, pelo desânimo, pela frustração. Falta-nos a coragem para perdoar quem nos feriu. Falta-nos ânimo para tomar as rédeas da nossa vida e prosseguir. Somos tomados pela letargia.



A resposta de Jesus para aquele paralítico queixoso foi incisiva: “levante-se, tome sua cama e anda!”.



Acredito que para aqueles que estão também paralisados por suas queixas e lamúrias diante da vida, revoltados com tudo e com todos, sempre lançando a culpa de seus fracassos nos outros, a palavra de Jesus é a mesma: “levante-se, toma a sua vida e prossiga!”. Às vezes é necessário levar um chacoalhão desses para acordar e se levantar. É preciso encarar os fatos, levantar a cabeça, tomar as rédeas da vida, como uma pessoa adulta, e avançar, prosseguir. Ficar fazendo manha como uma eterna criança não vai resolver. Penso que Deus nos quer maduros em nossa fé e capazes de enfrentar a vida, com todas as suas vicissitudes.




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Tão cristãos, mas tão diferentes de Cristo.



É de Gandhi a famosa frase: “Eu gosto do seu Cristo… mas não de seus cristãos. Seus cristãos são tão diferentes de seu cristo”. Para completar seu pensamento, aquele que foi indicado cinco vezes ao Prêmio Nobel da Paz acrescentou: “Estou seguro de que se ele vivesse agora entre os homens, abençoaria a vida de muitos que talvez jamais tenham ouvido sequer seu nome”.




Gandhi estava absolutamente certo em relação à sua percepção do cristianismo. Boa parte dos cristãos não se parece nada com Cristo. O que é lamentável, porque o desejo de Jesus é que seguíssemos suas pisadas. Ele mesmo disse que deveríamos fazer nós também o que ele havia feito: servir, amar, promover a justiça e a paz. Quando, na forma de servo, lavou os pés dos discípulos, ele disse que tinha feito para eles assim também fizessem a outros.



Jesus deu grande ênfase na proposta de que fossemos um com ele, assim como ele era um com o Pai. Tivéssemos unidade, identidade, semelhança. Esse é o propósito final na obra de Cristo, o sonho de Deus para nós, que sejamos semelhantes a ele. Filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs de Jesus, nosso irmão mais velho.



Ser semelhante a Jesus é amar a Deus com todas as suas forças, com todo o entendimento e de todo o coração. E ao próximo como a si mesmo. E o próximo é mulher, homem, preto, branco, rico, pobre, índio, não índio, heterossexual, homossexual, religioso, ateu. Todos devem ser amados, sem discriminação.



Se todos amassem ao próximo como a si mesmos, o paraíso seria estabelecido na terra. Seria feita a vontade de Deus assim na terra como no céu. O Reino de Deus já estaria estabelecido. Porque esse é o amor absoluto, como diz François Varillon, com que Deus nos amou e nos ama, a ponto de morrer por nós. Eu não teria coragem de morrer por outros, talvez por algumas pessoas mais próximas, mas não por um desconhecido. Mas Deus, em Jesus, assim nos amou.



Como o bom samaritano, preciso aprender a amar e ajudar o pobre à beira do caminho, o vizinho necessitado, o familiar desassistido, o irmão que sofre. Esse amor tem se revestir de concretude para que eu vista o nu, dê comida ao faminto, água ao sedento, visite o preso e o doente, acolha o estrangeiro.



Ser semelhante a Cristo é abraçá-lo, olhar para ele e dizer: “quero ser como você quando crescer. Sei que não sou o que deveria ser, mas quero ser como você”.



Diante de tudo isso, só me resta concordar com Gandhi. Os cristãos somos muito diferentes do nosso Cristo. Eu, de minha parte, estou tentando e desejando muito ser parecido com ele. Estou tentando.



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Seria Deus um condenador?



Seria Deus um condenador? Seria Deus uma divindade que sente prazer em trazer seus filhos junto a si pelo medo da condenação? Quantas pessoas já encontrei que disseram estar longe da igreja ou do evangelho porque não suportaram a imposição de comportamentos religiosos com base na coerção, na ameaça, no medo. Vítimas de palavras como: “Deus vai te castigar”! “Deus vai cobrar de você”! “Deus está vendo tudo, cuidado com Ele”! “Deus vai pesar a mão sobre você”! (essa é a pior, porque isso nos esmagaria totalmente).




Há uma geração de crentes que foram criados numa cultura de medo, ouvindo na Escola Dominical “cuidado mãozinha o que pega, cuidado olhinho o que vê, cuidado pezinho onde pisa, o nosso Pai do céu está olhando pra você, cuidado mãozinha o que pega”. Imagine o terror imposto a uma criança de cinco anos, ouvindo isso.



Então criamos, no nosso imaginário, esse Deus que gosta mesmo é de impor o medo. De ameaçar sempre com um inferno dantesco. Um inferno que é um rio caudaloso de lava vulcânica, um horror de gritos horripilantes, um suplício indizível. O Deus que forjamos em nossa mente é esse que está sempre apontando para a porta desse inferno e dizendo: “Cuidado! Olha o que te espera”!



Fico tentando encontrar esse Deus que impõe o medo dessa forma na pessoa de Jesus e não o encontro. Encontro um Deus amoroso ao extremo. Firme, enérgico e até irado, mas cuja principal missão é salvar, não condenar. Seu desejo é aproximar pelo amor e não pelo medo. Li outro dia uma frase com a qual concordo: “Um Deus que se alimenta dos meus medos, não me serve”.



Deus não é um condenador. O mundo é que é. O mundo trata seus habitantes de mundo implacável. Sempre. Não há misericórdia no sistema contemporâneo. Deixe de pagar uma conta por exemplo. Todos os meios serão utilizados para que pague até o último centavo. Não há misericórdia, compaixão ou graça.



Deus não é um condenador. A religião é que é. Sempre fustigando as pessoas pelo medo. Um jeito fácil de conseguir manipular as massas.



Deus não é um condenador. Você é que é. Quando se condena a viver uma vida sem crer na graça e sem vivenciar um amor incondicional, gratuito e que não exige desempenho.



Deus é um salvador. Jesus veio para salvar e não para condenar. No dizer de John Stott, “o crucificado é o Deus por mim”, porque me dá a certeza de que não estou só nesse mundo de dores. Porque num mundo egoísta, ele é a prova de que existe amor altruísta levado às últimas conseqüências, sou amado de graça. É, também, a prova de que a vida prevalecerá afinal, porque após três dias na sepultura a vida ressurgiu e prevaleceu sobre a morte. Sim, Deus é um salvador.



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Vendilhões da própria alma



Eu tento imaginar a cara de espanto dos freqüentadores do templo, quando viram um ilustre desconhecido virando as mesas dos cambistas, que afinal de contas estavam ali fazendo seu trabalho, e descendo o chicote nos vendilhões que pululavam nos acessos ao lugar mais sagrado para o judaísmo. Espalhou tudo o que era vendido, esparramou o dinheiro no chão e deu uma bronca: “Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado!” Jesus virou a mesa, literalmente, quando encontrou no templo de Jerusalém um verdadeiro comércio que se aproveitava do sagrado para lucrar.




No decorrer de toda a história do cristianismo, por diversas vezes, a igreja fez exatamente aquilo que seu Senhor reprovou: comércio do sagrado. Desde a constantinização da igreja no século IV, já houve comércio de quase tudo, relíquias, perdão de pecados (as famosas indulgências), lugar no céu, títulos eclesiásticos e outras quinquilharias.



Nestes dias mais recentes, há um reavivamento do comércio da fé, com líderes extorquindo fiéis em troca de milagres, comercializando o voto dos fiéis, vendendo, ou doando em troca de uma oferta, rosas ungidas, óleo de Israel, água do Jordão, areia no Sinai, e uma lista sem fim de mercadorias.



O templo era o espaço religioso da época, que Jesus bem disse que agora não se limitava mais ao templo, porque os verdadeiros adoradores adoração em espírito e em verdade, independente do local. Então os cambistas de hoje não são aqueles que vendem algo no templo, apenas. Mas qualquer um que se aproveite do sagrado, da (boa) fé das pessoas e lucre com isso, faça comércio disso.



Mas ainda é mais do que isso. Jesus deixa bem claro que o templo é a pessoa. Diz que Deus vem morar no coração da pessoa, sendo este, portanto, o verdadeiro e mais perfeito templo, não feito por mãos humanas. Sendo assim, é bem capaz que estejamos sendo cambistas no nosso templo, no nosso coração.



Será que não estamos negociando aquilo que é, ou deveria ser, sagrado? Será que, como os vendilhões do templo, não estamos profanando o templo de Deus, que é nossa vida? Quando você negocia um valor moral, quando abre mão de uma virtude, quando escolhe o lucro fácil, em lugar de um negócio honesto, você está na mesma posição que aqueles vendilhões. Profanando o que deveria ser sagrado.



Deus habita em seu coração. Mas será que não há cambistas demais nele? Quanto você tem negligenciado aquilo que realmente deveria alimentar seu coração, suas emoções, por conta de uma busca desenfreada pelo prazer instantâneo e fugaz? Imagine as vezes que você deixou de estar com quem realmente gosta de você, só pra fazer média com quem não te dá a mínima e apenas vê em você alguém útil? Quantas vezes você esteve a ponto de explodir por causa de tantas cobranças, tantas expectativas com relação a você, quando você poderia tão-somente descansar num Deus que é Pai? Vendilhões, cambistas que lhe roubam a alma.



Chega uma hora que você precisa virar a mesa e fazer uma faxina no seu templo, seu coração. Ele é um solo sagrado. Deus habita nele. Faça isso para seu próprio bem.




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Se creio em milagres?



Acho legítimo questionar a razão pela qual Jesus fez alguns milagres, que ficaram eternizados através da palavra escrita, nos Evangelhos. Sim, porque aqueles milagres não foram uma intervenção definitiva para exterminar determinado mal. Por exemplo, quando Jesus curou o cego de Jericó, ele não acabou com a cegueira no mundo, só serviu mesmo para aquele homem. Mas havia algum propósito maior em fazer aquele milagre para que aquela informação chegasse até nós? Acredito que sim. Penso que os milagres que Jesus realizou aqui na terra apontam para verdades de seu ministério messiânico.




Quando ele curou alguns da cegueira, ele apontava que estava possibilitando a cura da cegueira espiritual e existencial. Das trevas do distanciamento de Deus, agora as pessoas, todas as pessoas, poderiam ver a luz, manifestada através de sua vida, encarnação do Verbo, Deus feito homem.



Não entendo que Jesus fez tais sinais para que as pessoas cressem nele. Ao contrário ele demonstrou insatisfação ao dizer que as multidões o seguiam por causa do que ele podia fazer e não exatamente por conta de sua mensagem. Ele bem sabia o que se passava no coração das pessoas. Os milagres não seriam suficientes para consolidar a fé de ninguém. Tanto é que ele foi abandonado por quase todos durante sua paixão.



Jesus disse que faríamos obras maiores do que as que ele fez. Com base nisso alguns televangelistas dizem que fazem mais milagres do que Jesus fez, pelo menos é essa a propaganda. Mas não posso concordar que seja assim, da forma grotesca como se mostram nos programas religiosos televisivos. Sim, obras maiores já acontecem. Um médico oftalmologista, hoje, pode dar vista a muito mais pessoas do que Jesus, em sua época, por causa da benção da medicina. Surdos podem ouvir com um simples aparelho. Outros conseguem “ouvir” pelas mãos de dedicadas pessoas através de Libras. Pessoas condenadas à morte voltam à vida por conta de avanços da medicina. Chegará o dia em que paralíticos serão curados, o câncer, a AIDS e outras doenças serão curáveis. Essas são as obras maiores que as de Jesus.



E há alguns milagres que são quase uma ordem de Jesus para fazermos o mesmo. O caso da multiplicação de pães é uma indicação clara de que nós temos que erradicar a fome no mundo através do compartilhamento. Sim, nós podemos fazer isso, o mundo pode fazer isso, mas não o faz. Um milagre possível, porém que a humanidade se nega a fazer. Já reparou que aqueles senhores milagreiros da TV fazem um monte de milagres que dependem da pessoa que os recebe? Uma dor de cabeça que passa, um “caroço” que desaparece. Mas eles nunca fizeram um desses milagres de multiplicação de pães. Se é pra fazer igual Jesus então tinha que multiplicar pães e transformar água em vinho também. Mas isso dependeria da fé deles e não do fiel, então seria outra estória…



Prefiro ficar com o caráter messiânico dos milagres de Jesus que apontam sempre para outras realidades, muito superiores à necessidade imediata. Jesus não transformou água em vinho em Caná, apenas para que os convivas ficassem “encharcados”, mas para apontar que ele estava trazendo para esse mundo, através de sua vida, uma mensagem cheia de Graça e alegria em lugar da sensaboria de uma religião que não proporcionava um relacionamento verdadeiro com Deus. E a vida de Jesus é o maior milagre do universo. Nisso eu creio.




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O fim dos sermões



Há um limite para a convivência das expectativas da multidão e a linguagem lúdica de um sonhador. Pode se manter muita gente por perto, bastante tempo, contando histórias. Respondendo com novas e escorregadias perguntas, distraindo com meias palavras, usando as mesmas figuras para indicar outras imagens. O Reino de Deus, invisível. Fermento para o bolo. Um grão de mostarda. A luz no candeeiro. O sal. Um casamento surpreendente. Outra coisa com as mesmas palavras. Parábolas que postergam os julgamentos, que iludem a ilusão (Kierkegaard).




Mas há um ponto de fervura em toda esperança adiada. Um prazo estreito para o encantamento popular, quando a violência adormecida de todos acorda. Parece que é o que está acontecendo. Ninguém pede mais sinais. Nenhuma nova pergunta é feita e sequer mais uma história é tolerada. Antes, cercado por demandas, agora, rodeado por suspeitas.



Se o apetite por poder não é saciado, aquele que a todos distraiu, de quem nunca se deixou de esperar a mais vulgar e velada satisfação, deve ser consumido nas aspirações desapontadas da turba. Se Jesus não é o Cristo que se reivindica, Barrabás.



Um ídolo não tem o direito de não ser.



Não dá para não trair alguém que tinha tudo para ser o que todos esperavam. Não dá para não repudiar aquele com quem se decepcionou nas mais doces fantasias. Não dá para não condenar aquele que não consentiu com mais uma ilusão.



Um ídolo não tem o direito de se mover.



Todo líder é constituído em um jogo erótico. E toda intriga é uma pornografia. Ninguém toca no assunto, mas todos esperam secretamente que ele seja o que ninguém consegue ser. Este é o segredo que excita os ajuntamentos. Mas, se alguém acende a luz e frustra o fetiche coletivo, retomam-se as sombras, agora para destruir. Odeia-se quem não se deixou amar com máscara. Este é o segredo que perpetua as taras para os próximos ajuntamentos.



Por isso o insinuante beijo de Judas virá. Estalará como um tapa, cheio de um estranho sadismo. A primeira e mais ardida bofetada que o Filho do homem terá recebido.



As palavras de Jesus estão gastas. O prazo se esgotou. Tudo o que diz, desde então nada fala. As multidões atraídas por ele, agora o repelem. Resta o lugar de poucos, o espaço dos amigos. Quem sabe? Jesus se faz anfitrião e põe a mesa. Oferece pão, ainda que ninguém aparente chegar à saciedade. Enche as taças, que insistem em parecer vazias. Cheios estão os corações, mas de diabos. Sente-se sozinho também em casa.



O limite das palavras é um convite para os gestos de amor.



As palavras, amordaçadas, descobrem que o amor se expressa a despeito delas. Silenciosamente, Jesus encena o último sermão antes da cruz. Despe-se da capa para ocupar o lugar discretíssimo do servo. O mestre lava os pés dos discípulos. As mãos de um Deus calado conversam com os pés trôpegos da humanidade.



Nunca se olhou tanto para baixo como no dia em que Deus ficou de cócoras. Quem quisesse olhar para o céu a procura de Deus teria que vê-lo refletido nas águas turvas da bacia sobre o chão. E os pés sujos e vacilantes da humanidade, finalmente, imersos no céu gracioso de Deus.



Por um instante, vendo-o prostrado, alguém entre os discípulos, muito constrangido, se lembrou do que ouviu do próprio Jesus. Que um diabo, em um deserto, tentou fazê-lo se prostrar por poder e fama e ele recusou. Assustado, chegou a pensar: não se prostrou diante da fama para ser ouvido, mas se curvou diante de pessoas para amar… E teve medo do futuro. Do que teria que fazer com todos os seus planos.



Elienai Cabral Junior



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O que é ser cristão.



Esse tópico já foi muito explorado e há vários textos, pregações e livros muito bons a respeito. Não acredito que nada do que eu vá escrever já não tenha sido escrito ou pregado, mas me sinto na obrigação de desenvolver o assunto um pouco também, afinal, é sempre bom nos forçar a lembrar daquilo que nunca deve ser esquecido, e saiba, é sempre importante ter bem claro em nossas mentes o que é a identidade cristã; o que é ser filho de Deus e no que isso implica.




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Saber definir e reconhecer o que é um cristão; o que é ser filho de Deus é uma das coisas mais importantes para essa nossa geração. Se andarmos pela cidade perguntando a todos que encontrarmos na rua se eles se consideram filhos de Deus ou não, creio que 99% responderá que sim; que é filho de Deus. Mas se isso for verdade, então Cristo mentiu. Se todos aqueles que se dizem cristãos são de fato cristãos, então Jesus mentiu para nós. De acordo com a Bíblia nem todos são filhos de Deus. Somos todos criaturas de Deus, mas filhos, só aqueles que reconheceram Jesus, o Cristo, como Salvador e único caminho. Pode parecer um tanto quanto chocante falar isso, mas é biblicamente incorreto dizer que todos são filhos de Deus. Isso deixou de ser verdade no jardim do Éden, lá, quando caímos, deixamos de ser filhos, e agora para nos tornarmos filhos novamente precisamos ser adotados. (Leia a parábola do filho pródigo que Jesus contou, Lucas 15.11-32. Nós somos o filho que não queria mais ser filho; que foi comer com os porcos, e depois que percebeu que estava no buraco, se arrependeu, voltou para casa e foi refeito filho. De acordo com a parábola, a condição para se tornar filho é o arrependimento e fé).



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Portanto acho justo ter este texto em meio de tantos outros nesse blog: O que é ser cristão.



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Antes de entrar na questão do que é ser cristão, gostaria de dizer o que não é ser cristão.



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(1) Ser cristão não é acreditar que Deus existe. Você pode perfeitamente acreditar que Ele existe e ainda assim não ser filho dEle. Crer na existência de Deus não nos garante nada com respeito à salvação. Está escrito: “Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem”. Você pode crer que Deus é um só; que o Seu Filho é o Salvador e que Deus é uma trindade, mas nada disso o concederá o perdão divino. De acordo com o versículo citado, os demônios sabem disso tudo, mas não há salvação oferecida a eles. Acreditar que Deus existe não muda nada. Pois me diga, acreditar que os médicos existem e podem curar as suas doenças, cura a sua doença? Claro que não! Saber o nome do médico e onde ele trabalha não cura ninguém, se você não for até lá e pedir ajuda você continuará doente.



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Por favor, não se engane, crer e defender a posição teísta (que diz que Deus existe) não é o suficiente. Da mesma forma que saber onde o médico trabalha não cura a sua doença, assim também saber que Deus existe não faz de você “uma nova criatura”; um “filho de Deus”.



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(2) Ser cristão não é ser simpatizante do Evangelho ou profundo admirador de Jesus. Isso não basta também. Você pode achar a mensagem de Cristo linda, sua filosofia de vida perfeita, o seu caminho bom e as suas palavras construtivas, mas isso não basta! Tiago escreveu: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência”.



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Aquele que apenas ouve; admira a palavra de Deus, é como um homem que fica se olhando no espelho e se admirando; acha tudo muito bonito, fica muito encantado com o que vê mas não faz nada, e logo que vira o rosto esquece como era a sua imagem. Quem contempla a palavra de Deus; admira o Evangelho; acha a mensagem de Cristo bonita e não a pratica é assim, como um homem que gosta do que vê, mas não conhece a essência do que está vendo. É como um homem que acha a capa de um livro maravilhosa, mas nunca abre o livro para lê-lo, e assim perde os benefícios do seu conteúdo. Não adianta achar as palavras de Cristo bonitas, é preciso praticá-las!



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Também mão adianta ser admirador de Jesus, é preciso conhecê-lo e se relacionar com Ele (afinal, lembre-se de que Ele ressuscitou; Ele vive). Uso do mesmo exemplo que usei antes, o do médico: se você estiver doente, não basta admirar o trabalho do médico, deve se marcar uma consulta, escutar o diagnóstico, comprar os remédios e seguir com o tratamento, de outra forma você nunca será curado.



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Você pode achar que Jesus foi o homem perfeito, o exemplo a ser imitado, o ensino que deve ser praticado, mas se você não “amá-lo, confessá-lo como Senhor e Salvador” e “se relacionar com Ele” pela oração; se você não deixar Ele trabalhar no seu coração e te libertar das suas paixões, então de nada vale a sua fé para a salvação.



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Você pode dizer que conhece Jesus Cristo, mas se Ele não te conhecer, então é inútil a sua fé. Cito novamente o exemplo do pregador Paul Washer sobre o assunto: “Você pode chegar nos portões da casa branca e dizer aos seguranças que conhece o presidente, mas se o presidente não vier até o portão e dizer que te conhece, você não entrará de maneira alguma! O que importa não é você dizer que conhece o presidente, mas é ele dizer que conhece você!”. E de fato, é assim que está escrito, Cristo dirá aos que serão rejeitados: “Nunca vos conheci, apartai-vos de mim!” (Mateus 7.23).



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Então a questão toda não é dizer que conhece Jesus nem mesmo ser seu admirador; a questão aqui é conhecer e ser conhecido por Jesus. A única forma de isso acontecer é gastando tempo em oração e devoção com Ele; é apresentar-se a Ele diariamente e constantemente; é levar os seus pensamentos e vontades a Ele em todos os tempos; é, resumindo, viver com Ele, para Ele e por Ele, em arrependimento, humildade e amor. Portanto, ser cristão não é admirar Jesus, é ser conhecido por Ele e relacionar-se com Ele.



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Afinal, lembre-se de que Deus é Pai, e esse Pai quer ter filhos. Filho que não conhece o pai é filho bastardo, e filho bastardo não tem parte na herança nem na comunhão. Deus não tem filhos bastardos, apenas filhos verdadeiros que o amam e o conhecem, e são conhecidos por Ele. Se você não conhece a Deus (Sua vontade, Seu plano, Seu caráter, Suas palavras, etc...) então você ou não é filho, ou é um péssimo filho, e Deus não quer ter maus filhos.



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Filho de verdade ama e conhece o pai; Pai de verdade se relaciona com o filho. Se não for nesses termos, a fé se torna morta; se torna religião; se torna tradição, e disso, o mundo está cheio.



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(3) Ser cristão não é pertencer a uma igreja, muito menos freqüentar um culto de vez em quando. Veja bem, se freqüentar uma igreja é ser cristão, então de acordo com essa lógica, freqüentar uma delegacia me faria um policial, ou ir para um estádio de futebol me faria um jogador. Ora, que exemplos ridículos não? Mas é claro! O exemplo é tão ridículo quanto a afirmação em questão! Você pode dizer “mas é óbvio que nós sabemos que ir para a igreja não nos torna cristãos”, mas se vocês sabem disso, por que agem como se não soubessem? Por que então fora da igreja vocês são uma coisa e dentro outra? O tipo de pessoa que você é enquanto está sentado numa cadeira escutando um sermão, não é o mesmo tipo de pessoa que dá risadas na sala de aula ou no trabalho, é? Se for, que bom (ou que mau). Ser cristão não é freqüentar cultos e encontros.



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Imagine que infeliz seria o seu relacionamento com os seus filhos se eles apenas o visitassem uma, ou duas, no máximo três vezes por semana, com ora marcada, local fixo, repertório ensaiado, conversas decoradas e uma baita hipocrisia. Creio que você seria o pai mais infeliz do mundo, e tentaria de tudo para abrir os olhos do seu filho e lhe dizer o quanto esse tipo de relacionamento está prejudicando os dois. Não se vai à igreja se encontrar com Deus, aliás, não se vai à igreja, se é igreja! Nós somos a igreja; nosso corpo é o templo; nossa vida é o culto; nossas escolhas são os sacrifícios; nossos pensamentos são os louvores! Tudo isso está muito claro e evidente no Novo Testamento.



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Acompanhe: Se (A) a igreja é a casa de Deus, e (B) nós somos o templo onde Deus habita, então (C) Deus habita em nós, e (D) nós somos a igreja. (Leia novamente e tente entender a lógica conclusiva). Se nós somos a igreja, então é errado afirmar que vamos à igreja, mas antes, nos reunimos como igreja e vivemos como igreja. Nós somos a casa de Deus. Está escrito: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós” (1 Cor 6.19), “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.” (João 14.23). Pedro escreveu que “somos pedras vivas”, e juntos formamos “casa espiritual” de Deus, e quando “estamos reunidos em Seu nome, ali no nosso meio Ele estará” e ali será uma igreja. O galpão onde a congregação se reúne é apenas um galpão e nada mais! Não há nada de especial ou de “ungido” no lugar onde se congrega. Está escrito “Deus não habita em templos feitos por mãos de homens”.



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Deus não dorme no galpão da congregação. Deus deixou de morar em lugares fixos desde a cruz, quando o “véu se partiu e o templo rachou no meio”. Não há mais lugares santos, apenas pessoas santificadas, e onde quer que nós, cristãos, formos, ali estará Deus conosco santificando o lugar. “O reino de Deus não é desse mundo”, portanto não tem sede fixa; o reino de Deus, como Cristo falou, “estaria em nós”, e nós o levaríamos para onde fossemos.



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Ou seja, nós somos o lugar onde Deus quer morar; nosso corpo é a casa onde esse Pai quer morar conosco, filhos adotivos! Ele quer fazer parte de nossos relacionamentos e atividades. Deus, sendo Pai, quer estar com seus filhos em todos os lugares e em todas as situações. Se você não pode carregar Deus para onde você vai, reconsidere a sua filiação; repense quem é o seu Pai. “Luz e trevas não habitam juntas”, o Reino de Deus e o reino do príncipe desse mundo não podem estar ao mesmo tempo no mesmo lugar.



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Ser cristão não é ir para a igreja nem freqüentar cultos, mas sim ser igreja e prestar cultos (todos os dias, em todos os tempos, em todos os lugares e de todas as formas).



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(4) ser cristão não é ter uma religião ou fazer parte de uma família religiosa. Fé não é doença hereditária; não passa de pai para filho. Fé também não é sexualmente transmissível; o fato de seu cônjuge ser cristão não o transforma num cristão. Do que importa se o seu pai é católico, ou a sua mãe protestante? A fé deles nada muda a sua condição. Do que importa se o seu cônjuge é filho de Deus? A fé dele não pode salvar a tua alma. Fé não é transmissível biologicamente, fé é decisão individual.



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Deus não forçaria ninguém a entrar no céu, pois ser forçado a morar no céu contra a própria vontade seria um inferno.



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(5) ser cristão não é ser uma boa pessoa. Há vários livros e artigos de ateus intitulados “como ser bom sem Jesus”, ou “não precisamos de Jesus para ser boas pessoas”. Ora, e quem disse que é para isso que precisamos de Jesus? Não há visão mais errada e mais distorcida do Evangelho ou do que Jesus está oferecendo do que esta: que precisamos de Jesus para ser boas pessoas. Jesus não veio à Terra para nos ensinar a ser boas pessoas; Ele não veio simplesmente nos dar um bom exemplo e contar umas historinhas. Quando se diz que “você precisa de Cristo”, não é porque você é mau e precisa ser bom, mas é porque você está em dívida com Deus e não tem como pagar! Você cometeu crimes contra Deus e deve pagar, e é para isso que Cristo veio, “para levar sobre si o nosso castigo” e “pagar o preço do nosso crime”, e não para nos ensinar a sermos bons! Se o seu castigo (que todos nós merecemos) não for jogado nele, será jogado em você!



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Não somos bons (o suficiente). Todos são maus, só não reconhece a sua maldade e os seus desejos maliciosos quem está cego. Humanamente falando, houve, e há muitas pessoas bondosas e amorosas, mas isso no nível humano. No nível divino; de uma forma que comova a Deus, “não há um justo”. Para a justificação ninguém é bom suficiente! Ninguém pode ser bom o suficiente para agradar a Deus com as suas obras ao ponto de ser considerado “justo” por Deus. Se você acha isso possível, tente! Quando você cansar de tentar merecer a sua justiça, peça a Jesus para te justificar! Vai te custar apenas o teu arrependimento e amor!



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Se você pudesse conversar com os homens e mulheres mais nobres do mundo; mais bondosos; mais amorosos, e pedisse a eles “se eles se acham pessoas boas”, você ouviria um “não” enfático. É possível ser amoroso, honesto e bom sem adorar a Cristo. Conheço incrédulos que são assim, mas “Deus não se impressiona com as nossas obras porque ele conhece o nosso coração, e sabe que os nossos desígnios são maus”. Cristo disse no sermão do monte que “aquele que tiver um pensamento impuro, ou uma intenção impura já se condenou”. A intenção e os pensamentos também contam! Diante disso a minha pergunta então é: “Você consegue ser assim bom; assim perfeito? Você acha que você consegue ser bom ao padrão de Deus? Ao ponto de nunca ter nem um pensamento errado nem uma motivação errada?”. Ora, sejamos honestos uns com os outros! É claro que a resposta é não! Quanto maior e mais digno for o homem, mais ele reconhece a sua desgraça e a sua incapacidade.



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Paulo disse que se considerava “o maior de todos os pecadores”; Pedro se considerava “indigno de morrer como Cristo morreu”. João Batista, homem que foi elogiado por Jesus Cristo, disse que “não seria digno de desamarrar as sandálias dos pés de Jesus”. Gandhi não tinha uma imagem muito positiva de si mesmo e se punia. Todos os grandes homens desse mundo se achavam um lixo; indignos de serem aceitos por Deus. Mas se eles achavam isso de si mesmos, o que então diriam de nós, pobres coitados viciados em internet?



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Não se engane a luz não está em você! Nunca esteve! Se estivesse você já teria “sido liberto”! Se a luz estivesse em nós, nós já teríamos dado um jeito de concertar o mundo, e faz mais de 6.000 anos que esse mundo só piora. Quando Deus olha para o mundo Ele vê “que a maldade do homem se multiplica na terra, e que é continuamente mal todo o desígnio do seu coração; Ele se arrepende de ter criado o homem” (Gênesis 6).



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Não se engane você não é bom! Você pode ser simpático, amoroso, paciente; pode possuir muitas virtudes, mas para Deus, você não é bom. Ninguém é! Não existem “pessoas boas” e “pessoas más”, apenas “arrependidas” e “não arrependidas”. Se as nossas obras nos bendizem, os nossos pensamentos e intenções nos condenam. A vida do lado de fora pode ser ajeitada e bem comportada, mas e a vida do lado de dentro? Você deixaria os seus pensamentos e imaginações serem rodados numa tela de cinema para todos os seus amigos assistirem? Pois é! Nem eu! Mas Deus os assiste!



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Não sou um homem bom, mas sou um homem arrependido. Não sou justo, mas sou justificado. Não sou santo, mas sou santificado. Não sou perfeito, mas sou aperfeiçoado. Não mereço entrar no Reino de Deus, mas posso. O espírito de Deus opera todas essas coisas em mim. Eu dou o espaço a Ele, e Ele me transforma.



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Se você se considera uma pessoa boa, não quero contrariá-lo, um dia você vai cansar de crer nos homens, garanto-lhe; um dia você perde a fé em si mesmo. Se você se considera uma pessoa boa, então lhe digo isto: talvez você seja uma pessoa muito boa, amorosa e honrosa, mas nunca será o suficiente para agradar a Deus. Quando você cansar de tentar merecer a sua justificação, peça para Cristo te justificar.



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Você não precisa de Jesus Cristo para ser bom; você precisa dEle porque você nunca será bom suficiente. Portanto ser cristão não é ser uma pessoa boa, é ser uma pessoa arrependida e transformada pelo Espírito de Deus.



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Então em ordem para resumir: Ser cristão (1) não é acreditar que Deus existe, (2) não é ser admirador de Jesus, (3) não é freqüentar uma igreja, (4) não é ter uma religião e (5) não é ser uma pessoa boa.



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Mas então o que é ser cristão? Resumidamente, ser cristão é “amar a Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo seu entendimento e de toda a sua força”. Você ama a Deus dessa forma? Saiba disto: quem ama obedece (pois é assim que está escrito). Você ama a Deus? Então você O obedece por amor e não por obrigação. Está escrito que “feliz é aquele que tem prazer na lei de Deus, e nela pensa dia e noite”. Você encontra prazer em seguir nos caminhos de Deus? Quem ama a Deus espera vê-lo; espera se encontrar com Ele. Você espera isso? Faça essas perguntas; “examine-se para saber se você está na fé; provai-vos a si mesmos”; olhe para dentro do seu coração e se faça esta pergunta: Eu sou filho de Deus? Eu amo o meu Pai?



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Ser cristão é ser filho de Deus, e filho ama o Pai, e por isso, obedece. Filho verdadeiro ama fazer a vontade do Pai, e o Pai se agrada do filho. Se você tenta honrar a Deus com todos os seus pensamentos, com todas as suas ações, com todas as suas palavras e faz isso tudo movido por um grande amor e gratidão ao que Cristo fez por você, então você é filho de Deus!



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Guilherme Adriano




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